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Análise & Opinião

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A ascensão e queda de La Casa de Papel

3/12/2021

De maior fenômeno da Netflix a uma série que já se fez presente por mais tempo que o necessário, La Casa de Papel marca um grande problema para os filmes e séries da atualidade: não saber quando parar e sempre querer ser maior que o anterior.

escrito por
Luis Henrique Franco

De maior fenômeno da Netflix a uma série que já se fez presente por mais tempo que o necessário, La Casa de Papel marca um grande problema para os filmes e séries da atualidade: não saber quando parar e sempre querer ser maior que o anterior.

escrito por
Luis Henrique Franco
3/12/2021

Em 2017, um novo fenômeno nascia. La Casa de Papel estreava na Netflix, contando uma típica história sobre um bando de ladrões que decidem realizar um roubo colossal, invadindo a Casa da Moeda da Espanha e saindo de lá com uma quantia absurda de dinheiro. O sucesso da série foi extremo, chegando ao patamar de ser a série mais assistida da plataforma, recorde que deteve por muitos anos.

E então, diante de tamanho sucesso, a série foi renovada para uma nova temporada. Depois disso, uma nova renovação, e mais uma logo após. Com o tempo, o enorme sucesso da série foi se perdendo, e o que antes foi um sucesso mundial estrondoso logo se tornou uma série que excedeu e muito o seu tempo de duração ideal. Tentando extrair o máximo que conseguisse da série, a Netflix transformou La casa de Papel em um enorme exemplo de como o exagero e a contínua repetição de erros acabam por destruir grandes produções, sejam filmes ou séries.

Agora, La Casa de Papel se prepara para lançar a última parte de sua quinta e última temporada pondo fim de uma vez por todas na história que já conquistou tantos fãs pelo mundo. Mas ao mesmo tempo em que essa série chega ao fim, a Netflix já prepara novas produções para substituí-la. De fato, as séries coreanas Round 6 e Profecia do Inferno já atingiram o patamar de séries mais assistidas da plataformas. Diante do que parece ser uma repetição do caso ocorrido em 2017, vale a pena analisar o caminho percorrido por La Casa de Papel para entender como a insistência em continuar com histórias que já deveriam ter acabado afeta negativamente produções que tanto amamos.

UMA HISTÓRIA CONHECIDA EM UM FORMATO NOVO

A trama de La Casa de Papel é semelhante à dos famosos filmes de assalto: um homem brilhante reúne um grupo de ladrões com habilidades específicas para realizar um grande e ousado assalto. Conforme o tempo passa, eles vão elaborando o plano e, no momento do roubo, quando as autoridades começam a perseguí-los, vemos o desenrolar das ideias geniais que eles bolam para despistar seus perseguidores.

No fundo, a série possuía uma trama bastante conhecida pelos público e faz parte de um dos gêneros mais populares do cinema e da televisão. Isso, porém, não parece o suficiente para justificar o sucesso tamanho que a produção alcançou. Principalmente por se tratar de um gênero tão conhecido, seria necessário algo bastante inovador para explicar como a série se tornou tão grande assim.

Grupo de ladrões celebrando o sucesso de uma fase do plano em La Casa de Papel

A primeira parte desse sucesso pode ser explicado justamente pela forma como La Casa de Papel segue o "roteiro" para esse gênero. A série é extremamente bem conduzida em suas primeiras temporadas, e segue os passos corretos para guiar sua história e entrelaçar os fatos e situações apresentadas. Além disso, as primeiras temporadas tinham um equilíbrio excelente de drama, suspense e ação, com cada um dos personagens bem demarcado como um membro necessário para a equipe e carregando em si uma função específica que auxiliaria no plano. Assim, La Casa de Papel propôs, em sua narrativa, desafios que não pareciam exagerados ou absurdos e permitia que estes se resolvessem através das ações e qualidades mais fortes de seus personagens.

O Professor (Álvaro Morte), homem por trás do grande plano de La Casa de Papel.

Mas o sucesso da produção não se deve apenas à forma como seguiu os conceitos básicos de um filme de assalto. Na verdade, La Casa de Papel teve também parte de seu sucesso ligado à maneira como incorporou esses conceitos ao formato da série. Com uma divisão em capítulos longos, as primeiras temporadas possuíram um tempo bastante longo para explorar as dinâmicas e conflitos de seus personagens, aprofundando-os ao longo dos capítulos e dando maior complexidade às relações entre eles. Assim, as emoções do público pelos personagens aumentavam, e em um momento odiávamos um personagem para, logo em seguida, adorá-lo.

Inspetora Raquel, com quem o grupo de ladrões esteve em conflito nas temporadas 1 e 2.

Mas a evolução dos personagens não foi a única vantagem que o formato de série propiciou. Como já foi dito, o conceito de um filme de assalto é que as camadas do plano vão se desenrolando conforme as autoridades vão sendo enganadas. No formato de série, o plano se tornou mais complexo, embora não impossível, permitindo um conflito maior entre o Professor (Álvaro Morte) e a polícia e aumentando a tensão conforme, a cada episódio, víamos uma nova tentativa dos policiais esbarrar contra o planejamento do Professor, ou até conseguir ultrapassá-lo, mas ser logo superado pelo pensamento rápido deste. Por causa disso, a série elevou a tensão do público diante dos acontecimentos, sempre à espera de qual seria o próximo passo de cada um dos lados.

O SUCESSO ESTRONDOSO

Por causa da combinação de todos esses fatores, La Casa de Papel se tornou um marco no mundo das séries e para a Netflix. Ultrapassando todas as expectativas, se tornou uma das séries mais vistas da plataforma logo em sua primeira temporada. E as temporadas consecutivas não ficaram para trás, alcançando números ainda maiores de audiência e transformando a série em um fenômeno mundial.

Entre os recordes batidos, pode-se citar que La Casa de Papel, recentemente, superou Friends como a série a ficar mais dias seguidos no top 10 da Netflix, mantendo-se na lista por incríveis 486 dias. Para além disso, sua terceira temporada bateu o recorde de audiência na primeira semana, sendo assistida por 34 milhões de assinantes nos primeiros sete dias após a sua estreia. Mas a série conseguiu superar até mesmo o seu próprio recorde, com sua quinta temporada sendo vista cerca de 69 milhões de assinantes nas primeiras quatro semanas, recorde que foi mantido pela série até a chegada de Round 6.

Para além do sucesso de audiência, a série se tornou um fenômeno tão grande que inspirou documentários a seu respeito, conteúdos especiais produzidos pela própria Netflix e inúmeros cosplays e homenagens feitas pelos fãs. Por vários anos, essa foi a série mais comentada pelo público, e seus personagens se tornaram os favoritos de muita gente. Mas com tamanho sucesso, a Netflix inevitavelmente empurrou a série mais do que deveria. E quanto maior a altura, maior a queda...

O COMEÇO DA QUEDA

Com o final da segunda temporada, La Casa de Papel poderia ter encerrado sua trama e mantido seu triunfo para com o público. O roubo da Casa da Moeda havia sido executado, e os personagens da equipe seguiram seus caminhos individuais após a missão cumprida. Seria um final bem amarrado e que satisfaria a maior parte do público. Mas, com o enorme sucesso da série, a Netflix decidiu continuar a trama e trazer os personagens de volta.

E logo de cara já temos o primeiro problema: com a trama da Casa da Moeda encerrada na temporada 2, não havia resquícios da trama original para promover uma nova temporada. Isso levou os criadores da série a terem de bolar uma nova trama, um novo roubo e novas motivações para o personagem. Isso não seria problema, se o final da segunda temporada já não tivesse dado um encerramento decente para os personagens, fazendo com que tudo o que veio depois tivesse essa sensação de algo desnecessário.

Assim, foi estabelecida uma nova trama um tanto quanto forçada para reunir a equipe de novo na tentativa de resgatar o personagem Rio (Miguel Herrán), que havia sido capturado pelas forças federais. Para isso, o Professor decide reviver um antigo plano que ele e seu irmão, Berlim (Pedro Alonso), tinham: assaltar o Banco Central da Espanha e levar de lá todo o depósito de ouro do país. A princípio, não parece uma trama tão ruim para uma terceira temporada. Sim, já havíamos presenciado o roubo anterior, e acreditamos que aquele seria o único roubo efetuado na série, de forma que criar um novo assalto parece uma repetição do que já vimos, mas até esse momento a série conseguiu se sustentar.

O problema começa quando, apesar de criar uma nova trama, La Casa de Papel não traz de volta os demais aspectos que fizeram com que nos apaixonássemos por ela. O novo plano de assalto não parece tão bem pensado, hora parecendo grandioso demais, hora sofrendo empecilhos que, nas temporadas anteriores, seriam facilmente previstos pelo Professor. Os próprios membros da equipe, tanto antigos quanto novos, não são mais tão cativantes, com suas relações perdendo um pouco da complexidade anterior e se tornando mais básicas e inspiradas em estereótipos e clichês. Os conflitos desnecessários entre Tóquio (Ursula Corberó) e Palermo (Rodrigo de La Cerna) são um bom exemplo. A série obviamente tenta ressuscitar o antagonismo entre Tóquio e Berlim, tão marcante nas primeiras temporadas, mas Palermo não tem a mesma presença que o antigo personagem e os motivos para os conflitos parecem insignificantes agora.

Conflito entre Tóquio e Palermo na quarta temporada, a respeito do destino de Nairobi.

Outro problema é que o plano já não parece tão bem executado. Antigamente, víamos todo o plano mestre do Professor se desenrolar, com ele prevendo praticamente todos os cenários e como contorná-los. Agora, o Professor parece muito mais reativo, sem saber o que fazer em diversas situações e caindo em armadilhas fáceis.

Essa foi a terceira temporada. Cheia de problemas, mas ainda capaz de entregar uma narrativa interessante. A temporada 4, no entanto, não teve o mesmo sucesso, caindo no problema de parecer não avançar a lugar nenhum, segurando suas tramas e conflitos por tempo longo demais. Parece que, na expectativa de uma renovação para a quinta temporada, os produtores decidiram esticar a quarta o máximo que puderem, alongando conflitos cuja resolução final foi, relativamente fácil. Com exceção do resgate de Lisboa (Itziar Ituño) e do conflito com Gandía (José Manuel Poga), não aconteceu muita coisa nessa temporada.

Gandía, um dos grandes vilões de La Casa de Papel, sendo tratado por Helsinque

E então, chegamos à temporada 5, onde fomos introduzidos a um cenário caótico, com tiroteios a todo o momento e conflitos explodindo a cada instante. Pelos primeiros cinco episódios, La Casa de Papel manteve um ritmo de ação frenética que certamente anima os fãs, mas que coloca também uma dúvida importante: quantos desses momentos de ação são, de fato, relevantes e almejam construir alguma coisa para o final, e quantos foram só um show de adrenalina e pirotecnia generalizada?

COMO TUDO VAI ACABAR? O QUE VIRÁ EM SEGUIDA?

Com tudo o que já se passou na série, La Casa de Papel ainda tem chance de encerrar sua trama de maneira efetiva e agradável para o público. Mesmo com sua primeira parte se resumindo a um show de tiroteios aleatórios, a primeira parte da quinta temporada apresentou pontos que, se bem explorados, podem propiciar um grande desfecho, medindo o peso das decisões tomadas pela equipe, os sacrifícios que todos tiveram de fazer e a conclusão do plano. Ainda assim, a série deve passar longe do sucesso mundial que teve no passado, principalmente pelo fato de que, apesar do fim da série original, já estão em planejamento outras séries no mesmo universo, explorando spin-offs de alguns personagens e mantendo a narrativa viva por ainda mais tempo.

Berlim, o líder do grupo de assaltantes dentro da Casa da Moeda nas primeirastemporadas. O personagem deve receber um spin-off de suas aventuras solo em 2023.

E esse é um problema que cada vez mais séries e franquias de filmes enfrentam nos dias de hoje. Diante de um estrondoso sucesso, eles continuam produzindo mais e mais conteúdo para aquela história, até ultrapassarem o ponto onde sua narrativa poderia ter se encerrado, deixando-os com uma série que já não atrai tanto o público, mas precisa continuar até que eles, finalmente, decidam por um fim nela. Quando essa situação chega, entretanto, é porque a produção já não faz mais nenhum sucesso.

Isso se torna um grave problema para séries que estão desfrutando de seu momento de sucesso agora. Isso porque, devido exatamente a esse sucesso, elas terão mais e mais temporadas, e se a história não for controlada por seus produtores, chegará o dia em que o público se encontrará completamente cansado dela.

Atualmente, vemos dois novos grandes sucessos da Netflix, Round 6 e Arcane, desfrutando de uma grande adoração do público. Se forem bem trabalhadas, as séries podem apresentar mais uma, ou talvez duas temporadas para encerrar sua história com maestria. Mas, se não tiverem mais histórias para contar, é preciso que a equipe delas tenha consciência suficiente para encerrá-las antes que elas percam o interesse do público e comecem a se prolongar além da conta.

É tão triste quando uma série amada por todos chega a um ponto em que sua duração prolongada a faz ser odiada. É triste principalmente porque, nesses casos, a situação seria facilmente evitável.

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La Casa de Papel

La Casa de Papel

Direção: 
Criação:
Roteirista 1
Roteirista 2
Roteirista 3
Diretor 1
Diretor 2
Diretor 3
Elenco Principal:
Ator 1
Ator 2
Ator 3
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De maior fenômeno da Netflix a uma série que já se fez presente por mais tempo que o necessário, La Casa de Papel marca um grande problema para os filmes e séries da atualidade: não saber quando parar e sempre querer ser maior que o anterior.

crítica por
Luis Henrique Franco
3/12/2021

Em 2017, um novo fenômeno nascia. La Casa de Papel estreava na Netflix, contando uma típica história sobre um bando de ladrões que decidem realizar um roubo colossal, invadindo a Casa da Moeda da Espanha e saindo de lá com uma quantia absurda de dinheiro. O sucesso da série foi extremo, chegando ao patamar de ser a série mais assistida da plataforma, recorde que deteve por muitos anos.

E então, diante de tamanho sucesso, a série foi renovada para uma nova temporada. Depois disso, uma nova renovação, e mais uma logo após. Com o tempo, o enorme sucesso da série foi se perdendo, e o que antes foi um sucesso mundial estrondoso logo se tornou uma série que excedeu e muito o seu tempo de duração ideal. Tentando extrair o máximo que conseguisse da série, a Netflix transformou La casa de Papel em um enorme exemplo de como o exagero e a contínua repetição de erros acabam por destruir grandes produções, sejam filmes ou séries.

Agora, La Casa de Papel se prepara para lançar a última parte de sua quinta e última temporada pondo fim de uma vez por todas na história que já conquistou tantos fãs pelo mundo. Mas ao mesmo tempo em que essa série chega ao fim, a Netflix já prepara novas produções para substituí-la. De fato, as séries coreanas Round 6 e Profecia do Inferno já atingiram o patamar de séries mais assistidas da plataformas. Diante do que parece ser uma repetição do caso ocorrido em 2017, vale a pena analisar o caminho percorrido por La Casa de Papel para entender como a insistência em continuar com histórias que já deveriam ter acabado afeta negativamente produções que tanto amamos.

UMA HISTÓRIA CONHECIDA EM UM FORMATO NOVO

A trama de La Casa de Papel é semelhante à dos famosos filmes de assalto: um homem brilhante reúne um grupo de ladrões com habilidades específicas para realizar um grande e ousado assalto. Conforme o tempo passa, eles vão elaborando o plano e, no momento do roubo, quando as autoridades começam a perseguí-los, vemos o desenrolar das ideias geniais que eles bolam para despistar seus perseguidores.

No fundo, a série possuía uma trama bastante conhecida pelos público e faz parte de um dos gêneros mais populares do cinema e da televisão. Isso, porém, não parece o suficiente para justificar o sucesso tamanho que a produção alcançou. Principalmente por se tratar de um gênero tão conhecido, seria necessário algo bastante inovador para explicar como a série se tornou tão grande assim.

Grupo de ladrões celebrando o sucesso de uma fase do plano em La Casa de Papel

A primeira parte desse sucesso pode ser explicado justamente pela forma como La Casa de Papel segue o "roteiro" para esse gênero. A série é extremamente bem conduzida em suas primeiras temporadas, e segue os passos corretos para guiar sua história e entrelaçar os fatos e situações apresentadas. Além disso, as primeiras temporadas tinham um equilíbrio excelente de drama, suspense e ação, com cada um dos personagens bem demarcado como um membro necessário para a equipe e carregando em si uma função específica que auxiliaria no plano. Assim, La Casa de Papel propôs, em sua narrativa, desafios que não pareciam exagerados ou absurdos e permitia que estes se resolvessem através das ações e qualidades mais fortes de seus personagens.

O Professor (Álvaro Morte), homem por trás do grande plano de La Casa de Papel.

Mas o sucesso da produção não se deve apenas à forma como seguiu os conceitos básicos de um filme de assalto. Na verdade, La Casa de Papel teve também parte de seu sucesso ligado à maneira como incorporou esses conceitos ao formato da série. Com uma divisão em capítulos longos, as primeiras temporadas possuíram um tempo bastante longo para explorar as dinâmicas e conflitos de seus personagens, aprofundando-os ao longo dos capítulos e dando maior complexidade às relações entre eles. Assim, as emoções do público pelos personagens aumentavam, e em um momento odiávamos um personagem para, logo em seguida, adorá-lo.

Inspetora Raquel, com quem o grupo de ladrões esteve em conflito nas temporadas 1 e 2.

Mas a evolução dos personagens não foi a única vantagem que o formato de série propiciou. Como já foi dito, o conceito de um filme de assalto é que as camadas do plano vão se desenrolando conforme as autoridades vão sendo enganadas. No formato de série, o plano se tornou mais complexo, embora não impossível, permitindo um conflito maior entre o Professor (Álvaro Morte) e a polícia e aumentando a tensão conforme, a cada episódio, víamos uma nova tentativa dos policiais esbarrar contra o planejamento do Professor, ou até conseguir ultrapassá-lo, mas ser logo superado pelo pensamento rápido deste. Por causa disso, a série elevou a tensão do público diante dos acontecimentos, sempre à espera de qual seria o próximo passo de cada um dos lados.

O SUCESSO ESTRONDOSO

Por causa da combinação de todos esses fatores, La Casa de Papel se tornou um marco no mundo das séries e para a Netflix. Ultrapassando todas as expectativas, se tornou uma das séries mais vistas da plataforma logo em sua primeira temporada. E as temporadas consecutivas não ficaram para trás, alcançando números ainda maiores de audiência e transformando a série em um fenômeno mundial.

Entre os recordes batidos, pode-se citar que La Casa de Papel, recentemente, superou Friends como a série a ficar mais dias seguidos no top 10 da Netflix, mantendo-se na lista por incríveis 486 dias. Para além disso, sua terceira temporada bateu o recorde de audiência na primeira semana, sendo assistida por 34 milhões de assinantes nos primeiros sete dias após a sua estreia. Mas a série conseguiu superar até mesmo o seu próprio recorde, com sua quinta temporada sendo vista cerca de 69 milhões de assinantes nas primeiras quatro semanas, recorde que foi mantido pela série até a chegada de Round 6.

Para além do sucesso de audiência, a série se tornou um fenômeno tão grande que inspirou documentários a seu respeito, conteúdos especiais produzidos pela própria Netflix e inúmeros cosplays e homenagens feitas pelos fãs. Por vários anos, essa foi a série mais comentada pelo público, e seus personagens se tornaram os favoritos de muita gente. Mas com tamanho sucesso, a Netflix inevitavelmente empurrou a série mais do que deveria. E quanto maior a altura, maior a queda...

O COMEÇO DA QUEDA

Com o final da segunda temporada, La Casa de Papel poderia ter encerrado sua trama e mantido seu triunfo para com o público. O roubo da Casa da Moeda havia sido executado, e os personagens da equipe seguiram seus caminhos individuais após a missão cumprida. Seria um final bem amarrado e que satisfaria a maior parte do público. Mas, com o enorme sucesso da série, a Netflix decidiu continuar a trama e trazer os personagens de volta.

E logo de cara já temos o primeiro problema: com a trama da Casa da Moeda encerrada na temporada 2, não havia resquícios da trama original para promover uma nova temporada. Isso levou os criadores da série a terem de bolar uma nova trama, um novo roubo e novas motivações para o personagem. Isso não seria problema, se o final da segunda temporada já não tivesse dado um encerramento decente para os personagens, fazendo com que tudo o que veio depois tivesse essa sensação de algo desnecessário.

Assim, foi estabelecida uma nova trama um tanto quanto forçada para reunir a equipe de novo na tentativa de resgatar o personagem Rio (Miguel Herrán), que havia sido capturado pelas forças federais. Para isso, o Professor decide reviver um antigo plano que ele e seu irmão, Berlim (Pedro Alonso), tinham: assaltar o Banco Central da Espanha e levar de lá todo o depósito de ouro do país. A princípio, não parece uma trama tão ruim para uma terceira temporada. Sim, já havíamos presenciado o roubo anterior, e acreditamos que aquele seria o único roubo efetuado na série, de forma que criar um novo assalto parece uma repetição do que já vimos, mas até esse momento a série conseguiu se sustentar.

O problema começa quando, apesar de criar uma nova trama, La Casa de Papel não traz de volta os demais aspectos que fizeram com que nos apaixonássemos por ela. O novo plano de assalto não parece tão bem pensado, hora parecendo grandioso demais, hora sofrendo empecilhos que, nas temporadas anteriores, seriam facilmente previstos pelo Professor. Os próprios membros da equipe, tanto antigos quanto novos, não são mais tão cativantes, com suas relações perdendo um pouco da complexidade anterior e se tornando mais básicas e inspiradas em estereótipos e clichês. Os conflitos desnecessários entre Tóquio (Ursula Corberó) e Palermo (Rodrigo de La Cerna) são um bom exemplo. A série obviamente tenta ressuscitar o antagonismo entre Tóquio e Berlim, tão marcante nas primeiras temporadas, mas Palermo não tem a mesma presença que o antigo personagem e os motivos para os conflitos parecem insignificantes agora.

Conflito entre Tóquio e Palermo na quarta temporada, a respeito do destino de Nairobi.

Outro problema é que o plano já não parece tão bem executado. Antigamente, víamos todo o plano mestre do Professor se desenrolar, com ele prevendo praticamente todos os cenários e como contorná-los. Agora, o Professor parece muito mais reativo, sem saber o que fazer em diversas situações e caindo em armadilhas fáceis.

Essa foi a terceira temporada. Cheia de problemas, mas ainda capaz de entregar uma narrativa interessante. A temporada 4, no entanto, não teve o mesmo sucesso, caindo no problema de parecer não avançar a lugar nenhum, segurando suas tramas e conflitos por tempo longo demais. Parece que, na expectativa de uma renovação para a quinta temporada, os produtores decidiram esticar a quarta o máximo que puderem, alongando conflitos cuja resolução final foi, relativamente fácil. Com exceção do resgate de Lisboa (Itziar Ituño) e do conflito com Gandía (José Manuel Poga), não aconteceu muita coisa nessa temporada.

Gandía, um dos grandes vilões de La Casa de Papel, sendo tratado por Helsinque

E então, chegamos à temporada 5, onde fomos introduzidos a um cenário caótico, com tiroteios a todo o momento e conflitos explodindo a cada instante. Pelos primeiros cinco episódios, La Casa de Papel manteve um ritmo de ação frenética que certamente anima os fãs, mas que coloca também uma dúvida importante: quantos desses momentos de ação são, de fato, relevantes e almejam construir alguma coisa para o final, e quantos foram só um show de adrenalina e pirotecnia generalizada?

COMO TUDO VAI ACABAR? O QUE VIRÁ EM SEGUIDA?

Com tudo o que já se passou na série, La Casa de Papel ainda tem chance de encerrar sua trama de maneira efetiva e agradável para o público. Mesmo com sua primeira parte se resumindo a um show de tiroteios aleatórios, a primeira parte da quinta temporada apresentou pontos que, se bem explorados, podem propiciar um grande desfecho, medindo o peso das decisões tomadas pela equipe, os sacrifícios que todos tiveram de fazer e a conclusão do plano. Ainda assim, a série deve passar longe do sucesso mundial que teve no passado, principalmente pelo fato de que, apesar do fim da série original, já estão em planejamento outras séries no mesmo universo, explorando spin-offs de alguns personagens e mantendo a narrativa viva por ainda mais tempo.

Berlim, o líder do grupo de assaltantes dentro da Casa da Moeda nas primeirastemporadas. O personagem deve receber um spin-off de suas aventuras solo em 2023.

E esse é um problema que cada vez mais séries e franquias de filmes enfrentam nos dias de hoje. Diante de um estrondoso sucesso, eles continuam produzindo mais e mais conteúdo para aquela história, até ultrapassarem o ponto onde sua narrativa poderia ter se encerrado, deixando-os com uma série que já não atrai tanto o público, mas precisa continuar até que eles, finalmente, decidam por um fim nela. Quando essa situação chega, entretanto, é porque a produção já não faz mais nenhum sucesso.

Isso se torna um grave problema para séries que estão desfrutando de seu momento de sucesso agora. Isso porque, devido exatamente a esse sucesso, elas terão mais e mais temporadas, e se a história não for controlada por seus produtores, chegará o dia em que o público se encontrará completamente cansado dela.

Atualmente, vemos dois novos grandes sucessos da Netflix, Round 6 e Arcane, desfrutando de uma grande adoração do público. Se forem bem trabalhadas, as séries podem apresentar mais uma, ou talvez duas temporadas para encerrar sua história com maestria. Mas, se não tiverem mais histórias para contar, é preciso que a equipe delas tenha consciência suficiente para encerrá-las antes que elas percam o interesse do público e comecem a se prolongar além da conta.

É tão triste quando uma série amada por todos chega a um ponto em que sua duração prolongada a faz ser odiada. É triste principalmente porque, nesses casos, a situação seria facilmente evitável.

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Análise & Opinião

De maior fenômeno da Netflix a uma série que já se fez presente por mais tempo que o necessário, La Casa de Papel marca um grande problema para os filmes e séries da atualidade: não saber quando parar e sempre querer ser maior que o anterior.

escrito por
Luis Henrique Franco
3/12/2021
nascimento

De maior fenômeno da Netflix a uma série que já se fez presente por mais tempo que o necessário, La Casa de Papel marca um grande problema para os filmes e séries da atualidade: não saber quando parar e sempre querer ser maior que o anterior.

escrito por
Luis Henrique Franco
3/12/2021

Em 2017, um novo fenômeno nascia. La Casa de Papel estreava na Netflix, contando uma típica história sobre um bando de ladrões que decidem realizar um roubo colossal, invadindo a Casa da Moeda da Espanha e saindo de lá com uma quantia absurda de dinheiro. O sucesso da série foi extremo, chegando ao patamar de ser a série mais assistida da plataforma, recorde que deteve por muitos anos.

E então, diante de tamanho sucesso, a série foi renovada para uma nova temporada. Depois disso, uma nova renovação, e mais uma logo após. Com o tempo, o enorme sucesso da série foi se perdendo, e o que antes foi um sucesso mundial estrondoso logo se tornou uma série que excedeu e muito o seu tempo de duração ideal. Tentando extrair o máximo que conseguisse da série, a Netflix transformou La casa de Papel em um enorme exemplo de como o exagero e a contínua repetição de erros acabam por destruir grandes produções, sejam filmes ou séries.

Agora, La Casa de Papel se prepara para lançar a última parte de sua quinta e última temporada pondo fim de uma vez por todas na história que já conquistou tantos fãs pelo mundo. Mas ao mesmo tempo em que essa série chega ao fim, a Netflix já prepara novas produções para substituí-la. De fato, as séries coreanas Round 6 e Profecia do Inferno já atingiram o patamar de séries mais assistidas da plataformas. Diante do que parece ser uma repetição do caso ocorrido em 2017, vale a pena analisar o caminho percorrido por La Casa de Papel para entender como a insistência em continuar com histórias que já deveriam ter acabado afeta negativamente produções que tanto amamos.

UMA HISTÓRIA CONHECIDA EM UM FORMATO NOVO

A trama de La Casa de Papel é semelhante à dos famosos filmes de assalto: um homem brilhante reúne um grupo de ladrões com habilidades específicas para realizar um grande e ousado assalto. Conforme o tempo passa, eles vão elaborando o plano e, no momento do roubo, quando as autoridades começam a perseguí-los, vemos o desenrolar das ideias geniais que eles bolam para despistar seus perseguidores.

No fundo, a série possuía uma trama bastante conhecida pelos público e faz parte de um dos gêneros mais populares do cinema e da televisão. Isso, porém, não parece o suficiente para justificar o sucesso tamanho que a produção alcançou. Principalmente por se tratar de um gênero tão conhecido, seria necessário algo bastante inovador para explicar como a série se tornou tão grande assim.

Grupo de ladrões celebrando o sucesso de uma fase do plano em La Casa de Papel

A primeira parte desse sucesso pode ser explicado justamente pela forma como La Casa de Papel segue o "roteiro" para esse gênero. A série é extremamente bem conduzida em suas primeiras temporadas, e segue os passos corretos para guiar sua história e entrelaçar os fatos e situações apresentadas. Além disso, as primeiras temporadas tinham um equilíbrio excelente de drama, suspense e ação, com cada um dos personagens bem demarcado como um membro necessário para a equipe e carregando em si uma função específica que auxiliaria no plano. Assim, La Casa de Papel propôs, em sua narrativa, desafios que não pareciam exagerados ou absurdos e permitia que estes se resolvessem através das ações e qualidades mais fortes de seus personagens.

O Professor (Álvaro Morte), homem por trás do grande plano de La Casa de Papel.

Mas o sucesso da produção não se deve apenas à forma como seguiu os conceitos básicos de um filme de assalto. Na verdade, La Casa de Papel teve também parte de seu sucesso ligado à maneira como incorporou esses conceitos ao formato da série. Com uma divisão em capítulos longos, as primeiras temporadas possuíram um tempo bastante longo para explorar as dinâmicas e conflitos de seus personagens, aprofundando-os ao longo dos capítulos e dando maior complexidade às relações entre eles. Assim, as emoções do público pelos personagens aumentavam, e em um momento odiávamos um personagem para, logo em seguida, adorá-lo.

Inspetora Raquel, com quem o grupo de ladrões esteve em conflito nas temporadas 1 e 2.

Mas a evolução dos personagens não foi a única vantagem que o formato de série propiciou. Como já foi dito, o conceito de um filme de assalto é que as camadas do plano vão se desenrolando conforme as autoridades vão sendo enganadas. No formato de série, o plano se tornou mais complexo, embora não impossível, permitindo um conflito maior entre o Professor (Álvaro Morte) e a polícia e aumentando a tensão conforme, a cada episódio, víamos uma nova tentativa dos policiais esbarrar contra o planejamento do Professor, ou até conseguir ultrapassá-lo, mas ser logo superado pelo pensamento rápido deste. Por causa disso, a série elevou a tensão do público diante dos acontecimentos, sempre à espera de qual seria o próximo passo de cada um dos lados.

O SUCESSO ESTRONDOSO

Por causa da combinação de todos esses fatores, La Casa de Papel se tornou um marco no mundo das séries e para a Netflix. Ultrapassando todas as expectativas, se tornou uma das séries mais vistas da plataforma logo em sua primeira temporada. E as temporadas consecutivas não ficaram para trás, alcançando números ainda maiores de audiência e transformando a série em um fenômeno mundial.

Entre os recordes batidos, pode-se citar que La Casa de Papel, recentemente, superou Friends como a série a ficar mais dias seguidos no top 10 da Netflix, mantendo-se na lista por incríveis 486 dias. Para além disso, sua terceira temporada bateu o recorde de audiência na primeira semana, sendo assistida por 34 milhões de assinantes nos primeiros sete dias após a sua estreia. Mas a série conseguiu superar até mesmo o seu próprio recorde, com sua quinta temporada sendo vista cerca de 69 milhões de assinantes nas primeiras quatro semanas, recorde que foi mantido pela série até a chegada de Round 6.

Para além do sucesso de audiência, a série se tornou um fenômeno tão grande que inspirou documentários a seu respeito, conteúdos especiais produzidos pela própria Netflix e inúmeros cosplays e homenagens feitas pelos fãs. Por vários anos, essa foi a série mais comentada pelo público, e seus personagens se tornaram os favoritos de muita gente. Mas com tamanho sucesso, a Netflix inevitavelmente empurrou a série mais do que deveria. E quanto maior a altura, maior a queda...

O COMEÇO DA QUEDA

Com o final da segunda temporada, La Casa de Papel poderia ter encerrado sua trama e mantido seu triunfo para com o público. O roubo da Casa da Moeda havia sido executado, e os personagens da equipe seguiram seus caminhos individuais após a missão cumprida. Seria um final bem amarrado e que satisfaria a maior parte do público. Mas, com o enorme sucesso da série, a Netflix decidiu continuar a trama e trazer os personagens de volta.

E logo de cara já temos o primeiro problema: com a trama da Casa da Moeda encerrada na temporada 2, não havia resquícios da trama original para promover uma nova temporada. Isso levou os criadores da série a terem de bolar uma nova trama, um novo roubo e novas motivações para o personagem. Isso não seria problema, se o final da segunda temporada já não tivesse dado um encerramento decente para os personagens, fazendo com que tudo o que veio depois tivesse essa sensação de algo desnecessário.

Assim, foi estabelecida uma nova trama um tanto quanto forçada para reunir a equipe de novo na tentativa de resgatar o personagem Rio (Miguel Herrán), que havia sido capturado pelas forças federais. Para isso, o Professor decide reviver um antigo plano que ele e seu irmão, Berlim (Pedro Alonso), tinham: assaltar o Banco Central da Espanha e levar de lá todo o depósito de ouro do país. A princípio, não parece uma trama tão ruim para uma terceira temporada. Sim, já havíamos presenciado o roubo anterior, e acreditamos que aquele seria o único roubo efetuado na série, de forma que criar um novo assalto parece uma repetição do que já vimos, mas até esse momento a série conseguiu se sustentar.

O problema começa quando, apesar de criar uma nova trama, La Casa de Papel não traz de volta os demais aspectos que fizeram com que nos apaixonássemos por ela. O novo plano de assalto não parece tão bem pensado, hora parecendo grandioso demais, hora sofrendo empecilhos que, nas temporadas anteriores, seriam facilmente previstos pelo Professor. Os próprios membros da equipe, tanto antigos quanto novos, não são mais tão cativantes, com suas relações perdendo um pouco da complexidade anterior e se tornando mais básicas e inspiradas em estereótipos e clichês. Os conflitos desnecessários entre Tóquio (Ursula Corberó) e Palermo (Rodrigo de La Cerna) são um bom exemplo. A série obviamente tenta ressuscitar o antagonismo entre Tóquio e Berlim, tão marcante nas primeiras temporadas, mas Palermo não tem a mesma presença que o antigo personagem e os motivos para os conflitos parecem insignificantes agora.

Conflito entre Tóquio e Palermo na quarta temporada, a respeito do destino de Nairobi.

Outro problema é que o plano já não parece tão bem executado. Antigamente, víamos todo o plano mestre do Professor se desenrolar, com ele prevendo praticamente todos os cenários e como contorná-los. Agora, o Professor parece muito mais reativo, sem saber o que fazer em diversas situações e caindo em armadilhas fáceis.

Essa foi a terceira temporada. Cheia de problemas, mas ainda capaz de entregar uma narrativa interessante. A temporada 4, no entanto, não teve o mesmo sucesso, caindo no problema de parecer não avançar a lugar nenhum, segurando suas tramas e conflitos por tempo longo demais. Parece que, na expectativa de uma renovação para a quinta temporada, os produtores decidiram esticar a quarta o máximo que puderem, alongando conflitos cuja resolução final foi, relativamente fácil. Com exceção do resgate de Lisboa (Itziar Ituño) e do conflito com Gandía (José Manuel Poga), não aconteceu muita coisa nessa temporada.

Gandía, um dos grandes vilões de La Casa de Papel, sendo tratado por Helsinque

E então, chegamos à temporada 5, onde fomos introduzidos a um cenário caótico, com tiroteios a todo o momento e conflitos explodindo a cada instante. Pelos primeiros cinco episódios, La Casa de Papel manteve um ritmo de ação frenética que certamente anima os fãs, mas que coloca também uma dúvida importante: quantos desses momentos de ação são, de fato, relevantes e almejam construir alguma coisa para o final, e quantos foram só um show de adrenalina e pirotecnia generalizada?

COMO TUDO VAI ACABAR? O QUE VIRÁ EM SEGUIDA?

Com tudo o que já se passou na série, La Casa de Papel ainda tem chance de encerrar sua trama de maneira efetiva e agradável para o público. Mesmo com sua primeira parte se resumindo a um show de tiroteios aleatórios, a primeira parte da quinta temporada apresentou pontos que, se bem explorados, podem propiciar um grande desfecho, medindo o peso das decisões tomadas pela equipe, os sacrifícios que todos tiveram de fazer e a conclusão do plano. Ainda assim, a série deve passar longe do sucesso mundial que teve no passado, principalmente pelo fato de que, apesar do fim da série original, já estão em planejamento outras séries no mesmo universo, explorando spin-offs de alguns personagens e mantendo a narrativa viva por ainda mais tempo.

Berlim, o líder do grupo de assaltantes dentro da Casa da Moeda nas primeirastemporadas. O personagem deve receber um spin-off de suas aventuras solo em 2023.

E esse é um problema que cada vez mais séries e franquias de filmes enfrentam nos dias de hoje. Diante de um estrondoso sucesso, eles continuam produzindo mais e mais conteúdo para aquela história, até ultrapassarem o ponto onde sua narrativa poderia ter se encerrado, deixando-os com uma série que já não atrai tanto o público, mas precisa continuar até que eles, finalmente, decidam por um fim nela. Quando essa situação chega, entretanto, é porque a produção já não faz mais nenhum sucesso.

Isso se torna um grave problema para séries que estão desfrutando de seu momento de sucesso agora. Isso porque, devido exatamente a esse sucesso, elas terão mais e mais temporadas, e se a história não for controlada por seus produtores, chegará o dia em que o público se encontrará completamente cansado dela.

Atualmente, vemos dois novos grandes sucessos da Netflix, Round 6 e Arcane, desfrutando de uma grande adoração do público. Se forem bem trabalhadas, as séries podem apresentar mais uma, ou talvez duas temporadas para encerrar sua história com maestria. Mas, se não tiverem mais histórias para contar, é preciso que a equipe delas tenha consciência suficiente para encerrá-las antes que elas percam o interesse do público e comecem a se prolongar além da conta.

É tão triste quando uma série amada por todos chega a um ponto em que sua duração prolongada a faz ser odiada. É triste principalmente porque, nesses casos, a situação seria facilmente evitável.

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