Crítica

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7 Prisioneiros: sempre há um peixe maior

11/11/2021

7 Prisioneiros é um filme que mostra, com uma crítica feroz, não apenas as terríveis condições do subemprego no Brasil e a situação de miséria desses trabalhadores explorados, mas também a forma como o sistema corrompe até os melhores corações.

escrito por
Luis Henrique Franco

7 Prisioneiros é um filme que mostra, com uma crítica feroz, não apenas as terríveis condições do subemprego no Brasil e a situação de miséria desses trabalhadores explorados, mas também a forma como o sistema corrompe até os melhores corações.

escrito por
Luis Henrique Franco
11/11/2021

Explorar uma temática social no cinema sempre irá trazer debates. Muitas dessas temáticas são incômodas para a maioria do público, e enfrentá-las pode não ser aquilo que todos tenham em mente quando pensam em assistir a um filme. Ainda assim, essas produções são importantes por trazerem à tona discussões que, muitas vezes, não atingem todas as camadas da população, e assisti-las torna-se essencial para compreendermos problemas reais e nos mobilizarmos contra eles. 7 Prisioneiros promove essa discussão, e é direto o bastante para que sua mensagem não escape a ninguém que o assista.

Na trama, acompanhamos Mateus (Christian Malheiros), que recebe a oportunidade da sua vida de ir trabalhar em São Paulo e garantir melhores condições para sua família do interior. Mas quando chega à cidade grande para trabalhar no ferro-velho do Seu Luca (Rodrigo Santoro), o jovem logo descobre que foi colocado em um regime de trabalho análogo à escravidão, vivendo em condições precárias e recebendo menos que o mínimo para sobreviver ali.

Christian Malheiros como Matheus no filme 7 Prisioneiros.
Créditos: Aline Arruda/Netflix

Nos momentos iniciais do filme, vemos a condição desumana em que Mateus e seus amigos precisam viver. Luca os faz trabalhar além do que eles conseguem suportar, não lhes propicia horários de banho ou cuidados de higiene pessoal, reduz drasticamente seus horários de refeição e não lhes paga por seu trabalho. O primeiro ato do filme é recheado de momentos tensos, nos quais os quatro jovens, liderados por Mateus, entram em conflito direto com o dono do ferro-velho e vão entendendo não só que as condições em que vivem podem piorar muito, mas também que Luca faz parte de um sistema que pode ameaçar não só eles, mas também suas famílias.

O retrato que o filme faz dá ao público uma perspectiva terrível do que ocorre nos chamados subempregos da cidade. Trabalhadores do interior, pessoas pobres e imigrantes ilegais são todos expostos a essas condições, trabalhando muito sem ganhar nada e sem serem capazes de reagir a tudo isso. Sem qualquer apoio em uma cidade que não lhes é familiar, essas pessoas são forçadas a aceitar essas condições e, se não o fizerem, a punição não cai apenas sobre elas. Contudo, essa é uma realidade que quase nunca é vista pela maioria da população, e seu retrato no filme é tão visceral quanto precisa ser para dar ao público a noção da seriedade do que está acontecendo.

Tendo explorado esse problema inicial, porém, 7 Prisioneiros se aprofunda na temática e vai atrás de problemas mais profundos ainda. Em uma tentativa de escapar, Mateus faz um acordo com Luca e começa a trabalhar em uma posição mais privilegiada, supervisionando os demais. Conforme ganha a confiança do patrão, sua posição melhora, e ele logo começa a descobrir que Luca é apenas uma peça menor em um gigantesco sistema que explora esses trabalhadores de diversas maneiras, uma mais terrível que a outra. Nesse sistema, estão listados donos de negócios semelhantes a Luca, mas também comerciantes de vendas maiores, policiais e até mesmo políticos, todos eles usando o sistema em benefício próprio e em detrimento do trabalhador.

Matheus vê o trabalho de uma oficina de tecidos, onde o trabalho de mulheres é explorado.
Créditos: Aline Arruda/Netflix

Que este sistema chega inclusive ao setor político não é muita novidade. O que o filme faz, no entanto, é mostrar não só o quão complexa a situação é, mas também o quão terrível e, ao mesmo tempo, atrativa ela pode ser. Quando começa a negociar com o patrão, não há dúvidas de que Mateus realmente está pensando em seus companheiros e em como libertar a todos. Mas, conforme vai subindo de posição e ganhando novos privilégios, o roteiro do filme começa a, de forma muito inteligente, plantar a dúvida na cabeça do espectador, dando a entender que, lentamente, o rapaz está sendo corrompido. Aquele que deveria ser o herói da história, o bom filho e trabalhador honesto, vai aos poucos se mostrando mais disposto a cometer atrocidades para manter uma posição de vantagem no sistema, mas por mostrar a história a partir do seu ponto de vista, o filme nunca confirma se essa corrupção é verdadeira ou se Mateus está apenas esperando pelo momento certo de agir.

Nesse sentido, as atuações também são espetaculares. A relação entre os personagens de Malheiros e Santoro evolui de uma forma extremamente natural ao longo do filme, retratando a lenta aproximação entre os dois personagens. Santoro entrega um trabalho fenomenal ao retratar um dono de ferro-velho bruto e amargurado, já extremamente experiente no sistema, mas que se reconhece no jovem rapaz e sabe tudo que teve de fazer para chegar aonde chegou. Já Malheiros dá a Mateus uma evolução muito impactante, indo do rapaz que luta contra o patrão e deseja escapar de volta para a família até o jovem que claramente se arrepende de muitos atos, mas que não deixa de cometê-los para se preservar na sua posição.

Rodrigo Santoro como Luca, dono do ferro-velho em 7 Prisioneiros.
Créditos: Aline Arruda/Netflix

Através desses dois personagens, um que já viveu toda essa situação e sabe qual o seu final e outro que está começando a viver e a entender o mundo em que entrou, o filme faz sua maior crítica. Escondido nos pilares da sociedade, jaz um sistema que se construiu para ser essencial ao seu funcionamento, e que por isso é capaz de realizar suas atrocidades a céu aberto e com a conivência de todos. Mais do que isso, é um sistema que corrompe, colocando trabalhadores em uma prisão e em um regime de escravidão que abusa deles até a morte. Aqueles que procuram escapar e obter uma certa liberdade são aqueles que se entregam ao sistema criado e passam a ser elementos para o seu funcionamento. E mesmo para estes a liberdade é restrita, pois eles nunca conseguem escapar da hierarquia, sempre tendo que obedecer ao comando de algum superior.

7 Prisioneiros entrega uma história tensa e alarmante, com uma crítica precisa e feroz sobre a nossa sociedade. É um retrato pouco visto das condições da vida de boa parte da população, e que precisa ser muito mais debatido.

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7 Prisioneiros

7 Prisioneiros

Direção: 
Criação:
Roteirista 1
Roteirista 2
Roteirista 3
Diretor 1
Diretor 2
Diretor 3
Elenco Principal:
Ator 1
Ator 2
Ator 3
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7 Prisioneiros é um filme que mostra, com uma crítica feroz, não apenas as terríveis condições do subemprego no Brasil e a situação de miséria desses trabalhadores explorados, mas também a forma como o sistema corrompe até os melhores corações.

crítica por
Luis Henrique Franco
11/11/2021

Explorar uma temática social no cinema sempre irá trazer debates. Muitas dessas temáticas são incômodas para a maioria do público, e enfrentá-las pode não ser aquilo que todos tenham em mente quando pensam em assistir a um filme. Ainda assim, essas produções são importantes por trazerem à tona discussões que, muitas vezes, não atingem todas as camadas da população, e assisti-las torna-se essencial para compreendermos problemas reais e nos mobilizarmos contra eles. 7 Prisioneiros promove essa discussão, e é direto o bastante para que sua mensagem não escape a ninguém que o assista.

Na trama, acompanhamos Mateus (Christian Malheiros), que recebe a oportunidade da sua vida de ir trabalhar em São Paulo e garantir melhores condições para sua família do interior. Mas quando chega à cidade grande para trabalhar no ferro-velho do Seu Luca (Rodrigo Santoro), o jovem logo descobre que foi colocado em um regime de trabalho análogo à escravidão, vivendo em condições precárias e recebendo menos que o mínimo para sobreviver ali.

Christian Malheiros como Matheus no filme 7 Prisioneiros.
Créditos: Aline Arruda/Netflix

Nos momentos iniciais do filme, vemos a condição desumana em que Mateus e seus amigos precisam viver. Luca os faz trabalhar além do que eles conseguem suportar, não lhes propicia horários de banho ou cuidados de higiene pessoal, reduz drasticamente seus horários de refeição e não lhes paga por seu trabalho. O primeiro ato do filme é recheado de momentos tensos, nos quais os quatro jovens, liderados por Mateus, entram em conflito direto com o dono do ferro-velho e vão entendendo não só que as condições em que vivem podem piorar muito, mas também que Luca faz parte de um sistema que pode ameaçar não só eles, mas também suas famílias.

O retrato que o filme faz dá ao público uma perspectiva terrível do que ocorre nos chamados subempregos da cidade. Trabalhadores do interior, pessoas pobres e imigrantes ilegais são todos expostos a essas condições, trabalhando muito sem ganhar nada e sem serem capazes de reagir a tudo isso. Sem qualquer apoio em uma cidade que não lhes é familiar, essas pessoas são forçadas a aceitar essas condições e, se não o fizerem, a punição não cai apenas sobre elas. Contudo, essa é uma realidade que quase nunca é vista pela maioria da população, e seu retrato no filme é tão visceral quanto precisa ser para dar ao público a noção da seriedade do que está acontecendo.

Tendo explorado esse problema inicial, porém, 7 Prisioneiros se aprofunda na temática e vai atrás de problemas mais profundos ainda. Em uma tentativa de escapar, Mateus faz um acordo com Luca e começa a trabalhar em uma posição mais privilegiada, supervisionando os demais. Conforme ganha a confiança do patrão, sua posição melhora, e ele logo começa a descobrir que Luca é apenas uma peça menor em um gigantesco sistema que explora esses trabalhadores de diversas maneiras, uma mais terrível que a outra. Nesse sistema, estão listados donos de negócios semelhantes a Luca, mas também comerciantes de vendas maiores, policiais e até mesmo políticos, todos eles usando o sistema em benefício próprio e em detrimento do trabalhador.

Matheus vê o trabalho de uma oficina de tecidos, onde o trabalho de mulheres é explorado.
Créditos: Aline Arruda/Netflix

Que este sistema chega inclusive ao setor político não é muita novidade. O que o filme faz, no entanto, é mostrar não só o quão complexa a situação é, mas também o quão terrível e, ao mesmo tempo, atrativa ela pode ser. Quando começa a negociar com o patrão, não há dúvidas de que Mateus realmente está pensando em seus companheiros e em como libertar a todos. Mas, conforme vai subindo de posição e ganhando novos privilégios, o roteiro do filme começa a, de forma muito inteligente, plantar a dúvida na cabeça do espectador, dando a entender que, lentamente, o rapaz está sendo corrompido. Aquele que deveria ser o herói da história, o bom filho e trabalhador honesto, vai aos poucos se mostrando mais disposto a cometer atrocidades para manter uma posição de vantagem no sistema, mas por mostrar a história a partir do seu ponto de vista, o filme nunca confirma se essa corrupção é verdadeira ou se Mateus está apenas esperando pelo momento certo de agir.

Nesse sentido, as atuações também são espetaculares. A relação entre os personagens de Malheiros e Santoro evolui de uma forma extremamente natural ao longo do filme, retratando a lenta aproximação entre os dois personagens. Santoro entrega um trabalho fenomenal ao retratar um dono de ferro-velho bruto e amargurado, já extremamente experiente no sistema, mas que se reconhece no jovem rapaz e sabe tudo que teve de fazer para chegar aonde chegou. Já Malheiros dá a Mateus uma evolução muito impactante, indo do rapaz que luta contra o patrão e deseja escapar de volta para a família até o jovem que claramente se arrepende de muitos atos, mas que não deixa de cometê-los para se preservar na sua posição.

Rodrigo Santoro como Luca, dono do ferro-velho em 7 Prisioneiros.
Créditos: Aline Arruda/Netflix

Através desses dois personagens, um que já viveu toda essa situação e sabe qual o seu final e outro que está começando a viver e a entender o mundo em que entrou, o filme faz sua maior crítica. Escondido nos pilares da sociedade, jaz um sistema que se construiu para ser essencial ao seu funcionamento, e que por isso é capaz de realizar suas atrocidades a céu aberto e com a conivência de todos. Mais do que isso, é um sistema que corrompe, colocando trabalhadores em uma prisão e em um regime de escravidão que abusa deles até a morte. Aqueles que procuram escapar e obter uma certa liberdade são aqueles que se entregam ao sistema criado e passam a ser elementos para o seu funcionamento. E mesmo para estes a liberdade é restrita, pois eles nunca conseguem escapar da hierarquia, sempre tendo que obedecer ao comando de algum superior.

7 Prisioneiros entrega uma história tensa e alarmante, com uma crítica precisa e feroz sobre a nossa sociedade. É um retrato pouco visto das condições da vida de boa parte da população, e que precisa ser muito mais debatido.

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7 Prisioneiros é um filme que mostra, com uma crítica feroz, não apenas as terríveis condições do subemprego no Brasil e a situação de miséria desses trabalhadores explorados, mas também a forma como o sistema corrompe até os melhores corações.

escrito por
Luis Henrique Franco
11/11/2021
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7 Prisioneiros é um filme que mostra, com uma crítica feroz, não apenas as terríveis condições do subemprego no Brasil e a situação de miséria desses trabalhadores explorados, mas também a forma como o sistema corrompe até os melhores corações.

escrito por
Luis Henrique Franco
11/11/2021

Explorar uma temática social no cinema sempre irá trazer debates. Muitas dessas temáticas são incômodas para a maioria do público, e enfrentá-las pode não ser aquilo que todos tenham em mente quando pensam em assistir a um filme. Ainda assim, essas produções são importantes por trazerem à tona discussões que, muitas vezes, não atingem todas as camadas da população, e assisti-las torna-se essencial para compreendermos problemas reais e nos mobilizarmos contra eles. 7 Prisioneiros promove essa discussão, e é direto o bastante para que sua mensagem não escape a ninguém que o assista.

Na trama, acompanhamos Mateus (Christian Malheiros), que recebe a oportunidade da sua vida de ir trabalhar em São Paulo e garantir melhores condições para sua família do interior. Mas quando chega à cidade grande para trabalhar no ferro-velho do Seu Luca (Rodrigo Santoro), o jovem logo descobre que foi colocado em um regime de trabalho análogo à escravidão, vivendo em condições precárias e recebendo menos que o mínimo para sobreviver ali.

Christian Malheiros como Matheus no filme 7 Prisioneiros.
Créditos: Aline Arruda/Netflix

Nos momentos iniciais do filme, vemos a condição desumana em que Mateus e seus amigos precisam viver. Luca os faz trabalhar além do que eles conseguem suportar, não lhes propicia horários de banho ou cuidados de higiene pessoal, reduz drasticamente seus horários de refeição e não lhes paga por seu trabalho. O primeiro ato do filme é recheado de momentos tensos, nos quais os quatro jovens, liderados por Mateus, entram em conflito direto com o dono do ferro-velho e vão entendendo não só que as condições em que vivem podem piorar muito, mas também que Luca faz parte de um sistema que pode ameaçar não só eles, mas também suas famílias.

O retrato que o filme faz dá ao público uma perspectiva terrível do que ocorre nos chamados subempregos da cidade. Trabalhadores do interior, pessoas pobres e imigrantes ilegais são todos expostos a essas condições, trabalhando muito sem ganhar nada e sem serem capazes de reagir a tudo isso. Sem qualquer apoio em uma cidade que não lhes é familiar, essas pessoas são forçadas a aceitar essas condições e, se não o fizerem, a punição não cai apenas sobre elas. Contudo, essa é uma realidade que quase nunca é vista pela maioria da população, e seu retrato no filme é tão visceral quanto precisa ser para dar ao público a noção da seriedade do que está acontecendo.

Tendo explorado esse problema inicial, porém, 7 Prisioneiros se aprofunda na temática e vai atrás de problemas mais profundos ainda. Em uma tentativa de escapar, Mateus faz um acordo com Luca e começa a trabalhar em uma posição mais privilegiada, supervisionando os demais. Conforme ganha a confiança do patrão, sua posição melhora, e ele logo começa a descobrir que Luca é apenas uma peça menor em um gigantesco sistema que explora esses trabalhadores de diversas maneiras, uma mais terrível que a outra. Nesse sistema, estão listados donos de negócios semelhantes a Luca, mas também comerciantes de vendas maiores, policiais e até mesmo políticos, todos eles usando o sistema em benefício próprio e em detrimento do trabalhador.

Matheus vê o trabalho de uma oficina de tecidos, onde o trabalho de mulheres é explorado.
Créditos: Aline Arruda/Netflix

Que este sistema chega inclusive ao setor político não é muita novidade. O que o filme faz, no entanto, é mostrar não só o quão complexa a situação é, mas também o quão terrível e, ao mesmo tempo, atrativa ela pode ser. Quando começa a negociar com o patrão, não há dúvidas de que Mateus realmente está pensando em seus companheiros e em como libertar a todos. Mas, conforme vai subindo de posição e ganhando novos privilégios, o roteiro do filme começa a, de forma muito inteligente, plantar a dúvida na cabeça do espectador, dando a entender que, lentamente, o rapaz está sendo corrompido. Aquele que deveria ser o herói da história, o bom filho e trabalhador honesto, vai aos poucos se mostrando mais disposto a cometer atrocidades para manter uma posição de vantagem no sistema, mas por mostrar a história a partir do seu ponto de vista, o filme nunca confirma se essa corrupção é verdadeira ou se Mateus está apenas esperando pelo momento certo de agir.

Nesse sentido, as atuações também são espetaculares. A relação entre os personagens de Malheiros e Santoro evolui de uma forma extremamente natural ao longo do filme, retratando a lenta aproximação entre os dois personagens. Santoro entrega um trabalho fenomenal ao retratar um dono de ferro-velho bruto e amargurado, já extremamente experiente no sistema, mas que se reconhece no jovem rapaz e sabe tudo que teve de fazer para chegar aonde chegou. Já Malheiros dá a Mateus uma evolução muito impactante, indo do rapaz que luta contra o patrão e deseja escapar de volta para a família até o jovem que claramente se arrepende de muitos atos, mas que não deixa de cometê-los para se preservar na sua posição.

Rodrigo Santoro como Luca, dono do ferro-velho em 7 Prisioneiros.
Créditos: Aline Arruda/Netflix

Através desses dois personagens, um que já viveu toda essa situação e sabe qual o seu final e outro que está começando a viver e a entender o mundo em que entrou, o filme faz sua maior crítica. Escondido nos pilares da sociedade, jaz um sistema que se construiu para ser essencial ao seu funcionamento, e que por isso é capaz de realizar suas atrocidades a céu aberto e com a conivência de todos. Mais do que isso, é um sistema que corrompe, colocando trabalhadores em uma prisão e em um regime de escravidão que abusa deles até a morte. Aqueles que procuram escapar e obter uma certa liberdade são aqueles que se entregam ao sistema criado e passam a ser elementos para o seu funcionamento. E mesmo para estes a liberdade é restrita, pois eles nunca conseguem escapar da hierarquia, sempre tendo que obedecer ao comando de algum superior.

7 Prisioneiros entrega uma história tensa e alarmante, com uma crítica precisa e feroz sobre a nossa sociedade. É um retrato pouco visto das condições da vida de boa parte da população, e que precisa ser muito mais debatido.

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