Crítica

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Concorrência Oficial: o choque entre três mundos do cinema

22/7/2022

Mesmo que explore um tema batido, a rivalidade entre atores de métodos distintos, Concorrência Oficial faz isso de maneira a proporcionar uma história divertida e absurda que coloca três talentos do cinema em um conflito reflexivo sobre os caminhos da arte.

escrito por
Luis Henrique Franco

Mesmo que explore um tema batido, a rivalidade entre atores de métodos distintos, Concorrência Oficial faz isso de maneira a proporcionar uma história divertida e absurda que coloca três talentos do cinema em um conflito reflexivo sobre os caminhos da arte.

escrito por
Luis Henrique Franco
22/7/2022

Lançado em 2021, Concorrência Oficial chegou ao Brasil essa semana pela plataforma do Star+, trazendo uma história interessante e divertida sobre o conflito entre três pessoas: uma diretora de cinema, um ator celebridade e um professor de atuação. A única coisa que os três têm em comum é que foram contratados por um excêntrico milionário que, na esperança de deixar algo para as pessoas se lembrarem dele, decide produzir um longa-metragem. Mas logo nos ensaios, a produção se mostra um trabalho difícil, quando as diferenças entre os três provocam conflitos intermináveis e catastróficos.

A trama de Concorrência Oficial não é exatamente algo inovador. Inúmeros filmes já trataram dessa rivalidade entre atores e diretores de gerações e métodos diferentes. Birdman, ou A Inesperada Virtude da Ignorância, chegou a ganhar um Oscar de Melhor Filme contando uma história parecida. Mas mesmo que não seja algo novo, o filme ainda assim consegue explorar essa temática com bastante aprumo e consciência, criando situações engraçadas e reflexivas com uma linguagem ácida que nunca deixa de mostrar os podres de todos os lados.

Félix, Lola e Iván se encontram em um dos ensaios para o filme.

Nessa história e nesse debate, as atuações do trio principal carregam o enredo e os personagens, mostrando suas qualidades e seus defeitos de maneira a propiciar um estranho equilíbrio que leva o público a torcer, ao mesmo tempo, a favor e contra cada um deles. Toda a trama é realizada ao longo dos nove ensaios anteriores à filmagem oficial, no qual o trio de personagens se encontra pela primeira vez e vai desenvolvendo suas relações, das quais brota química de sobra entre o elenco, tornando cada conflito e cada momento de sucesso mais verídico e intensificando os momentos dramáticos tanto quanto os tensos e os engraçados e fortalecendo os três pontos principais dentro da discussão.

No primeiro ponto, temos a diretora do longa, Lola Cuevas (Penelope Cruz), uma artista renomada e de sucesso, mas com uma visão excêntrica sobre como gerenciar seu trabalho e que apresenta ideias absurdas durante o ensaio, tentando sempre ser o elo de união dentro do trio, pois tudo o que ela quer é realizar o seu projeto. Suas ações nos ensaios refletem seus dramas e dualidades, sempre tentando ser ela mesma e ao mesmo se manter atualizada e a par do que acontece no mundo moderno, realizar sua própria visão e atender aos desejos de seu contratante, insistir em sua forma de fazer as coisas enquanto mede onde pode fazer concessões aos demais envolvidos. Um esforço que testa sua paciência e vai aos poucos tirando sua energia do projeto.

Lola, interpretada por Penélope Cruz, explica sua visão para o filme.

Em seguida, temos Iván (Oscar Martínez), ator veterano e professor de atuação cuja visão é a de que cinema deve ser arte, que toda a forma de entretenimento que não faça o público refletir é banal e só contribui para o emburrecimento de uma população já burra. Ao mesmo tempo, ele se fecha nessa visão conservadora e não percebe como sua atuação é carente de algo que a conecte ao público, por melhor que seja, impedindo-o de ser bem sucedido como ator, apesar de seu talento.

Por último, temos Félix (Antonio Banderas), um ator celebridade que já arrecadou inúmeros prêmios e vive uma vida de luxo, mas cujos papéis são sempre vazios e seu método de atuação é seco e "automático". O que é irônico, visto que o personagem demonstra em vários momentos sua capacidade de ser algo mais, de atuar de maneira mais profunda, mas nunca se compromete a isso por estar preso às demandas da indústria cinematográfica de blockbusters.

Félix (Banderas) e Iván (Martínez) leem o roteiro do filme.

O principal conflito do filme é entre os dois atores. Banderas e Martínez trabalham muito bem juntos, cada um testando os limites dos outros e gradualmente intensificando a rivalidade dos dois, em uma trama metalinguística na qual o drama entre os atores reflete o drama de seus personagens no filme que gravam. Novamente, não é algo que nunca tenha sido feito, mas o fato de que o filme nunca mostra as filmagens em si, permanecendo somente nos ensaios, tira um pouco esse lado da comparação entre filme e "realidade" e foca mais profundamente nos atores. O filme dentro do filme é irrelevante na história, e o tema central é o conflito entre dois atores com visões de mundo diferentes das quais nenhum dos dois abre mão.

Lola prende os dois atores juntos com plástico para um experimento em um dos ensaios.

Outro ponto interessante de Concorrência Oficial é como os conflitos trabalham uma certa hipocrisia dos dois atores, na qual nenhum dois realmente vive por completo aquilo que afirma ser essencial, mas ambos são arrogantes demais para reconhecer isso. Elevando esse problema ao trio de personagens, o papel de Lola se torna muito mais chamativo quando percebemos que ela é a única que tem uma visão clara de que sua visão de mundo nunca vai se concretizar e tenta a todo o custo destruir o ego inflado dos dois atores (assim como o seu próprio) e simplesmente focar em fazer o seu filme.

Félix, Lola e Iván ensaiam embaixo de uma enorme pedra.

Concorrência Oficial não é uma história completamente inovadora ou uma discussão revolucionária sobre cinema, mas é interessante ver o olhar de seus realizadores sobre os assuntos tratados e as interpretações de seu elenco de pessoas extremamente problemáticas que são forçadas a trabalhar juntos, além de ter momentos extremamente ácidos e engraçados ao longo de seus percursos.

O longa chegou hoje, dia 22 de julho, no serviço do Star+. Confira!

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Concorrência Oficial

Concorrência Oficial

Direção: 
Criação:
Roteirista 1
Roteirista 2
Roteirista 3
Diretor 1
Diretor 2
Diretor 3
Elenco Principal:
Ator 1
Ator 2
Ator 3
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Mesmo que explore um tema batido, a rivalidade entre atores de métodos distintos, Concorrência Oficial faz isso de maneira a proporcionar uma história divertida e absurda que coloca três talentos do cinema em um conflito reflexivo sobre os caminhos da arte.

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Luis Henrique Franco
22/7/2022

Lançado em 2021, Concorrência Oficial chegou ao Brasil essa semana pela plataforma do Star+, trazendo uma história interessante e divertida sobre o conflito entre três pessoas: uma diretora de cinema, um ator celebridade e um professor de atuação. A única coisa que os três têm em comum é que foram contratados por um excêntrico milionário que, na esperança de deixar algo para as pessoas se lembrarem dele, decide produzir um longa-metragem. Mas logo nos ensaios, a produção se mostra um trabalho difícil, quando as diferenças entre os três provocam conflitos intermináveis e catastróficos.

A trama de Concorrência Oficial não é exatamente algo inovador. Inúmeros filmes já trataram dessa rivalidade entre atores e diretores de gerações e métodos diferentes. Birdman, ou A Inesperada Virtude da Ignorância, chegou a ganhar um Oscar de Melhor Filme contando uma história parecida. Mas mesmo que não seja algo novo, o filme ainda assim consegue explorar essa temática com bastante aprumo e consciência, criando situações engraçadas e reflexivas com uma linguagem ácida que nunca deixa de mostrar os podres de todos os lados.

Félix, Lola e Iván se encontram em um dos ensaios para o filme.

Nessa história e nesse debate, as atuações do trio principal carregam o enredo e os personagens, mostrando suas qualidades e seus defeitos de maneira a propiciar um estranho equilíbrio que leva o público a torcer, ao mesmo tempo, a favor e contra cada um deles. Toda a trama é realizada ao longo dos nove ensaios anteriores à filmagem oficial, no qual o trio de personagens se encontra pela primeira vez e vai desenvolvendo suas relações, das quais brota química de sobra entre o elenco, tornando cada conflito e cada momento de sucesso mais verídico e intensificando os momentos dramáticos tanto quanto os tensos e os engraçados e fortalecendo os três pontos principais dentro da discussão.

No primeiro ponto, temos a diretora do longa, Lola Cuevas (Penelope Cruz), uma artista renomada e de sucesso, mas com uma visão excêntrica sobre como gerenciar seu trabalho e que apresenta ideias absurdas durante o ensaio, tentando sempre ser o elo de união dentro do trio, pois tudo o que ela quer é realizar o seu projeto. Suas ações nos ensaios refletem seus dramas e dualidades, sempre tentando ser ela mesma e ao mesmo se manter atualizada e a par do que acontece no mundo moderno, realizar sua própria visão e atender aos desejos de seu contratante, insistir em sua forma de fazer as coisas enquanto mede onde pode fazer concessões aos demais envolvidos. Um esforço que testa sua paciência e vai aos poucos tirando sua energia do projeto.

Lola, interpretada por Penélope Cruz, explica sua visão para o filme.

Em seguida, temos Iván (Oscar Martínez), ator veterano e professor de atuação cuja visão é a de que cinema deve ser arte, que toda a forma de entretenimento que não faça o público refletir é banal e só contribui para o emburrecimento de uma população já burra. Ao mesmo tempo, ele se fecha nessa visão conservadora e não percebe como sua atuação é carente de algo que a conecte ao público, por melhor que seja, impedindo-o de ser bem sucedido como ator, apesar de seu talento.

Por último, temos Félix (Antonio Banderas), um ator celebridade que já arrecadou inúmeros prêmios e vive uma vida de luxo, mas cujos papéis são sempre vazios e seu método de atuação é seco e "automático". O que é irônico, visto que o personagem demonstra em vários momentos sua capacidade de ser algo mais, de atuar de maneira mais profunda, mas nunca se compromete a isso por estar preso às demandas da indústria cinematográfica de blockbusters.

Félix (Banderas) e Iván (Martínez) leem o roteiro do filme.

O principal conflito do filme é entre os dois atores. Banderas e Martínez trabalham muito bem juntos, cada um testando os limites dos outros e gradualmente intensificando a rivalidade dos dois, em uma trama metalinguística na qual o drama entre os atores reflete o drama de seus personagens no filme que gravam. Novamente, não é algo que nunca tenha sido feito, mas o fato de que o filme nunca mostra as filmagens em si, permanecendo somente nos ensaios, tira um pouco esse lado da comparação entre filme e "realidade" e foca mais profundamente nos atores. O filme dentro do filme é irrelevante na história, e o tema central é o conflito entre dois atores com visões de mundo diferentes das quais nenhum dos dois abre mão.

Lola prende os dois atores juntos com plástico para um experimento em um dos ensaios.

Outro ponto interessante de Concorrência Oficial é como os conflitos trabalham uma certa hipocrisia dos dois atores, na qual nenhum dois realmente vive por completo aquilo que afirma ser essencial, mas ambos são arrogantes demais para reconhecer isso. Elevando esse problema ao trio de personagens, o papel de Lola se torna muito mais chamativo quando percebemos que ela é a única que tem uma visão clara de que sua visão de mundo nunca vai se concretizar e tenta a todo o custo destruir o ego inflado dos dois atores (assim como o seu próprio) e simplesmente focar em fazer o seu filme.

Félix, Lola e Iván ensaiam embaixo de uma enorme pedra.

Concorrência Oficial não é uma história completamente inovadora ou uma discussão revolucionária sobre cinema, mas é interessante ver o olhar de seus realizadores sobre os assuntos tratados e as interpretações de seu elenco de pessoas extremamente problemáticas que são forçadas a trabalhar juntos, além de ter momentos extremamente ácidos e engraçados ao longo de seus percursos.

O longa chegou hoje, dia 22 de julho, no serviço do Star+. Confira!

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Mesmo que explore um tema batido, a rivalidade entre atores de métodos distintos, Concorrência Oficial faz isso de maneira a proporcionar uma história divertida e absurda que coloca três talentos do cinema em um conflito reflexivo sobre os caminhos da arte.

escrito por
Luis Henrique Franco
22/7/2022
nascimento

Mesmo que explore um tema batido, a rivalidade entre atores de métodos distintos, Concorrência Oficial faz isso de maneira a proporcionar uma história divertida e absurda que coloca três talentos do cinema em um conflito reflexivo sobre os caminhos da arte.

escrito por
Luis Henrique Franco
22/7/2022

Lançado em 2021, Concorrência Oficial chegou ao Brasil essa semana pela plataforma do Star+, trazendo uma história interessante e divertida sobre o conflito entre três pessoas: uma diretora de cinema, um ator celebridade e um professor de atuação. A única coisa que os três têm em comum é que foram contratados por um excêntrico milionário que, na esperança de deixar algo para as pessoas se lembrarem dele, decide produzir um longa-metragem. Mas logo nos ensaios, a produção se mostra um trabalho difícil, quando as diferenças entre os três provocam conflitos intermináveis e catastróficos.

A trama de Concorrência Oficial não é exatamente algo inovador. Inúmeros filmes já trataram dessa rivalidade entre atores e diretores de gerações e métodos diferentes. Birdman, ou A Inesperada Virtude da Ignorância, chegou a ganhar um Oscar de Melhor Filme contando uma história parecida. Mas mesmo que não seja algo novo, o filme ainda assim consegue explorar essa temática com bastante aprumo e consciência, criando situações engraçadas e reflexivas com uma linguagem ácida que nunca deixa de mostrar os podres de todos os lados.

Félix, Lola e Iván se encontram em um dos ensaios para o filme.

Nessa história e nesse debate, as atuações do trio principal carregam o enredo e os personagens, mostrando suas qualidades e seus defeitos de maneira a propiciar um estranho equilíbrio que leva o público a torcer, ao mesmo tempo, a favor e contra cada um deles. Toda a trama é realizada ao longo dos nove ensaios anteriores à filmagem oficial, no qual o trio de personagens se encontra pela primeira vez e vai desenvolvendo suas relações, das quais brota química de sobra entre o elenco, tornando cada conflito e cada momento de sucesso mais verídico e intensificando os momentos dramáticos tanto quanto os tensos e os engraçados e fortalecendo os três pontos principais dentro da discussão.

No primeiro ponto, temos a diretora do longa, Lola Cuevas (Penelope Cruz), uma artista renomada e de sucesso, mas com uma visão excêntrica sobre como gerenciar seu trabalho e que apresenta ideias absurdas durante o ensaio, tentando sempre ser o elo de união dentro do trio, pois tudo o que ela quer é realizar o seu projeto. Suas ações nos ensaios refletem seus dramas e dualidades, sempre tentando ser ela mesma e ao mesmo se manter atualizada e a par do que acontece no mundo moderno, realizar sua própria visão e atender aos desejos de seu contratante, insistir em sua forma de fazer as coisas enquanto mede onde pode fazer concessões aos demais envolvidos. Um esforço que testa sua paciência e vai aos poucos tirando sua energia do projeto.

Lola, interpretada por Penélope Cruz, explica sua visão para o filme.

Em seguida, temos Iván (Oscar Martínez), ator veterano e professor de atuação cuja visão é a de que cinema deve ser arte, que toda a forma de entretenimento que não faça o público refletir é banal e só contribui para o emburrecimento de uma população já burra. Ao mesmo tempo, ele se fecha nessa visão conservadora e não percebe como sua atuação é carente de algo que a conecte ao público, por melhor que seja, impedindo-o de ser bem sucedido como ator, apesar de seu talento.

Por último, temos Félix (Antonio Banderas), um ator celebridade que já arrecadou inúmeros prêmios e vive uma vida de luxo, mas cujos papéis são sempre vazios e seu método de atuação é seco e "automático". O que é irônico, visto que o personagem demonstra em vários momentos sua capacidade de ser algo mais, de atuar de maneira mais profunda, mas nunca se compromete a isso por estar preso às demandas da indústria cinematográfica de blockbusters.

Félix (Banderas) e Iván (Martínez) leem o roteiro do filme.

O principal conflito do filme é entre os dois atores. Banderas e Martínez trabalham muito bem juntos, cada um testando os limites dos outros e gradualmente intensificando a rivalidade dos dois, em uma trama metalinguística na qual o drama entre os atores reflete o drama de seus personagens no filme que gravam. Novamente, não é algo que nunca tenha sido feito, mas o fato de que o filme nunca mostra as filmagens em si, permanecendo somente nos ensaios, tira um pouco esse lado da comparação entre filme e "realidade" e foca mais profundamente nos atores. O filme dentro do filme é irrelevante na história, e o tema central é o conflito entre dois atores com visões de mundo diferentes das quais nenhum dos dois abre mão.

Lola prende os dois atores juntos com plástico para um experimento em um dos ensaios.

Outro ponto interessante de Concorrência Oficial é como os conflitos trabalham uma certa hipocrisia dos dois atores, na qual nenhum dois realmente vive por completo aquilo que afirma ser essencial, mas ambos são arrogantes demais para reconhecer isso. Elevando esse problema ao trio de personagens, o papel de Lola se torna muito mais chamativo quando percebemos que ela é a única que tem uma visão clara de que sua visão de mundo nunca vai se concretizar e tenta a todo o custo destruir o ego inflado dos dois atores (assim como o seu próprio) e simplesmente focar em fazer o seu filme.

Félix, Lola e Iván ensaiam embaixo de uma enorme pedra.

Concorrência Oficial não é uma história completamente inovadora ou uma discussão revolucionária sobre cinema, mas é interessante ver o olhar de seus realizadores sobre os assuntos tratados e as interpretações de seu elenco de pessoas extremamente problemáticas que são forçadas a trabalhar juntos, além de ter momentos extremamente ácidos e engraçados ao longo de seus percursos.

O longa chegou hoje, dia 22 de julho, no serviço do Star+. Confira!

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