Após sofrer um acidente vascular cerebral, Judith (Barbara Hershey) decide se internar em uma casa para repouso. Outrora uma dançarina e professora de dança, Judith vê a velhice a atingir e não deseja ser um mal para a sua família. Uma vez dentro da casa de repouso, no entanto, ela começa a ser perturbada por visões de uma criatura monstruosa, o que a leva a pensar que o local é mal assombrado e a buscar uma saída do local o mais rápido possível.
O novo filme de terror da Prime Video em parceria com a Blumhouse, A Mansão traz alguns elementos interessantes para o gênero terror. Trabalhando mais com sustos leves e com a construção de uma atmosfera pouco convidativa, é gratificante o fato de que esse filme não explora tantos jump-scares e sustos baratos como muitos outros filmes. Seus momentos de terror ainda assim não são os melhores vistos no gênero, e a história poderia se valer de momentos um pouco mais pesados para aumentar a tensão do espectador. Mesmo assim, o filme não peca por completo pela sua capacidade de deixar claro ao expectador que há algo de muito errado com aquele lugar.
Assim, acompanhamos Judith enquanto ela tenta se adaptar ao seu novo lar, fazendo amizades com um grupo de idosos locais (Bruce Davidson, Jill Larson e Fran Bennett) e sobrevivendo à atitude um tanto agressiva de alguns enfermeiros e às aparições de uma criatura sombria à noite. Mas nesse ponto o filme lança mão de um artifício inteligente. Para compensar seu terror leve, o enredo constrói uma importante atmosfera de suspense e mistério ao sempre colocar em questão se as visões da personagem são reais ou fruto de uma demência causada pelo AVC e pela idade.
Trazendo personagens idosos e abordando uma temática sobre os tratamentos dados à terceira idade, A Mansão propõe uma reflexão interessante que contribui também para o escape de alguns clichês. Ninguém acredita na personagem por acharem que ela está sofrendo demência. Judith não pode simplesmente fugir pois já está velha e, caso saia da casa, os enfermeiros e os seguranças irão persegui-la. As autoridades não acreditam nela por causa de sua condição médica, por isso não vale à pena chamá-los. Tudo no enredo é trabalhado para criar uma situação extremamente difícil para a protagonista sem recorrer a clichês burros ou mal pensados. Além disso, a ideia de sugerir um processo de demência para a personagem ajuda a manter o espectador em suspense, pensando se tudo não passaria de visões dela.
No entanto, o filme também apresenta alguns problemas. O principal deles diz respeito às atuações, que nem sempre conseguem fornecer os sentimentos necessários a cada cena. O elenco mais velho está bem, salvo alguns pequenos escorregões, e consegue conduzir bem a trama pelo que lhes é proposto. Alguns personagens coadjuvantes, no entanto, soam extremamente vazios e sem sal, principalmente o neto de Judith (Nicholas Alexander) que tem uma função importante na trama, mas parece incapaz de expressar emoções realmente humanas.
Além disso, a falta de um terror mais notório e presente ao longo da trama deixa o filme cansativo com a chegada do terceiro ato. O momento da grande revelação final é bastante anticlimático, apesar de a ideia ser boa, e seria o suficiente para arruinar a produção caso a trama não sofresse uma interessante reviravolta final. Não é o suficiente para salvar o filme por completo, mas ao menos o protege novamente dos clichês do gênero, trazendo uma surpresa satisfatória.
A Mansão já está disponível na plataforma de streaming da Amazon Prime Video. Confira!
