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Crítica: Boni Bonita – Uma ideia problemática e um relacionamento tóxico

5/12/2020

"Boni Bonita" narra a história de um romance de uma adolescente rebelde por um cantor mais velho ao longo dos anos. Em meio a uma tentativa de basear sua história no desenvolvimento de um conto de amor, o filme se perde em protagonistas pouco interessantes e que não sustentam a trama.

escrito por
Luis Henrique Franco

"Boni Bonita" narra a história de um romance de uma adolescente rebelde por um cantor mais velho ao longo dos anos. Em meio a uma tentativa de basear sua história no desenvolvimento de um conto de amor, o filme se perde em protagonistas pouco interessantes e que não sustentam a trama.

escrito por
Luis Henrique Franco
5/12/2020

A premissa de Boni Bonita, produção nacional feita em parceria com a Argentina, é bastante simples: um romance entre uma adolescente rebelde chamada Beatriz (Ailín Salas) e um cantor de MPB, Rogério (Caco Ciocler). A trama se dispõe a acompanhar o desenvolvimento dessa relação, mostrando os momentos que os dois compartilharam na casa de Rogério.

A ideia de um romance como motor para um enredo não é novidade, mas se for feito da maneira correta, ainda hoje pode provocar surpresas e criar narrativas bastante marcantes. Contudo, para que isso aconteça, é preciso que os atores escalados sejam bons, que os personagens sejam interessantes e que haja uma química entre o casal principal. Essas questões são importantes em todos os filmes, mas quando a premissa inteira da sua produção e acompanhar um romance, eles só tornam ainda mais essenciais.

O problema de Boni Bonita é que ele não possui nenhuma das três qualidades. A começar pelos atores, tanto Ailín Salas quando Caco Ciocler não convencem em seus papéis, e quase todas as interações entre eles parecem extremamente forçadas. Mesmo conversas normais soam extremamente falsas e ensaiadas. Não há emoção colocada em momentos-chave da trama, e momentos tanto de paixão quanto de tensão soam extremamente caricatos.

Esse tipo de atuação é problemática quando os personagens têm potencial para ser bons. No caso desse filme, porém, a má atuação só piora o estado de duas pessoas que são pouco interessantes por si só. Existe um lado interessante de ambos, que apresentam relações problemáticas com figuras paternas ausentes, mas isso acaba não sendo explorado pela trama.

De um lado, temos Beatriz, que se mostra uma adolescente extremamente antipática, irritante e que faz de tudo para parecer descolada, mas tudo o que consegue e dar ao público uma sensação de vergonha alheia, tendo reações irritadas diante de questões banais e parecendo fazer de tudo para que o público não goste dela. Do outro, temos Rogério, que parece incapaz de reagir apropriadamente a nada e sempre mantém o mesmo tom e o mesmo tipo de reação para tudo, sem qualquer sinal de grande expressividade.

A situação entre as personagens acaba por piorar ainda mais o terceiro problema: a falta de química. No início, até parece que o relacionamento deles pode dar em algum lugar, mas o desenvolvimento acaba cansando o espectador muito fácil, pois nenhum dos dois tem capacidade para se aprofundar na relação de forma a torná-la mais matura ou, no mínimo, mais divertida de se assistir. E o filme ainda traz outro problema: a sua abordagem de questões bastante problemáticas.

No começo da trama, sabemos que Beatriz tem apenas 17 anos e que Rogério é muito mais velho. Mesmo assim, o filme empurra uma relação entre eles e trata como se fosse realmente um caso de amor. O único momento em que tal relação é questionada é em uma breve cena em que Rogério pergunta a idade de Beatriz e tenta afastá-la, mas suas ações são em vão. Depois disso, o filme parece esquecer que está tratando de um relacionamento entre uma menor de idade e alguém mais velho.

Não só isso, mas o relacionamento dos dois se torna extremamente tóxico de uma forma que é bastante comum nos filmes em geral. Durante todo o longa, vemos Rogério e Beatriz fazerem mal um ao outro e depois voltarem a ficar juntos, criando um círculo vicioso que dura durante o filme todo e só se resolve no final, ainda assim com um desfecho romantizado.

Boni Bonita é uma produção que aposta muito em seu romance principal, mas que não tem as ferramentas para fazê-lo funcionar, além de propor temas bastante problemáticos sem, contudo, refletir sobre eles.

O filme é produzido pela O2 Play e estreia dia 10 de dezembro nas plataformas digitais.

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Direção: 
Criação:
Roteirista 1
Roteirista 2
Roteirista 3
Diretor 1
Diretor 2
Diretor 3
Elenco Principal:
Ator 1
Ator 2
Ator 3
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"Boni Bonita" narra a história de um romance de uma adolescente rebelde por um cantor mais velho ao longo dos anos. Em meio a uma tentativa de basear sua história no desenvolvimento de um conto de amor, o filme se perde em protagonistas pouco interessantes e que não sustentam a trama.

crítica por
Luis Henrique Franco
5/12/2020

A premissa de Boni Bonita, produção nacional feita em parceria com a Argentina, é bastante simples: um romance entre uma adolescente rebelde chamada Beatriz (Ailín Salas) e um cantor de MPB, Rogério (Caco Ciocler). A trama se dispõe a acompanhar o desenvolvimento dessa relação, mostrando os momentos que os dois compartilharam na casa de Rogério.

A ideia de um romance como motor para um enredo não é novidade, mas se for feito da maneira correta, ainda hoje pode provocar surpresas e criar narrativas bastante marcantes. Contudo, para que isso aconteça, é preciso que os atores escalados sejam bons, que os personagens sejam interessantes e que haja uma química entre o casal principal. Essas questões são importantes em todos os filmes, mas quando a premissa inteira da sua produção e acompanhar um romance, eles só tornam ainda mais essenciais.

O problema de Boni Bonita é que ele não possui nenhuma das três qualidades. A começar pelos atores, tanto Ailín Salas quando Caco Ciocler não convencem em seus papéis, e quase todas as interações entre eles parecem extremamente forçadas. Mesmo conversas normais soam extremamente falsas e ensaiadas. Não há emoção colocada em momentos-chave da trama, e momentos tanto de paixão quanto de tensão soam extremamente caricatos.

Esse tipo de atuação é problemática quando os personagens têm potencial para ser bons. No caso desse filme, porém, a má atuação só piora o estado de duas pessoas que são pouco interessantes por si só. Existe um lado interessante de ambos, que apresentam relações problemáticas com figuras paternas ausentes, mas isso acaba não sendo explorado pela trama.

De um lado, temos Beatriz, que se mostra uma adolescente extremamente antipática, irritante e que faz de tudo para parecer descolada, mas tudo o que consegue e dar ao público uma sensação de vergonha alheia, tendo reações irritadas diante de questões banais e parecendo fazer de tudo para que o público não goste dela. Do outro, temos Rogério, que parece incapaz de reagir apropriadamente a nada e sempre mantém o mesmo tom e o mesmo tipo de reação para tudo, sem qualquer sinal de grande expressividade.

A situação entre as personagens acaba por piorar ainda mais o terceiro problema: a falta de química. No início, até parece que o relacionamento deles pode dar em algum lugar, mas o desenvolvimento acaba cansando o espectador muito fácil, pois nenhum dos dois tem capacidade para se aprofundar na relação de forma a torná-la mais matura ou, no mínimo, mais divertida de se assistir. E o filme ainda traz outro problema: a sua abordagem de questões bastante problemáticas.

No começo da trama, sabemos que Beatriz tem apenas 17 anos e que Rogério é muito mais velho. Mesmo assim, o filme empurra uma relação entre eles e trata como se fosse realmente um caso de amor. O único momento em que tal relação é questionada é em uma breve cena em que Rogério pergunta a idade de Beatriz e tenta afastá-la, mas suas ações são em vão. Depois disso, o filme parece esquecer que está tratando de um relacionamento entre uma menor de idade e alguém mais velho.

Não só isso, mas o relacionamento dos dois se torna extremamente tóxico de uma forma que é bastante comum nos filmes em geral. Durante todo o longa, vemos Rogério e Beatriz fazerem mal um ao outro e depois voltarem a ficar juntos, criando um círculo vicioso que dura durante o filme todo e só se resolve no final, ainda assim com um desfecho romantizado.

Boni Bonita é uma produção que aposta muito em seu romance principal, mas que não tem as ferramentas para fazê-lo funcionar, além de propor temas bastante problemáticos sem, contudo, refletir sobre eles.

O filme é produzido pela O2 Play e estreia dia 10 de dezembro nas plataformas digitais.

confira o trailer

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"Boni Bonita" narra a história de um romance de uma adolescente rebelde por um cantor mais velho ao longo dos anos. Em meio a uma tentativa de basear sua história no desenvolvimento de um conto de amor, o filme se perde em protagonistas pouco interessantes e que não sustentam a trama.

escrito por
Luis Henrique Franco
5/12/2020
nascimento

"Boni Bonita" narra a história de um romance de uma adolescente rebelde por um cantor mais velho ao longo dos anos. Em meio a uma tentativa de basear sua história no desenvolvimento de um conto de amor, o filme se perde em protagonistas pouco interessantes e que não sustentam a trama.

escrito por
Luis Henrique Franco
5/12/2020

A premissa de Boni Bonita, produção nacional feita em parceria com a Argentina, é bastante simples: um romance entre uma adolescente rebelde chamada Beatriz (Ailín Salas) e um cantor de MPB, Rogério (Caco Ciocler). A trama se dispõe a acompanhar o desenvolvimento dessa relação, mostrando os momentos que os dois compartilharam na casa de Rogério.

A ideia de um romance como motor para um enredo não é novidade, mas se for feito da maneira correta, ainda hoje pode provocar surpresas e criar narrativas bastante marcantes. Contudo, para que isso aconteça, é preciso que os atores escalados sejam bons, que os personagens sejam interessantes e que haja uma química entre o casal principal. Essas questões são importantes em todos os filmes, mas quando a premissa inteira da sua produção e acompanhar um romance, eles só tornam ainda mais essenciais.

O problema de Boni Bonita é que ele não possui nenhuma das três qualidades. A começar pelos atores, tanto Ailín Salas quando Caco Ciocler não convencem em seus papéis, e quase todas as interações entre eles parecem extremamente forçadas. Mesmo conversas normais soam extremamente falsas e ensaiadas. Não há emoção colocada em momentos-chave da trama, e momentos tanto de paixão quanto de tensão soam extremamente caricatos.

Esse tipo de atuação é problemática quando os personagens têm potencial para ser bons. No caso desse filme, porém, a má atuação só piora o estado de duas pessoas que são pouco interessantes por si só. Existe um lado interessante de ambos, que apresentam relações problemáticas com figuras paternas ausentes, mas isso acaba não sendo explorado pela trama.

De um lado, temos Beatriz, que se mostra uma adolescente extremamente antipática, irritante e que faz de tudo para parecer descolada, mas tudo o que consegue e dar ao público uma sensação de vergonha alheia, tendo reações irritadas diante de questões banais e parecendo fazer de tudo para que o público não goste dela. Do outro, temos Rogério, que parece incapaz de reagir apropriadamente a nada e sempre mantém o mesmo tom e o mesmo tipo de reação para tudo, sem qualquer sinal de grande expressividade.

A situação entre as personagens acaba por piorar ainda mais o terceiro problema: a falta de química. No início, até parece que o relacionamento deles pode dar em algum lugar, mas o desenvolvimento acaba cansando o espectador muito fácil, pois nenhum dos dois tem capacidade para se aprofundar na relação de forma a torná-la mais matura ou, no mínimo, mais divertida de se assistir. E o filme ainda traz outro problema: a sua abordagem de questões bastante problemáticas.

No começo da trama, sabemos que Beatriz tem apenas 17 anos e que Rogério é muito mais velho. Mesmo assim, o filme empurra uma relação entre eles e trata como se fosse realmente um caso de amor. O único momento em que tal relação é questionada é em uma breve cena em que Rogério pergunta a idade de Beatriz e tenta afastá-la, mas suas ações são em vão. Depois disso, o filme parece esquecer que está tratando de um relacionamento entre uma menor de idade e alguém mais velho.

Não só isso, mas o relacionamento dos dois se torna extremamente tóxico de uma forma que é bastante comum nos filmes em geral. Durante todo o longa, vemos Rogério e Beatriz fazerem mal um ao outro e depois voltarem a ficar juntos, criando um círculo vicioso que dura durante o filme todo e só se resolve no final, ainda assim com um desfecho romantizado.

Boni Bonita é uma produção que aposta muito em seu romance principal, mas que não tem as ferramentas para fazê-lo funcionar, além de propor temas bastante problemáticos sem, contudo, refletir sobre eles.

O filme é produzido pela O2 Play e estreia dia 10 de dezembro nas plataformas digitais.

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