No items found.

Análise & Opinião

Análise & Opinião

A Vingança no Cinema

18/3/2021

A vingança é um tema explorado em diversos filmes, geralmente atuando como o principal motivador para os protagonistas. Apesar de ser um tema muitas vezes polêmico, seu bom uso pode render cenas extremamente satisfatórias para o público.

escrito por
Luis Henrique Franco

A vingança é um tema explorado em diversos filmes, geralmente atuando como o principal motivador para os protagonistas. Apesar de ser um tema muitas vezes polêmico, seu bom uso pode render cenas extremamente satisfatórias para o público.

escrito por
Luis Henrique Franco
18/3/2021

Um velho sábio uma vez disse: "A vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena". Ao que parece, porém, Hollywood não prestou muita atenção nessas sábias palavras, visto que a vingança é um dos temas mais explorados por alguns de seus gêneros mais bem sucedidos. Encontrada principalmente em filmes de ação, suspense e terror, a vingança quase sempre atua como um motivador, quando não é o principal motivador, para a jornada do protagonista.

Existem motivos para essa exploração exagerada do tema. Como motivo para a ação, o sentimento de vingança é algo fácil de ser compreensível, e geralmente não precisa de muito aprofundamento para que o público consiga entender o porquê de o protagonista se engajar nesse tipo de jornada sangrenta. Quando algo de ruim é feito com alguém que amamos, também sentimos uma necessidade de revidar. E quando o acontecimento gera uma ferida grave, ou mesmo a morte da pessoa amada, podemos compreender que as emoções se tornem extremamente agressivas e levem um personagem a atos brutais, semelhantes aos que foram causados ao seu ente querido. Por causa de tudo isso, a vingança é uma motivação fácil de ser compreendida e, dependendo do caso, até mesmo apoiada pelo público.

Por conta de ser uma motivação simples, vários filmes se valem dessa ferramenta narrativa para impulsionar filmes um tanto repetitivos e dentro de uma fórmula muito desgastante, onde sempre acontece algo ruim, alguém próximo ao protagonista morre, o que o conduz a uma chacina brutal dos envolvidos, às vezes por meios criativos, mas sempre usando de uma sanguinolência absurda. Quando é usado de maneira mais criativa e explorado mais a fundo, porém, o tema da vingança pode gerar grandes produções e até franquias de sucesso.

O TERROR DA VINGANÇA

Um dos gêneros que se vale bastante da temática da vingança é o terror. Explorado tanto por seus antagonistas quanto por protagonistas, essa motivação é empregada nesse gênero como uma forma de produzir perseguições tensas e armadilhas medonhas. Vários dos assassinos mais notórios do cinema foram impulsionados por esse desejo de se vingar daqueles que os feriram ou os mataram. Um exemplo clássico é a assassina original de Sexta-Feira 13, Pamela Voorhees, que persegue os funcionários de um camping após seu filho, Jason, entrar no lago sem supervisão e se afogar. O próprio Jason seria motivado, ao longo de sua campanha assassina de infinitos filmes, por um desejo de agradar sua falecida mãe e vingar a sua morte, matando todos aqueles que se aproximam de Crystal Lake.

Outro notório assassino movido por um sentimento de vingança é Freddie Kruger, de A Hora do Pesadelo. Nesse caso, porém, Freddie já era um assassino antes de se tornar uma entidade do terror. Seus feitos macabros o levaram a se perseguido pela população local e incinerado vivo. Seu retorno como um espectro e senhor dos sonhos, capaz de matar suas vítimas a partir de seus pesadelos, é um emprego interessante da ideia de retorno para se vingar. Interessante porque admite a morte de seu vilão, mas o faz voltar como um fruto de sonhos, quase como se fosse um peso na consciência geral da população e que continua a assombrá-los mesmo depois de morto.

Em alguns casos, porém, o terror inverte os papéis e faz da sua protagonista aquela que deseja se vingar. A Vingança de Jennifer (1978), que originou um remake de 2010 intitulado Doce Vingança, conta a história de uma escritora que decide se isolar em uma cabana para terminar seu livro, mas é atacada e estuprada por moradores locais. Tendo sobrevivido ao trauma, ela retorna algum tempo depois e planeja uma meticulosa vingança contra seus atacantes.

Ao fazer com que seus atos mais sanguinários sejam praticados pela protagonista, A Vingança de Jennifer inverte os papéis do terror e provoca um conjunto de emoções divergentes no público. Se por um lado somos levados a nos horrorizar com os feitos da protagonista, por outro presenciamos o que foi feito a ela e sabemos que ela tem razão de perseguir agressores dessa forma. O filme mexe muito bem com essa divisão entre a justificativa da personagem e a violência empregada.

ACERTO DE CONTAS COM MUITO BANGUE-BANGUE

Homens brutos e de cara fechada, andando a cavalo por pradarias áridas e ruas desertas, portando um chapéu velho, roupas gastas e uma pistola de seis tiros, sedentos por se vingar de algum outro homem que possivelmente tem as mesmas características acima, mas que possui uma aptidão muito maior para se fazer o mal. Esse é o cenário por trás dos grandes clássicos de vingança do Velho Oeste.

Sendo um gênero famoso pela brutalidade de seus protagonistas e or retratar uma época em que a lei era movida por acertos de contas brutais e pelo rápido saque de uma arma, o Faroeste se tornou um local de abundante proliferação do tema da vingança. Valendo-se da premissa de violência que acompanha o gênero, vários diretores o usaram para explorar os diversos conceitos de vingança e retribuição através da violência possíveis. Por causa disso, grandes astros do faroeste ficaram marcados pelo estigma de machões brutos e frios, sempre com cara fechada, incapazes de perdoar e extremamente rápidos no gatilho.

Entre alguns clássicos com essa temática estão Rastros de Ódio, com o notório John Wayne, Os Longos Dias de Vingança, western Spaghetti dirigido por Florestano Vancini e que reinterpreta a histórica do Conde de Monte Cristo, e A Face Oculta, estrelado por Marlon Brando e Karl Malden. Em todos eles, existe a história de um homem enganado, traído ou que sofre uma perda terrível e parte em uma jornada sangrenta por vingança.

Em outros casos, porém, e temática da vingança conseguiu ser melhor explorada e mais aprofundada, revelando diversas camadas que outros filmes não levaram tanto em consideração, como o sofrimento, o luto e o arrependimento. Mais Forte que a Vingança, com Robert Redford, segue por esse caminho alternativo, com o protagonista quase morrendo enquanto caça os assassinos da sua família, apenas para se encontrar em uma posição onde ele percebe aonde a sua busca cega irá conduzi-lo, e opta por fazer as pazes consigo mesmo e se permitir um sofrimento menos sanguinário por seus entes queridos.

A sátira Meu Nome É Ninguém também explora essa temática sob a forma do personagem de Henry Fonda, uma lenda do gatilho rápido mas que já se cansou de sua vida sangrenta. Partindo uma última vez para vingar seu irmão, ele se confronta o tempo todo sobre o que seus atos podem trazer para o resto de sua vida e hesita em matar o homem responsável, uma vez que ele não mais deseja ser perseguido por todo o canto. Os Imperdoáveis também ressalta as consequências das ações, embora o faça em um nível mais emocional, retratando como os atos de vingança podem ser facilmente pensados por aqueles que nunca os executaram, ao passo que aqueles mais velhos e que já vivenciaram muito derramamento de sangue ou hesitam em apertar o gatilho por causa de sua consciência já pesada, ou o fazem com tanta facilidade que já não podem mais ser diferenciados de animais selvagens.

VINGANÇA EXPLOSIVA

Mais do que qualquer outro gênero, a ação emprega a vingança como sua temática o maior número de vezes. Os motivos para isso se baseiam na ideia de uma motivação fácil de se entender, de forma que não precisa ser extremamente aprofundada, deixando mais espaço para explosões e cenas de pancadaria e tiroteio e muita adrenalina.

Charles Bronson talvez seja um dos nomes mais famosos nesse meio, com o seu já clássico Desejo de Matar, a história de um arquiteto que parte em uma jornada sangrenta de vigilantismo e punição a criminosos após sua esposa ser brutalmente assassinada, temática pela qual o filme foi bastante criticado em seu lançamento. Liam Neeson também aparece como um grande nome nesse subgênero com sua franquia Busca Implacável, em que vive um ex-agente da CIA que inicia uma guerra pessoal contra os criminosos que sequestram sua família.

Em um exemplo mais recente, temos John Wick, protagonizado por Keanu Reeves e narrando as ações de um assassino especial e extremamente temido que se aposenta e no momento, encontra-se de luto pela perda de sua esposa quando criminosos invadem sua casa, roubam seu carro e matam seu cachorro, levando-o a uma onda de assassinatos brutais. John Wick se tornou amado pela forma como lida com a ação, elaborando lutas em planos-sequência e com pouquíssimos cortes, e também pelo seu protagonista, cuja construção nos faz temê-lo muito mais do que apoiá-lo.

Contudo, a repetição dessa temática em filmes de ação os afeta negativamente, transformando a vingança não em algo a ser explorado, mas em uma desculpa fácil para produções baratas, mais interessadas em sequências de ação muitas vezes confusa do que em desenvolvimento geral. Por causa disso, é uma motivação muito explorada em continuações para grandes franquias que, tendo já sobrevivido mais do que deveriam e enfrentando uma falta de boas ideias para continuar, se valem desse recurso para proporcionar ao menos mais um título para a sua arrecadação de lucros. As franquias Rocky e 007 foram algumas que caíram nessa tendência, com alguns de seus filmes mais avançados deixando de lado o desenvolvimento e as aventuras de seus personagens para focar na busca deles por vingança contra aqueles que feriram ou mataram um de seus companheiros.

A CRIATIVIDADE DO CINEMA PARA SE LIDAR COM A VINGANÇA

Por ser uma motivação tão simples e fácil de compreender, a vingança acaba sendo explorada além do limite, resultando em uma grande variedade de filmes repetitivos e que não extraem algo de interessante de seu objeto de exploração. Por causa disso, muitas vezes olhamos para filmes com essa temática e viramos nossas costas, acreditando já termos visto algo assim antes e que tal produção não trará nada de novo.

Mas mesmo que a vingança realmente seja uma temática muito batida, ainda há no cinema a capacidade de extrair algo criativo desse aspecto narrativo, e mostrar uma jornada vingativa de uma forma inovadora. Quentin Tarantino é um nome que se eleva nesse contexto, com vários de seus maiores filmes explorando a vingança de uma forma mais criativa ou, no mínimo, mais cativante para o público. Kill Bill é talvez o melhor exemplo disso, com sua narrativa girando em torno da jornada de vingança da Noiva (Uma Thurman) contra seu ex-marido Bill (David Carradine) e o seu grupo de assassinos treinados. Tarantino usa essa temática para fazer diversas homenagens a filmes mais antigos e gêneros específicos, usando de recursos de gore e violência para tornar a jornada de sua protagonista ao mesmo tempo sombria e divertida. Entre outros exemplos de como Tarantino explora essa temática são À Prova de Morte, onde a vingança não é o tema principal, mas uma consequência das ações do protagonista (Kurt Russell), Bastardos Inglórios e Django Livre, esses dois últimos colocando a vingança como uma espécie de retribuição de grupos sociais e povos oprimidos contra seus opressores.

Em outro exemplo, O Regresso, de Alejandro Gonzalez Iñárritu, retrata a jornada de Hugh Glass (Leonardo DiCaprio) para sobreviver aos ferimentos de um ataque de urso e vingar seu filho. Nessa jornada, é mostrada a perseverança, os desafios ultrapassados e as batalhas que ele enfrenta para retornar a seu forte, sempre passando a ideia de que matar John Fitzgerald (Tom Hardy), o assassino de seu filho, é o único motivo pelo qual Glass conseguiu se manter vivo apesar de tudo o que enfrentou.

No mais recente Bela Vingança, mais uma vez temos o uso da vingança como uma única razão de vida para a protagonista (Carey Mulligan), associada também a uma recusa dela de encarar uma profunda dor e um trauma que sente, o que a leva a uma onda de assassinatos, onde ela se finge de bêbada e vulnerável para atrair homens em bar e os matar a sangue frio.

Seja como um mal que persegue o protagonista, a negação em se enfrentar um trauma ou uma forma de preencher uma existência vazia, existem formas com as quais o cinema ainda pode explorar a temática da vingança de maneira inovadora. Para isso porém, é preciso ter em mente que esta não é uma motivação tão simples quanto pode parecer. Ela com certeza funciona como uma razão em si, mas ao ser aprofundada, cria ramificações que dão maior embasamento e desenvolvimento para o personagem e sua ação. Aprofundar torna a trama mais complexa, e mesmo uma trama baseada em algo fácil de se entender e até mesmo de se apoiar (dependendo das circunstâncias) pode receber diversas camadas e novos significados dependendo de como os seus realizadores a pensarem.

No items found.
botão de dar play no vídeo
No items found.

Direção: 
Criação:
Roteirista 1
Roteirista 2
Roteirista 3
Diretor 1
Diretor 2
Diretor 3
Elenco Principal:
Ator 1
Ator 2
Ator 3
saiba mais sobre o filme
saiba mais sobre a série

A vingança é um tema explorado em diversos filmes, geralmente atuando como o principal motivador para os protagonistas. Apesar de ser um tema muitas vezes polêmico, seu bom uso pode render cenas extremamente satisfatórias para o público.

crítica por
Luis Henrique Franco
18/3/2021

Um velho sábio uma vez disse: "A vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena". Ao que parece, porém, Hollywood não prestou muita atenção nessas sábias palavras, visto que a vingança é um dos temas mais explorados por alguns de seus gêneros mais bem sucedidos. Encontrada principalmente em filmes de ação, suspense e terror, a vingança quase sempre atua como um motivador, quando não é o principal motivador, para a jornada do protagonista.

Existem motivos para essa exploração exagerada do tema. Como motivo para a ação, o sentimento de vingança é algo fácil de ser compreensível, e geralmente não precisa de muito aprofundamento para que o público consiga entender o porquê de o protagonista se engajar nesse tipo de jornada sangrenta. Quando algo de ruim é feito com alguém que amamos, também sentimos uma necessidade de revidar. E quando o acontecimento gera uma ferida grave, ou mesmo a morte da pessoa amada, podemos compreender que as emoções se tornem extremamente agressivas e levem um personagem a atos brutais, semelhantes aos que foram causados ao seu ente querido. Por causa de tudo isso, a vingança é uma motivação fácil de ser compreendida e, dependendo do caso, até mesmo apoiada pelo público.

Por conta de ser uma motivação simples, vários filmes se valem dessa ferramenta narrativa para impulsionar filmes um tanto repetitivos e dentro de uma fórmula muito desgastante, onde sempre acontece algo ruim, alguém próximo ao protagonista morre, o que o conduz a uma chacina brutal dos envolvidos, às vezes por meios criativos, mas sempre usando de uma sanguinolência absurda. Quando é usado de maneira mais criativa e explorado mais a fundo, porém, o tema da vingança pode gerar grandes produções e até franquias de sucesso.

O TERROR DA VINGANÇA

Um dos gêneros que se vale bastante da temática da vingança é o terror. Explorado tanto por seus antagonistas quanto por protagonistas, essa motivação é empregada nesse gênero como uma forma de produzir perseguições tensas e armadilhas medonhas. Vários dos assassinos mais notórios do cinema foram impulsionados por esse desejo de se vingar daqueles que os feriram ou os mataram. Um exemplo clássico é a assassina original de Sexta-Feira 13, Pamela Voorhees, que persegue os funcionários de um camping após seu filho, Jason, entrar no lago sem supervisão e se afogar. O próprio Jason seria motivado, ao longo de sua campanha assassina de infinitos filmes, por um desejo de agradar sua falecida mãe e vingar a sua morte, matando todos aqueles que se aproximam de Crystal Lake.

Outro notório assassino movido por um sentimento de vingança é Freddie Kruger, de A Hora do Pesadelo. Nesse caso, porém, Freddie já era um assassino antes de se tornar uma entidade do terror. Seus feitos macabros o levaram a se perseguido pela população local e incinerado vivo. Seu retorno como um espectro e senhor dos sonhos, capaz de matar suas vítimas a partir de seus pesadelos, é um emprego interessante da ideia de retorno para se vingar. Interessante porque admite a morte de seu vilão, mas o faz voltar como um fruto de sonhos, quase como se fosse um peso na consciência geral da população e que continua a assombrá-los mesmo depois de morto.

Em alguns casos, porém, o terror inverte os papéis e faz da sua protagonista aquela que deseja se vingar. A Vingança de Jennifer (1978), que originou um remake de 2010 intitulado Doce Vingança, conta a história de uma escritora que decide se isolar em uma cabana para terminar seu livro, mas é atacada e estuprada por moradores locais. Tendo sobrevivido ao trauma, ela retorna algum tempo depois e planeja uma meticulosa vingança contra seus atacantes.

Ao fazer com que seus atos mais sanguinários sejam praticados pela protagonista, A Vingança de Jennifer inverte os papéis do terror e provoca um conjunto de emoções divergentes no público. Se por um lado somos levados a nos horrorizar com os feitos da protagonista, por outro presenciamos o que foi feito a ela e sabemos que ela tem razão de perseguir agressores dessa forma. O filme mexe muito bem com essa divisão entre a justificativa da personagem e a violência empregada.

ACERTO DE CONTAS COM MUITO BANGUE-BANGUE

Homens brutos e de cara fechada, andando a cavalo por pradarias áridas e ruas desertas, portando um chapéu velho, roupas gastas e uma pistola de seis tiros, sedentos por se vingar de algum outro homem que possivelmente tem as mesmas características acima, mas que possui uma aptidão muito maior para se fazer o mal. Esse é o cenário por trás dos grandes clássicos de vingança do Velho Oeste.

Sendo um gênero famoso pela brutalidade de seus protagonistas e or retratar uma época em que a lei era movida por acertos de contas brutais e pelo rápido saque de uma arma, o Faroeste se tornou um local de abundante proliferação do tema da vingança. Valendo-se da premissa de violência que acompanha o gênero, vários diretores o usaram para explorar os diversos conceitos de vingança e retribuição através da violência possíveis. Por causa disso, grandes astros do faroeste ficaram marcados pelo estigma de machões brutos e frios, sempre com cara fechada, incapazes de perdoar e extremamente rápidos no gatilho.

Entre alguns clássicos com essa temática estão Rastros de Ódio, com o notório John Wayne, Os Longos Dias de Vingança, western Spaghetti dirigido por Florestano Vancini e que reinterpreta a histórica do Conde de Monte Cristo, e A Face Oculta, estrelado por Marlon Brando e Karl Malden. Em todos eles, existe a história de um homem enganado, traído ou que sofre uma perda terrível e parte em uma jornada sangrenta por vingança.

Em outros casos, porém, e temática da vingança conseguiu ser melhor explorada e mais aprofundada, revelando diversas camadas que outros filmes não levaram tanto em consideração, como o sofrimento, o luto e o arrependimento. Mais Forte que a Vingança, com Robert Redford, segue por esse caminho alternativo, com o protagonista quase morrendo enquanto caça os assassinos da sua família, apenas para se encontrar em uma posição onde ele percebe aonde a sua busca cega irá conduzi-lo, e opta por fazer as pazes consigo mesmo e se permitir um sofrimento menos sanguinário por seus entes queridos.

A sátira Meu Nome É Ninguém também explora essa temática sob a forma do personagem de Henry Fonda, uma lenda do gatilho rápido mas que já se cansou de sua vida sangrenta. Partindo uma última vez para vingar seu irmão, ele se confronta o tempo todo sobre o que seus atos podem trazer para o resto de sua vida e hesita em matar o homem responsável, uma vez que ele não mais deseja ser perseguido por todo o canto. Os Imperdoáveis também ressalta as consequências das ações, embora o faça em um nível mais emocional, retratando como os atos de vingança podem ser facilmente pensados por aqueles que nunca os executaram, ao passo que aqueles mais velhos e que já vivenciaram muito derramamento de sangue ou hesitam em apertar o gatilho por causa de sua consciência já pesada, ou o fazem com tanta facilidade que já não podem mais ser diferenciados de animais selvagens.

VINGANÇA EXPLOSIVA

Mais do que qualquer outro gênero, a ação emprega a vingança como sua temática o maior número de vezes. Os motivos para isso se baseiam na ideia de uma motivação fácil de se entender, de forma que não precisa ser extremamente aprofundada, deixando mais espaço para explosões e cenas de pancadaria e tiroteio e muita adrenalina.

Charles Bronson talvez seja um dos nomes mais famosos nesse meio, com o seu já clássico Desejo de Matar, a história de um arquiteto que parte em uma jornada sangrenta de vigilantismo e punição a criminosos após sua esposa ser brutalmente assassinada, temática pela qual o filme foi bastante criticado em seu lançamento. Liam Neeson também aparece como um grande nome nesse subgênero com sua franquia Busca Implacável, em que vive um ex-agente da CIA que inicia uma guerra pessoal contra os criminosos que sequestram sua família.

Em um exemplo mais recente, temos John Wick, protagonizado por Keanu Reeves e narrando as ações de um assassino especial e extremamente temido que se aposenta e no momento, encontra-se de luto pela perda de sua esposa quando criminosos invadem sua casa, roubam seu carro e matam seu cachorro, levando-o a uma onda de assassinatos brutais. John Wick se tornou amado pela forma como lida com a ação, elaborando lutas em planos-sequência e com pouquíssimos cortes, e também pelo seu protagonista, cuja construção nos faz temê-lo muito mais do que apoiá-lo.

Contudo, a repetição dessa temática em filmes de ação os afeta negativamente, transformando a vingança não em algo a ser explorado, mas em uma desculpa fácil para produções baratas, mais interessadas em sequências de ação muitas vezes confusa do que em desenvolvimento geral. Por causa disso, é uma motivação muito explorada em continuações para grandes franquias que, tendo já sobrevivido mais do que deveriam e enfrentando uma falta de boas ideias para continuar, se valem desse recurso para proporcionar ao menos mais um título para a sua arrecadação de lucros. As franquias Rocky e 007 foram algumas que caíram nessa tendência, com alguns de seus filmes mais avançados deixando de lado o desenvolvimento e as aventuras de seus personagens para focar na busca deles por vingança contra aqueles que feriram ou mataram um de seus companheiros.

A CRIATIVIDADE DO CINEMA PARA SE LIDAR COM A VINGANÇA

Por ser uma motivação tão simples e fácil de compreender, a vingança acaba sendo explorada além do limite, resultando em uma grande variedade de filmes repetitivos e que não extraem algo de interessante de seu objeto de exploração. Por causa disso, muitas vezes olhamos para filmes com essa temática e viramos nossas costas, acreditando já termos visto algo assim antes e que tal produção não trará nada de novo.

Mas mesmo que a vingança realmente seja uma temática muito batida, ainda há no cinema a capacidade de extrair algo criativo desse aspecto narrativo, e mostrar uma jornada vingativa de uma forma inovadora. Quentin Tarantino é um nome que se eleva nesse contexto, com vários de seus maiores filmes explorando a vingança de uma forma mais criativa ou, no mínimo, mais cativante para o público. Kill Bill é talvez o melhor exemplo disso, com sua narrativa girando em torno da jornada de vingança da Noiva (Uma Thurman) contra seu ex-marido Bill (David Carradine) e o seu grupo de assassinos treinados. Tarantino usa essa temática para fazer diversas homenagens a filmes mais antigos e gêneros específicos, usando de recursos de gore e violência para tornar a jornada de sua protagonista ao mesmo tempo sombria e divertida. Entre outros exemplos de como Tarantino explora essa temática são À Prova de Morte, onde a vingança não é o tema principal, mas uma consequência das ações do protagonista (Kurt Russell), Bastardos Inglórios e Django Livre, esses dois últimos colocando a vingança como uma espécie de retribuição de grupos sociais e povos oprimidos contra seus opressores.

Em outro exemplo, O Regresso, de Alejandro Gonzalez Iñárritu, retrata a jornada de Hugh Glass (Leonardo DiCaprio) para sobreviver aos ferimentos de um ataque de urso e vingar seu filho. Nessa jornada, é mostrada a perseverança, os desafios ultrapassados e as batalhas que ele enfrenta para retornar a seu forte, sempre passando a ideia de que matar John Fitzgerald (Tom Hardy), o assassino de seu filho, é o único motivo pelo qual Glass conseguiu se manter vivo apesar de tudo o que enfrentou.

No mais recente Bela Vingança, mais uma vez temos o uso da vingança como uma única razão de vida para a protagonista (Carey Mulligan), associada também a uma recusa dela de encarar uma profunda dor e um trauma que sente, o que a leva a uma onda de assassinatos, onde ela se finge de bêbada e vulnerável para atrair homens em bar e os matar a sangue frio.

Seja como um mal que persegue o protagonista, a negação em se enfrentar um trauma ou uma forma de preencher uma existência vazia, existem formas com as quais o cinema ainda pode explorar a temática da vingança de maneira inovadora. Para isso porém, é preciso ter em mente que esta não é uma motivação tão simples quanto pode parecer. Ela com certeza funciona como uma razão em si, mas ao ser aprofundada, cria ramificações que dão maior embasamento e desenvolvimento para o personagem e sua ação. Aprofundar torna a trama mais complexa, e mesmo uma trama baseada em algo fácil de se entender e até mesmo de se apoiar (dependendo das circunstâncias) pode receber diversas camadas e novos significados dependendo de como os seus realizadores a pensarem.

confira o trailer

Análise & Opinião

A vingança é um tema explorado em diversos filmes, geralmente atuando como o principal motivador para os protagonistas. Apesar de ser um tema muitas vezes polêmico, seu bom uso pode render cenas extremamente satisfatórias para o público.

escrito por
Luis Henrique Franco
18/3/2021
nascimento

A vingança é um tema explorado em diversos filmes, geralmente atuando como o principal motivador para os protagonistas. Apesar de ser um tema muitas vezes polêmico, seu bom uso pode render cenas extremamente satisfatórias para o público.

escrito por
Luis Henrique Franco
18/3/2021

Um velho sábio uma vez disse: "A vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena". Ao que parece, porém, Hollywood não prestou muita atenção nessas sábias palavras, visto que a vingança é um dos temas mais explorados por alguns de seus gêneros mais bem sucedidos. Encontrada principalmente em filmes de ação, suspense e terror, a vingança quase sempre atua como um motivador, quando não é o principal motivador, para a jornada do protagonista.

Existem motivos para essa exploração exagerada do tema. Como motivo para a ação, o sentimento de vingança é algo fácil de ser compreensível, e geralmente não precisa de muito aprofundamento para que o público consiga entender o porquê de o protagonista se engajar nesse tipo de jornada sangrenta. Quando algo de ruim é feito com alguém que amamos, também sentimos uma necessidade de revidar. E quando o acontecimento gera uma ferida grave, ou mesmo a morte da pessoa amada, podemos compreender que as emoções se tornem extremamente agressivas e levem um personagem a atos brutais, semelhantes aos que foram causados ao seu ente querido. Por causa de tudo isso, a vingança é uma motivação fácil de ser compreendida e, dependendo do caso, até mesmo apoiada pelo público.

Por conta de ser uma motivação simples, vários filmes se valem dessa ferramenta narrativa para impulsionar filmes um tanto repetitivos e dentro de uma fórmula muito desgastante, onde sempre acontece algo ruim, alguém próximo ao protagonista morre, o que o conduz a uma chacina brutal dos envolvidos, às vezes por meios criativos, mas sempre usando de uma sanguinolência absurda. Quando é usado de maneira mais criativa e explorado mais a fundo, porém, o tema da vingança pode gerar grandes produções e até franquias de sucesso.

O TERROR DA VINGANÇA

Um dos gêneros que se vale bastante da temática da vingança é o terror. Explorado tanto por seus antagonistas quanto por protagonistas, essa motivação é empregada nesse gênero como uma forma de produzir perseguições tensas e armadilhas medonhas. Vários dos assassinos mais notórios do cinema foram impulsionados por esse desejo de se vingar daqueles que os feriram ou os mataram. Um exemplo clássico é a assassina original de Sexta-Feira 13, Pamela Voorhees, que persegue os funcionários de um camping após seu filho, Jason, entrar no lago sem supervisão e se afogar. O próprio Jason seria motivado, ao longo de sua campanha assassina de infinitos filmes, por um desejo de agradar sua falecida mãe e vingar a sua morte, matando todos aqueles que se aproximam de Crystal Lake.

Outro notório assassino movido por um sentimento de vingança é Freddie Kruger, de A Hora do Pesadelo. Nesse caso, porém, Freddie já era um assassino antes de se tornar uma entidade do terror. Seus feitos macabros o levaram a se perseguido pela população local e incinerado vivo. Seu retorno como um espectro e senhor dos sonhos, capaz de matar suas vítimas a partir de seus pesadelos, é um emprego interessante da ideia de retorno para se vingar. Interessante porque admite a morte de seu vilão, mas o faz voltar como um fruto de sonhos, quase como se fosse um peso na consciência geral da população e que continua a assombrá-los mesmo depois de morto.

Em alguns casos, porém, o terror inverte os papéis e faz da sua protagonista aquela que deseja se vingar. A Vingança de Jennifer (1978), que originou um remake de 2010 intitulado Doce Vingança, conta a história de uma escritora que decide se isolar em uma cabana para terminar seu livro, mas é atacada e estuprada por moradores locais. Tendo sobrevivido ao trauma, ela retorna algum tempo depois e planeja uma meticulosa vingança contra seus atacantes.

Ao fazer com que seus atos mais sanguinários sejam praticados pela protagonista, A Vingança de Jennifer inverte os papéis do terror e provoca um conjunto de emoções divergentes no público. Se por um lado somos levados a nos horrorizar com os feitos da protagonista, por outro presenciamos o que foi feito a ela e sabemos que ela tem razão de perseguir agressores dessa forma. O filme mexe muito bem com essa divisão entre a justificativa da personagem e a violência empregada.

ACERTO DE CONTAS COM MUITO BANGUE-BANGUE

Homens brutos e de cara fechada, andando a cavalo por pradarias áridas e ruas desertas, portando um chapéu velho, roupas gastas e uma pistola de seis tiros, sedentos por se vingar de algum outro homem que possivelmente tem as mesmas características acima, mas que possui uma aptidão muito maior para se fazer o mal. Esse é o cenário por trás dos grandes clássicos de vingança do Velho Oeste.

Sendo um gênero famoso pela brutalidade de seus protagonistas e or retratar uma época em que a lei era movida por acertos de contas brutais e pelo rápido saque de uma arma, o Faroeste se tornou um local de abundante proliferação do tema da vingança. Valendo-se da premissa de violência que acompanha o gênero, vários diretores o usaram para explorar os diversos conceitos de vingança e retribuição através da violência possíveis. Por causa disso, grandes astros do faroeste ficaram marcados pelo estigma de machões brutos e frios, sempre com cara fechada, incapazes de perdoar e extremamente rápidos no gatilho.

Entre alguns clássicos com essa temática estão Rastros de Ódio, com o notório John Wayne, Os Longos Dias de Vingança, western Spaghetti dirigido por Florestano Vancini e que reinterpreta a histórica do Conde de Monte Cristo, e A Face Oculta, estrelado por Marlon Brando e Karl Malden. Em todos eles, existe a história de um homem enganado, traído ou que sofre uma perda terrível e parte em uma jornada sangrenta por vingança.

Em outros casos, porém, e temática da vingança conseguiu ser melhor explorada e mais aprofundada, revelando diversas camadas que outros filmes não levaram tanto em consideração, como o sofrimento, o luto e o arrependimento. Mais Forte que a Vingança, com Robert Redford, segue por esse caminho alternativo, com o protagonista quase morrendo enquanto caça os assassinos da sua família, apenas para se encontrar em uma posição onde ele percebe aonde a sua busca cega irá conduzi-lo, e opta por fazer as pazes consigo mesmo e se permitir um sofrimento menos sanguinário por seus entes queridos.

A sátira Meu Nome É Ninguém também explora essa temática sob a forma do personagem de Henry Fonda, uma lenda do gatilho rápido mas que já se cansou de sua vida sangrenta. Partindo uma última vez para vingar seu irmão, ele se confronta o tempo todo sobre o que seus atos podem trazer para o resto de sua vida e hesita em matar o homem responsável, uma vez que ele não mais deseja ser perseguido por todo o canto. Os Imperdoáveis também ressalta as consequências das ações, embora o faça em um nível mais emocional, retratando como os atos de vingança podem ser facilmente pensados por aqueles que nunca os executaram, ao passo que aqueles mais velhos e que já vivenciaram muito derramamento de sangue ou hesitam em apertar o gatilho por causa de sua consciência já pesada, ou o fazem com tanta facilidade que já não podem mais ser diferenciados de animais selvagens.

VINGANÇA EXPLOSIVA

Mais do que qualquer outro gênero, a ação emprega a vingança como sua temática o maior número de vezes. Os motivos para isso se baseiam na ideia de uma motivação fácil de se entender, de forma que não precisa ser extremamente aprofundada, deixando mais espaço para explosões e cenas de pancadaria e tiroteio e muita adrenalina.

Charles Bronson talvez seja um dos nomes mais famosos nesse meio, com o seu já clássico Desejo de Matar, a história de um arquiteto que parte em uma jornada sangrenta de vigilantismo e punição a criminosos após sua esposa ser brutalmente assassinada, temática pela qual o filme foi bastante criticado em seu lançamento. Liam Neeson também aparece como um grande nome nesse subgênero com sua franquia Busca Implacável, em que vive um ex-agente da CIA que inicia uma guerra pessoal contra os criminosos que sequestram sua família.

Em um exemplo mais recente, temos John Wick, protagonizado por Keanu Reeves e narrando as ações de um assassino especial e extremamente temido que se aposenta e no momento, encontra-se de luto pela perda de sua esposa quando criminosos invadem sua casa, roubam seu carro e matam seu cachorro, levando-o a uma onda de assassinatos brutais. John Wick se tornou amado pela forma como lida com a ação, elaborando lutas em planos-sequência e com pouquíssimos cortes, e também pelo seu protagonista, cuja construção nos faz temê-lo muito mais do que apoiá-lo.

Contudo, a repetição dessa temática em filmes de ação os afeta negativamente, transformando a vingança não em algo a ser explorado, mas em uma desculpa fácil para produções baratas, mais interessadas em sequências de ação muitas vezes confusa do que em desenvolvimento geral. Por causa disso, é uma motivação muito explorada em continuações para grandes franquias que, tendo já sobrevivido mais do que deveriam e enfrentando uma falta de boas ideias para continuar, se valem desse recurso para proporcionar ao menos mais um título para a sua arrecadação de lucros. As franquias Rocky e 007 foram algumas que caíram nessa tendência, com alguns de seus filmes mais avançados deixando de lado o desenvolvimento e as aventuras de seus personagens para focar na busca deles por vingança contra aqueles que feriram ou mataram um de seus companheiros.

A CRIATIVIDADE DO CINEMA PARA SE LIDAR COM A VINGANÇA

Por ser uma motivação tão simples e fácil de compreender, a vingança acaba sendo explorada além do limite, resultando em uma grande variedade de filmes repetitivos e que não extraem algo de interessante de seu objeto de exploração. Por causa disso, muitas vezes olhamos para filmes com essa temática e viramos nossas costas, acreditando já termos visto algo assim antes e que tal produção não trará nada de novo.

Mas mesmo que a vingança realmente seja uma temática muito batida, ainda há no cinema a capacidade de extrair algo criativo desse aspecto narrativo, e mostrar uma jornada vingativa de uma forma inovadora. Quentin Tarantino é um nome que se eleva nesse contexto, com vários de seus maiores filmes explorando a vingança de uma forma mais criativa ou, no mínimo, mais cativante para o público. Kill Bill é talvez o melhor exemplo disso, com sua narrativa girando em torno da jornada de vingança da Noiva (Uma Thurman) contra seu ex-marido Bill (David Carradine) e o seu grupo de assassinos treinados. Tarantino usa essa temática para fazer diversas homenagens a filmes mais antigos e gêneros específicos, usando de recursos de gore e violência para tornar a jornada de sua protagonista ao mesmo tempo sombria e divertida. Entre outros exemplos de como Tarantino explora essa temática são À Prova de Morte, onde a vingança não é o tema principal, mas uma consequência das ações do protagonista (Kurt Russell), Bastardos Inglórios e Django Livre, esses dois últimos colocando a vingança como uma espécie de retribuição de grupos sociais e povos oprimidos contra seus opressores.

Em outro exemplo, O Regresso, de Alejandro Gonzalez Iñárritu, retrata a jornada de Hugh Glass (Leonardo DiCaprio) para sobreviver aos ferimentos de um ataque de urso e vingar seu filho. Nessa jornada, é mostrada a perseverança, os desafios ultrapassados e as batalhas que ele enfrenta para retornar a seu forte, sempre passando a ideia de que matar John Fitzgerald (Tom Hardy), o assassino de seu filho, é o único motivo pelo qual Glass conseguiu se manter vivo apesar de tudo o que enfrentou.

No mais recente Bela Vingança, mais uma vez temos o uso da vingança como uma única razão de vida para a protagonista (Carey Mulligan), associada também a uma recusa dela de encarar uma profunda dor e um trauma que sente, o que a leva a uma onda de assassinatos, onde ela se finge de bêbada e vulnerável para atrair homens em bar e os matar a sangue frio.

Seja como um mal que persegue o protagonista, a negação em se enfrentar um trauma ou uma forma de preencher uma existência vazia, existem formas com as quais o cinema ainda pode explorar a temática da vingança de maneira inovadora. Para isso porém, é preciso ter em mente que esta não é uma motivação tão simples quanto pode parecer. Ela com certeza funciona como uma razão em si, mas ao ser aprofundada, cria ramificações que dão maior embasamento e desenvolvimento para o personagem e sua ação. Aprofundar torna a trama mais complexa, e mesmo uma trama baseada em algo fácil de se entender e até mesmo de se apoiar (dependendo das circunstâncias) pode receber diversas camadas e novos significados dependendo de como os seus realizadores a pensarem.

ARTIGOS relacionados

deixe seu comentário