Crítica

Crítica

Crítica: Castlevania

14/5/2021

Castlevania conseguiu superar a maldição das adaptações de jogos e se tornar uma das melhores séries da Netflix, com um enredo envolvente e personagens carismáticos e com excelente desenvolvimento.

escrito por
Luis Henrique Franco

Castlevania conseguiu superar a maldição das adaptações de jogos e se tornar uma das melhores séries da Netflix, com um enredo envolvente e personagens carismáticos e com excelente desenvolvimento.

escrito por
Luis Henrique Franco
14/5/2021

ALERTA DE SPOILERS!

Lançada em 2017, a série Castlevania é certamente uma das produções mais peculiares da Netflix. Apesar de não figurar sempre em suas produções mais populares, a animação conseguiu reunir um grande grupo de adoradores em razão de sua história marcante e estilo de desenho peculiar, muito semelhante ao de animes.

Baseada nos jogos de sucesso da Konami, a série acompanha os eventos da Wallachia dos anos 1400, quando Vlad Drácula (dublado por Graham McTavish) lança suas hordas de seres infernais na terra após um bispo da Igreja queimar sua esposa, Lisa (Emily Swallow), na fogueira como uma bruxa. Diante do caos e da destruição, Trevor Belmont (Richard Armitage), último filho da Casa Belmont, se une à Oradora Sypha Belnades (Alejandra Reynoso) e a Adrian Tepes (James Callis), filho de Drácula, para deter a destruição da humanidade.

Mergulhando em temáticas profundas enquanto explora o desenvolvimento de seus personagens, Castlevania alterna entre o horror, o gore, o drama e momentos cômicos que resultam das interações entre seus protagonistas. Com sua quarta e última temporada chegando à Netflix, analisamos a série como um todo e o seu desenvolvimento ao longo das temporadas.

PRIMEIRA TEMPORADA: ESTABELECENDO OS PERSONAGENS

Com apenas quatro episódios, a primeira temporada de Castlevania serviu principalmente para introduzir a trama principal que guiaria a série e estabelecer seus principais personagens. Dessa forma, cada um de seus episódios foca em um determinado aspecto importante da história e constrói os pontos a serem explorados. Contudo, ao contrário de outras produções, a temporada não deixa de ter uma trama própria, com um conflito que é apresentado, desenvolvido e resolvido ao longo dos quatro episódios.

O primeiro episódio foca principalmente em Drácula e sua relação com Lisa, uma estudiosa que sonha em descobrir mais sobre a ciência para ajudar seu povo. Por conta de seus estudos anormais para a época, ela é taxada de bruxa e queimada na fogueira. Isso leva Drácula a um processo de luto e fúria, que o faz lançar suas hordas de demônios na mesma cidade em que Lisa foi queimada, iniciando uma campanha para devastar o mundo.

Cena inicial de Castlevania, onde Drácula aparece no céu em chamas para aterrorizar a população de Targoviste

Estabelecido o conflito principal, o segundo episódio foca completamente no protagonista da série, Trevor Belmont, um homem bruto e sem modos, último sobrevivente de uma lendária família de caçadores de demônios que foi excomungada e destruída pela Igreja. Considerando-se um derrotado, Trevor viaja por Wallachia sem se importar com nada, apenas procurando por uma nova taverna onde pode beber. E é assim que ele chega à cidade de Gresit, palco do conflito principal da primeira temporada.

Trevor Belmont, personagem principal de Castlevania

Assim, em apenas dois episódios, a série conseguiu estabelecer um protagonista com um conflito próprio interessante e, ao mesmo tempo, criar uma trama externa envolvente com o cerco de Gresit. Conflito este que toma outras proporções pelo fato de a igreja local acusar os Oradores, um povo nômade que estuda magia, de serem os responsáveis por trazerem as criaturas das trevas para a cidade. Abordando a temática da intolerância, a animação faz seus personagens se encontrarem ao levar Trevor a intervir no conflito e defender os Oradores.

Os dois últimos episódios são centrados no clímax desse conflito, com Trevor precisando enfrentar sua decisão de ficar e lutar pelo povo justamente quando a Horda de Drácula retorna para destruir Gresit. Ao lado de Sypha, a neta do líder dos Oradores e uma praticante de magia, e de Alucard, o filho de Drácula que dormia sobre a cidade, ele lida com seus sentimentos a respeito de sua família e de seu dever enquanto combate as criaturas das trevas, em um final explosivo para a primeira temporada que mantém a trama central aberta para uma continuidade.

SEGUNDA TEMPORADA:O GRANDE CONFRONTO

Tendo estabelecido a sua trama central na primeira temporada, Castlevania chegou a seus novos episódios com um único propósito: trabalhar o conflito criado por Drácula e a resposta dos protagonistas a ele. sendo assim, toda a segunda temporada é focada no planejamento do Senhor das Trevas para exterminar a raça humana e nas ações de Trevor, Sypha e Alucard para detê-lo. Nesse contexto, é impressionante a forma como os personagens são desenvolvidos e trabalhados. Tendo sido o protagonista da primeira temporada, Trevor Belmont deixa o pedestal do protagonismo, não o suficiente para torná-lo irrelevante, mas o bastante para que seus dois companheiros consigam subir nele ao seu lado.

O trio de protagonistas de Castlevania: Alucard (centro), Trevor Belmont (esquerda) e Sypha Belnades (direita)

Tanto Sypha quanto Alucard recebem bastante atenção e construção. Sypha se consolida como uma personagem forte e completamente capaz de lutar sozinha, além de sagaz e divertida, com uma personalidade que ora entra em confronto com Trevor, ora se conecta com ele. Tendo sido introduzido apenas no último episódio da temporada anterior, Alucard, recebe todo um tratamento digno de um protagonista.  o filho de Drácula tem sua personalidade fortalecida e sua relação com Sypha e Trevor aprimorada, sempre mostrando-o como alguém mais afastado, frio e que pouco reage a provocações, mas que também é capaz de sentir tristeza, alegria e solidão. Tendo construído o último integrante de seu trio de protagonistas, a série também começa a desenvolver a conturbada relação entre eles, cheia de desconfiança e provocações a princípio, mas que logo começa a se desenvolver em amizade genuína conforme eles viajam para o Forte Belmont, onde esperam encontrar uma forma de encontrar o castelo de Drácula.

Por falar em Drácula, o trabalho feito com o personagem nessa temporada é incrível. Como o motor principal da trama, Drácula recebe um desenvolvimento muito grande e um forte aprofundamento de suas intenções. Tudo isso serve de maneira eficaz à sua humanização, através da qual compreendemos sua dor e seu luto pela perda de Lisa e entendemos a profundidade de seu pesar, a ponto de ele nem se importar mais com a guerra que começou, desde que provoque o fim da raça humana. Apesar da crueldade de seus atos, Drácula se torna o personagem mais interessante e marcante dessa série, e seu desenvolvimento ao lado do de Alucard resulta em uma explosiva batalha final entre pai e filho que faz com que o público não consiga permanecer sentado na cadeira.

Vlad Drácula, grande vilão da série, em chamas

Os novos personagens também interessantes, mas não em sua totalidade. Apesar de mostrar inúmeros generais vampiros na corte de Drácula, a série os trata como figurantes e não lhes dá nenhum papel realmente relevante, com exceção do vampiro nórdico Godbrand (Peter Stormare), que, no entanto, é irritante pelo tempo em que permanece em tela e contribui muito pouco para a história. A única vampira além de Drácula a ser relevante e interessante é Carmilla (Jaime Murray), que se consolida como uma segunda vilã bastante ameaçadora por seus planos ousados e sua tendência a ir contra Drácula e não permitir que ele a comande.

Carmilla e Hector discutindo no conselho de guerra de Drácula

Os outros dois personagens novos são os Mestres da Forja Hector (Theo James) e Isaac (Adetokumboh M'Cormack), que cativam com suas personalidades completamente diferentes. Hector é ingênuo e usa seus poderes para criar "pets" mortos-vivos, desejando que a guerra de Drácula resulte não em um completo genocídio, mas no controle da população humana. Já Isaac é mais disciplinado e leal a Drácula e acredita que a humanidade não traz nada de bom ao mundo. O conflito entre os dois ecoa em parte o conflito na corte dos vampiros e mostra os diferentes caminhos que ambos acabam por seguir no futuro.

Isaac, o mestre da forja, em cena no interior do estúdio de Drácula.

No geral, a segunda temporada de Castlevania é o ápice da série. Apresentando um grande desenvolvimento de sua trama e personagens, ela escala o conflito a um nível de fato alarmante, enquanto completa a jornada de seus protagonistas e produz um clímax bastante excitante e angustiante. Uma temporada extremamente bem construída e que consegue extrair o máximo de seus personagens.

TERCEIRA TEMPORADA: A VIDA DEPOIS DE DRÁCULA

Para todos os efeitos, a terceira temporada de Castlevania parecia um risco. Após a derrota de Drácula no final da segunda, uma nova aventura sem o vilão principal da série parecia uma péssima ideia. Por sorte, os produtores deixaram boas opções para continuar a saga, com a sobrevivência de Isaac e os planos de Carmilla ainda se desenvolvendo. Por isso, a terceira temporada, apesar de ter um ritmo mais lento e se dividir em tramas mais individuais, ainda é uma aventura bastante divertida e que explora lados de seus personagens que as temporadas anteriores não haviam tocado tanto.

Mostrando o mundo e os protagonistas após a derrota do grande rei dos vampiros, a temporada se divide em quatro histórias principais, cada uma focada em um personagem específico: a primeira foca em Trevor e Sypha e sua jornada pelo país, caçando os remanescentes das Hordas das Trevas até chegarem à cidade de Lindenfeld, onde uma trama oculta está em desenvolvimento; a segunda segue a jornada de Isaac para construir um exército próprio e obter vingança contra os traidores de Drácula; a terceira segue os planos de Carmilla e suas irmãs e suas tentativas de conseguir o apoio de Hector; e a quarta segue Alucard em sua vida solitária no castelo abandonado de Drácula.

As irmãs de Estrígia. Da direita para a esquerda: Carmilla, Stryga, Morana e Lenore

Apesar de serem tramas muito diferentes e que parecem não se conectar muito umas com as outras, essas histórias contam acontecimentos importantes e que acabam se conectando, seja pelo desenrolar dos acontecimentos, seja pelo desenvolvimento da personalidade de seus protagonistas. A jornada mais pessoal de Alucard, por exemplo, desenvolve dentro dele o sentimento de solidão que afetou seu pai anos antes, aproximando-o de seu velho pai. Mesmo que não seja uma história que pareça afetar muito o resto da série, sua jornada parece prepará-lo para se tornar tão desesperado quanto seu pai foi. Talvez não fosse necessário uma temporada inteira para isso, mas ainda assim é um desenvolvimento bastante promissor.

O mesmo pode ser dito sobre a trama de Carmilla. É interessante ver como é a organização em Estrígia e como ela e suas irmãs planejam sua própria cruzada contra a humanidade. Mas mesmo assim, ao longo da temporada, suas únicas ações são para tentar convencer Hector a ajudá-las, uma necessidade de seus planos, e nenhuma delas se move muito para de fato começar os ataques. É uma boa trama que explora as personalidades das novas personagens, em especial de Lenore (Jessica Brown-Findlay), a mais jovem das vampiras e a diplomata do quarteto, mas ainda assim poderiam ter feito mais com essa história.

Lenore, uma das irmãs de Carmilla

Se Alucard e Carmilla ficaram com as jornadas mais pessoais e com menos ação, essa falta é compensada pelas histórias de Sypha e Trevor e de Isaac, que trazem também desenvolvimentos internos e debates, mas também possuem momentos de mistério, investigação, ação e combate, criando um bom equilíbrio que mantém a temporada como uma jornada divertida para o público. Além disso, a promessa de vingança de Isaac e a descoberta feita por Trevor e Sypha sobre um grupo maligno, liderado por Sala (Navid Negahban), que deseja ressuscitar Drácula, são motores interessantes tanto para as tramas dessa temporada quanto para o futuro da série.

Sala, um dos vilões da terceira temporada, seguido por seus monges.

A terceira temporada também ganha muito de seus novos personagens. Sala é um vilão angustiante pelo seu fanatismo e insanidade, enquanto as irmãs de Carmilla trazem personalidades únicas e qualidades diferentes que as tornam mais fortes juntas.

Saint Germain, um dos novos personagens introduzidos na terceira temporada.

Sumi (Rila Fukushima) e Takka (Toru Uchikado), os companheiros de Alucard, não são particularmente interessantes para além daquilo que contribuem para o desenvolvimento do meio-vampiro, mas os habitantes de Lindenfeld trazem aspectos interessantes e bastante explorados ao longo da série, seja o caráter controlador e sombrio do Juiz (Jason Isaacs) ou o ar galante e misterioso de Saint Germain (Bill Nighy), sem dúvida um dos melhores personagens da série inteira.

Os irmãos Taka e Sumi, introduzidos na terceira temporada. t

Em geral, a terceira temporada de Castlevania surpreende as expectativas e, não apenas se sustenta muito bem após uma segunda temporada excelente e que poderia ter sido a última, mas abre boas expectativas para a quarta e última temporada. Além disso, conseguiu fechar os conflitos que iniciou e deixar suas tramas em um bom momento para continuarem no futuro. Um raro exemplo de uma série que se sustentou bem após o que o público afirma ser o seu ápice.

QUARTA TEMPORADA: O FINAL ÉPICO

Com toda a sua trama preparada na terceira temporada, chegou a hora de Castlevania ir para a sua última aventura. O que antes eram quatro histórias distintas se unem em duas tramas prioritárias: a luta de Trevor, Sypha e Alucard para impedir o renascimento de Drácula e o conflito entre Carmilla e Isaac. Nesse contexto, existe um foco muito grande na história de Trevor e Sypha, enquanto eles lutam para eliminar os grupos que tentam ressuscitar o rei dos vampiros. Foco esse que acaba tirando tempo das outras histórias, que certamente poderiam ter tido um pouco mais de desenvolvimento. Isso, porém, não as torna ruins.

Após a terceira temporada, certamente não havia muito mais a ser adicionado ao personagem de Isaac. Sua passagem pela quarta temporada é rápida, mas marcante, resultando em um confronto final extremamente excitante contra as forças de Carmilla. Infelizmente, é justamente Carmilla o ponto mais fraco dessa temporada. Com menos presença de na saga, ela e suas irmãs não recebem um trabalho maior e não são aproveitadas o máximo que podiam. Seus desfechos são interessantes, e a reviravolta da personagem certamente é surpreendente, mas ainda assim o público fica com um desejo de mais das personagens.

Isaac com seu exército diante do espelho transportador, pronto para atacar Estrígia.

Quanto à trama do trio de protagonistas, certamente o tempo nela investido é muito bem aproveitado. Narrando os acontecimentos em duas frentes, a história conta tanto a luta de Trevor e Sypha, que os leva de volta à cidade de Targoviste, onde tudo começou, quanto a saga de Alucard, que novamente ganha destaque e brilho após uma terceira temporada meio apagado. Atuando como o defensor de um grupo de refugiados, Alucard recebe um desenvolvimento extremamente humano e profundo, semelhante ao que obteve na segunda temporada, além de protagonizar algumas das melhores cenas de luta da temporada e mostrar todo o seu poder de forma espantosa.

Alucard com sua espada e escudo, prestando ajuda aos refugiados.s

Quanto a Trevor e Sypha, é satisfatório vê-los assumir novamente o papel de protagonistas ativos, guiando a luta por conta própria e exercendo um papel marcando no decorrer dos eventos. Mas para além de seu lado guerreiro, a temporada também explora suas relações com outras pessoas e a forma como ambos tentam ajudar o povo de Targoviste e Wallachia a se reestruturarem.

Trevor e Sypha exploram as ruínas de Targoviste.

Com seus protagonistas no ápice, a série os leva a um reencontro que proporciona um clímax espetacular e de proporções colossais. Tudo na batalha final é bem orquestrado e dirigido para proporcionar uma sensação de êxtase, tensão e fluidez da batalha, ao mesmo tempo em que permite ao espectador não se perder em meio ao show de poderes e duelos de espada por toda a parte. Mais do que isso, os três personagens demonstram uma sincronia imensa que mostra o melhor de cada um ao longo de toda a luta.

Sypha libera seu poder na batalha final.

De fato, o brilho dos personagens originais é tamanho a ponto de ofuscar as novas adições ao elenco. Esses novos integrantes, no entanto, possuem seus momentos de brilho. Malcolm McDowell e Titus Welliver demoram um pouco para realmente mostrarem seu potencial como os vampiros Varney e Ratko, que lutam para trazer Drácula de volta. Sua presença na batalha final, no entanto, é espetacular e guarda uma reviravolta extremamente poderosa para o confronto final. Já Marsha Thomason dá sagacidade e inteligência a Greta, a líder dos refugiados que busca o auxílio de Alucard, e complementa a atuação de James Callis, permitindo a ele se soltar um pouco mais e mostrar um lado mais humano de seu personagem. Já Toks Olagundoye não tem a mesma sorte com sua personagem Tamriq, a líder de uma resistência subterrânea em Targoviste, mas mesmo ela é interessante por conta de sua devoção alucinada e insana a uma corte real que não mais existe.

No geral, a quarta temporada comete alguns deslizes, tanto no não aprofundamento de algumas partes de sua trama quanto no uso de algumas saídas que poderiam ser qualificadas como "ex-machinas". No contexto geral, porém, esses problemas são pequenos demais para destruírem a narrativa construída e as proporções realmente épicas de seu final, cheio de surpresas e revelações e que certamente dão ao público a satisfação de uma história bem contada.

CONCLUSÃO: O GRANDE LEGADO DE BELMONT, BELNADES E TEPES

Castlevania conseguiu um feito impressionante para uma produção seriada: sendo uma produção baseada em jogos, algo que dificilmente tem grande sucesso, e tendo duas temporadas a mais depois que sua primeira trama principal foi finalizada, ainda assim conquistou sucesso estrondoso e uma produção excelente do começo ao fim. Tanto no desenvolvimento de personagens quando de seus caminhos, a série se manteve fiel ao que primeiro estabeleceu e, apesar de alguns tropeços, chegou a um final orgânico, estruturado e que faz sentido.

Seria a quarta temporada a melhor da série? Não, mas não precisava ser. Ela é extremamente bem produzida e bem pensada, e conta uma história interessante que se conecta com as tramas anteriores e não faz uso de atalhos ou soluções apressadas para chegar à sua conclusão. Seu propósito foi atingido com maestria, e a série termina de forma mais que satisfatória. Por todo o seu desenvolvimento, carisma e por seus arcos narrativos impressionantes e envolventes, Trevor, Sypha, Alucard e Drácula merecem entrar no hall dos grandes personagens da cultura pop e serem lembrados como grandes exemplos de construção de narrativas.

Castlevania certamente prova que é possível vencer a maldição das adaptações de games e certamente figura entre as melhores produções seriadas da Netflix.

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Castlevania

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Direção: 
Criação:
Roteirista 1
Roteirista 2
Roteirista 3
Diretor 1
Diretor 2
Diretor 3
Elenco Principal:
Ator 1
Ator 2
Ator 3
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Castlevania conseguiu superar a maldição das adaptações de jogos e se tornar uma das melhores séries da Netflix, com um enredo envolvente e personagens carismáticos e com excelente desenvolvimento.

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Luis Henrique Franco
14/5/2021

ALERTA DE SPOILERS!

Lançada em 2017, a série Castlevania é certamente uma das produções mais peculiares da Netflix. Apesar de não figurar sempre em suas produções mais populares, a animação conseguiu reunir um grande grupo de adoradores em razão de sua história marcante e estilo de desenho peculiar, muito semelhante ao de animes.

Baseada nos jogos de sucesso da Konami, a série acompanha os eventos da Wallachia dos anos 1400, quando Vlad Drácula (dublado por Graham McTavish) lança suas hordas de seres infernais na terra após um bispo da Igreja queimar sua esposa, Lisa (Emily Swallow), na fogueira como uma bruxa. Diante do caos e da destruição, Trevor Belmont (Richard Armitage), último filho da Casa Belmont, se une à Oradora Sypha Belnades (Alejandra Reynoso) e a Adrian Tepes (James Callis), filho de Drácula, para deter a destruição da humanidade.

Mergulhando em temáticas profundas enquanto explora o desenvolvimento de seus personagens, Castlevania alterna entre o horror, o gore, o drama e momentos cômicos que resultam das interações entre seus protagonistas. Com sua quarta e última temporada chegando à Netflix, analisamos a série como um todo e o seu desenvolvimento ao longo das temporadas.

PRIMEIRA TEMPORADA: ESTABELECENDO OS PERSONAGENS

Com apenas quatro episódios, a primeira temporada de Castlevania serviu principalmente para introduzir a trama principal que guiaria a série e estabelecer seus principais personagens. Dessa forma, cada um de seus episódios foca em um determinado aspecto importante da história e constrói os pontos a serem explorados. Contudo, ao contrário de outras produções, a temporada não deixa de ter uma trama própria, com um conflito que é apresentado, desenvolvido e resolvido ao longo dos quatro episódios.

O primeiro episódio foca principalmente em Drácula e sua relação com Lisa, uma estudiosa que sonha em descobrir mais sobre a ciência para ajudar seu povo. Por conta de seus estudos anormais para a época, ela é taxada de bruxa e queimada na fogueira. Isso leva Drácula a um processo de luto e fúria, que o faz lançar suas hordas de demônios na mesma cidade em que Lisa foi queimada, iniciando uma campanha para devastar o mundo.

Cena inicial de Castlevania, onde Drácula aparece no céu em chamas para aterrorizar a população de Targoviste

Estabelecido o conflito principal, o segundo episódio foca completamente no protagonista da série, Trevor Belmont, um homem bruto e sem modos, último sobrevivente de uma lendária família de caçadores de demônios que foi excomungada e destruída pela Igreja. Considerando-se um derrotado, Trevor viaja por Wallachia sem se importar com nada, apenas procurando por uma nova taverna onde pode beber. E é assim que ele chega à cidade de Gresit, palco do conflito principal da primeira temporada.

Trevor Belmont, personagem principal de Castlevania

Assim, em apenas dois episódios, a série conseguiu estabelecer um protagonista com um conflito próprio interessante e, ao mesmo tempo, criar uma trama externa envolvente com o cerco de Gresit. Conflito este que toma outras proporções pelo fato de a igreja local acusar os Oradores, um povo nômade que estuda magia, de serem os responsáveis por trazerem as criaturas das trevas para a cidade. Abordando a temática da intolerância, a animação faz seus personagens se encontrarem ao levar Trevor a intervir no conflito e defender os Oradores.

Os dois últimos episódios são centrados no clímax desse conflito, com Trevor precisando enfrentar sua decisão de ficar e lutar pelo povo justamente quando a Horda de Drácula retorna para destruir Gresit. Ao lado de Sypha, a neta do líder dos Oradores e uma praticante de magia, e de Alucard, o filho de Drácula que dormia sobre a cidade, ele lida com seus sentimentos a respeito de sua família e de seu dever enquanto combate as criaturas das trevas, em um final explosivo para a primeira temporada que mantém a trama central aberta para uma continuidade.

SEGUNDA TEMPORADA:O GRANDE CONFRONTO

Tendo estabelecido a sua trama central na primeira temporada, Castlevania chegou a seus novos episódios com um único propósito: trabalhar o conflito criado por Drácula e a resposta dos protagonistas a ele. sendo assim, toda a segunda temporada é focada no planejamento do Senhor das Trevas para exterminar a raça humana e nas ações de Trevor, Sypha e Alucard para detê-lo. Nesse contexto, é impressionante a forma como os personagens são desenvolvidos e trabalhados. Tendo sido o protagonista da primeira temporada, Trevor Belmont deixa o pedestal do protagonismo, não o suficiente para torná-lo irrelevante, mas o bastante para que seus dois companheiros consigam subir nele ao seu lado.

O trio de protagonistas de Castlevania: Alucard (centro), Trevor Belmont (esquerda) e Sypha Belnades (direita)

Tanto Sypha quanto Alucard recebem bastante atenção e construção. Sypha se consolida como uma personagem forte e completamente capaz de lutar sozinha, além de sagaz e divertida, com uma personalidade que ora entra em confronto com Trevor, ora se conecta com ele. Tendo sido introduzido apenas no último episódio da temporada anterior, Alucard, recebe todo um tratamento digno de um protagonista.  o filho de Drácula tem sua personalidade fortalecida e sua relação com Sypha e Trevor aprimorada, sempre mostrando-o como alguém mais afastado, frio e que pouco reage a provocações, mas que também é capaz de sentir tristeza, alegria e solidão. Tendo construído o último integrante de seu trio de protagonistas, a série também começa a desenvolver a conturbada relação entre eles, cheia de desconfiança e provocações a princípio, mas que logo começa a se desenvolver em amizade genuína conforme eles viajam para o Forte Belmont, onde esperam encontrar uma forma de encontrar o castelo de Drácula.

Por falar em Drácula, o trabalho feito com o personagem nessa temporada é incrível. Como o motor principal da trama, Drácula recebe um desenvolvimento muito grande e um forte aprofundamento de suas intenções. Tudo isso serve de maneira eficaz à sua humanização, através da qual compreendemos sua dor e seu luto pela perda de Lisa e entendemos a profundidade de seu pesar, a ponto de ele nem se importar mais com a guerra que começou, desde que provoque o fim da raça humana. Apesar da crueldade de seus atos, Drácula se torna o personagem mais interessante e marcante dessa série, e seu desenvolvimento ao lado do de Alucard resulta em uma explosiva batalha final entre pai e filho que faz com que o público não consiga permanecer sentado na cadeira.

Vlad Drácula, grande vilão da série, em chamas

Os novos personagens também interessantes, mas não em sua totalidade. Apesar de mostrar inúmeros generais vampiros na corte de Drácula, a série os trata como figurantes e não lhes dá nenhum papel realmente relevante, com exceção do vampiro nórdico Godbrand (Peter Stormare), que, no entanto, é irritante pelo tempo em que permanece em tela e contribui muito pouco para a história. A única vampira além de Drácula a ser relevante e interessante é Carmilla (Jaime Murray), que se consolida como uma segunda vilã bastante ameaçadora por seus planos ousados e sua tendência a ir contra Drácula e não permitir que ele a comande.

Carmilla e Hector discutindo no conselho de guerra de Drácula

Os outros dois personagens novos são os Mestres da Forja Hector (Theo James) e Isaac (Adetokumboh M'Cormack), que cativam com suas personalidades completamente diferentes. Hector é ingênuo e usa seus poderes para criar "pets" mortos-vivos, desejando que a guerra de Drácula resulte não em um completo genocídio, mas no controle da população humana. Já Isaac é mais disciplinado e leal a Drácula e acredita que a humanidade não traz nada de bom ao mundo. O conflito entre os dois ecoa em parte o conflito na corte dos vampiros e mostra os diferentes caminhos que ambos acabam por seguir no futuro.

Isaac, o mestre da forja, em cena no interior do estúdio de Drácula.

No geral, a segunda temporada de Castlevania é o ápice da série. Apresentando um grande desenvolvimento de sua trama e personagens, ela escala o conflito a um nível de fato alarmante, enquanto completa a jornada de seus protagonistas e produz um clímax bastante excitante e angustiante. Uma temporada extremamente bem construída e que consegue extrair o máximo de seus personagens.

TERCEIRA TEMPORADA: A VIDA DEPOIS DE DRÁCULA

Para todos os efeitos, a terceira temporada de Castlevania parecia um risco. Após a derrota de Drácula no final da segunda, uma nova aventura sem o vilão principal da série parecia uma péssima ideia. Por sorte, os produtores deixaram boas opções para continuar a saga, com a sobrevivência de Isaac e os planos de Carmilla ainda se desenvolvendo. Por isso, a terceira temporada, apesar de ter um ritmo mais lento e se dividir em tramas mais individuais, ainda é uma aventura bastante divertida e que explora lados de seus personagens que as temporadas anteriores não haviam tocado tanto.

Mostrando o mundo e os protagonistas após a derrota do grande rei dos vampiros, a temporada se divide em quatro histórias principais, cada uma focada em um personagem específico: a primeira foca em Trevor e Sypha e sua jornada pelo país, caçando os remanescentes das Hordas das Trevas até chegarem à cidade de Lindenfeld, onde uma trama oculta está em desenvolvimento; a segunda segue a jornada de Isaac para construir um exército próprio e obter vingança contra os traidores de Drácula; a terceira segue os planos de Carmilla e suas irmãs e suas tentativas de conseguir o apoio de Hector; e a quarta segue Alucard em sua vida solitária no castelo abandonado de Drácula.

As irmãs de Estrígia. Da direita para a esquerda: Carmilla, Stryga, Morana e Lenore

Apesar de serem tramas muito diferentes e que parecem não se conectar muito umas com as outras, essas histórias contam acontecimentos importantes e que acabam se conectando, seja pelo desenrolar dos acontecimentos, seja pelo desenvolvimento da personalidade de seus protagonistas. A jornada mais pessoal de Alucard, por exemplo, desenvolve dentro dele o sentimento de solidão que afetou seu pai anos antes, aproximando-o de seu velho pai. Mesmo que não seja uma história que pareça afetar muito o resto da série, sua jornada parece prepará-lo para se tornar tão desesperado quanto seu pai foi. Talvez não fosse necessário uma temporada inteira para isso, mas ainda assim é um desenvolvimento bastante promissor.

O mesmo pode ser dito sobre a trama de Carmilla. É interessante ver como é a organização em Estrígia e como ela e suas irmãs planejam sua própria cruzada contra a humanidade. Mas mesmo assim, ao longo da temporada, suas únicas ações são para tentar convencer Hector a ajudá-las, uma necessidade de seus planos, e nenhuma delas se move muito para de fato começar os ataques. É uma boa trama que explora as personalidades das novas personagens, em especial de Lenore (Jessica Brown-Findlay), a mais jovem das vampiras e a diplomata do quarteto, mas ainda assim poderiam ter feito mais com essa história.

Lenore, uma das irmãs de Carmilla

Se Alucard e Carmilla ficaram com as jornadas mais pessoais e com menos ação, essa falta é compensada pelas histórias de Sypha e Trevor e de Isaac, que trazem também desenvolvimentos internos e debates, mas também possuem momentos de mistério, investigação, ação e combate, criando um bom equilíbrio que mantém a temporada como uma jornada divertida para o público. Além disso, a promessa de vingança de Isaac e a descoberta feita por Trevor e Sypha sobre um grupo maligno, liderado por Sala (Navid Negahban), que deseja ressuscitar Drácula, são motores interessantes tanto para as tramas dessa temporada quanto para o futuro da série.

Sala, um dos vilões da terceira temporada, seguido por seus monges.

A terceira temporada também ganha muito de seus novos personagens. Sala é um vilão angustiante pelo seu fanatismo e insanidade, enquanto as irmãs de Carmilla trazem personalidades únicas e qualidades diferentes que as tornam mais fortes juntas.

Saint Germain, um dos novos personagens introduzidos na terceira temporada.

Sumi (Rila Fukushima) e Takka (Toru Uchikado), os companheiros de Alucard, não são particularmente interessantes para além daquilo que contribuem para o desenvolvimento do meio-vampiro, mas os habitantes de Lindenfeld trazem aspectos interessantes e bastante explorados ao longo da série, seja o caráter controlador e sombrio do Juiz (Jason Isaacs) ou o ar galante e misterioso de Saint Germain (Bill Nighy), sem dúvida um dos melhores personagens da série inteira.

Os irmãos Taka e Sumi, introduzidos na terceira temporada. t

Em geral, a terceira temporada de Castlevania surpreende as expectativas e, não apenas se sustenta muito bem após uma segunda temporada excelente e que poderia ter sido a última, mas abre boas expectativas para a quarta e última temporada. Além disso, conseguiu fechar os conflitos que iniciou e deixar suas tramas em um bom momento para continuarem no futuro. Um raro exemplo de uma série que se sustentou bem após o que o público afirma ser o seu ápice.

QUARTA TEMPORADA: O FINAL ÉPICO

Com toda a sua trama preparada na terceira temporada, chegou a hora de Castlevania ir para a sua última aventura. O que antes eram quatro histórias distintas se unem em duas tramas prioritárias: a luta de Trevor, Sypha e Alucard para impedir o renascimento de Drácula e o conflito entre Carmilla e Isaac. Nesse contexto, existe um foco muito grande na história de Trevor e Sypha, enquanto eles lutam para eliminar os grupos que tentam ressuscitar o rei dos vampiros. Foco esse que acaba tirando tempo das outras histórias, que certamente poderiam ter tido um pouco mais de desenvolvimento. Isso, porém, não as torna ruins.

Após a terceira temporada, certamente não havia muito mais a ser adicionado ao personagem de Isaac. Sua passagem pela quarta temporada é rápida, mas marcante, resultando em um confronto final extremamente excitante contra as forças de Carmilla. Infelizmente, é justamente Carmilla o ponto mais fraco dessa temporada. Com menos presença de na saga, ela e suas irmãs não recebem um trabalho maior e não são aproveitadas o máximo que podiam. Seus desfechos são interessantes, e a reviravolta da personagem certamente é surpreendente, mas ainda assim o público fica com um desejo de mais das personagens.

Isaac com seu exército diante do espelho transportador, pronto para atacar Estrígia.

Quanto à trama do trio de protagonistas, certamente o tempo nela investido é muito bem aproveitado. Narrando os acontecimentos em duas frentes, a história conta tanto a luta de Trevor e Sypha, que os leva de volta à cidade de Targoviste, onde tudo começou, quanto a saga de Alucard, que novamente ganha destaque e brilho após uma terceira temporada meio apagado. Atuando como o defensor de um grupo de refugiados, Alucard recebe um desenvolvimento extremamente humano e profundo, semelhante ao que obteve na segunda temporada, além de protagonizar algumas das melhores cenas de luta da temporada e mostrar todo o seu poder de forma espantosa.

Alucard com sua espada e escudo, prestando ajuda aos refugiados.s

Quanto a Trevor e Sypha, é satisfatório vê-los assumir novamente o papel de protagonistas ativos, guiando a luta por conta própria e exercendo um papel marcando no decorrer dos eventos. Mas para além de seu lado guerreiro, a temporada também explora suas relações com outras pessoas e a forma como ambos tentam ajudar o povo de Targoviste e Wallachia a se reestruturarem.

Trevor e Sypha exploram as ruínas de Targoviste.

Com seus protagonistas no ápice, a série os leva a um reencontro que proporciona um clímax espetacular e de proporções colossais. Tudo na batalha final é bem orquestrado e dirigido para proporcionar uma sensação de êxtase, tensão e fluidez da batalha, ao mesmo tempo em que permite ao espectador não se perder em meio ao show de poderes e duelos de espada por toda a parte. Mais do que isso, os três personagens demonstram uma sincronia imensa que mostra o melhor de cada um ao longo de toda a luta.

Sypha libera seu poder na batalha final.

De fato, o brilho dos personagens originais é tamanho a ponto de ofuscar as novas adições ao elenco. Esses novos integrantes, no entanto, possuem seus momentos de brilho. Malcolm McDowell e Titus Welliver demoram um pouco para realmente mostrarem seu potencial como os vampiros Varney e Ratko, que lutam para trazer Drácula de volta. Sua presença na batalha final, no entanto, é espetacular e guarda uma reviravolta extremamente poderosa para o confronto final. Já Marsha Thomason dá sagacidade e inteligência a Greta, a líder dos refugiados que busca o auxílio de Alucard, e complementa a atuação de James Callis, permitindo a ele se soltar um pouco mais e mostrar um lado mais humano de seu personagem. Já Toks Olagundoye não tem a mesma sorte com sua personagem Tamriq, a líder de uma resistência subterrânea em Targoviste, mas mesmo ela é interessante por conta de sua devoção alucinada e insana a uma corte real que não mais existe.

No geral, a quarta temporada comete alguns deslizes, tanto no não aprofundamento de algumas partes de sua trama quanto no uso de algumas saídas que poderiam ser qualificadas como "ex-machinas". No contexto geral, porém, esses problemas são pequenos demais para destruírem a narrativa construída e as proporções realmente épicas de seu final, cheio de surpresas e revelações e que certamente dão ao público a satisfação de uma história bem contada.

CONCLUSÃO: O GRANDE LEGADO DE BELMONT, BELNADES E TEPES

Castlevania conseguiu um feito impressionante para uma produção seriada: sendo uma produção baseada em jogos, algo que dificilmente tem grande sucesso, e tendo duas temporadas a mais depois que sua primeira trama principal foi finalizada, ainda assim conquistou sucesso estrondoso e uma produção excelente do começo ao fim. Tanto no desenvolvimento de personagens quando de seus caminhos, a série se manteve fiel ao que primeiro estabeleceu e, apesar de alguns tropeços, chegou a um final orgânico, estruturado e que faz sentido.

Seria a quarta temporada a melhor da série? Não, mas não precisava ser. Ela é extremamente bem produzida e bem pensada, e conta uma história interessante que se conecta com as tramas anteriores e não faz uso de atalhos ou soluções apressadas para chegar à sua conclusão. Seu propósito foi atingido com maestria, e a série termina de forma mais que satisfatória. Por todo o seu desenvolvimento, carisma e por seus arcos narrativos impressionantes e envolventes, Trevor, Sypha, Alucard e Drácula merecem entrar no hall dos grandes personagens da cultura pop e serem lembrados como grandes exemplos de construção de narrativas.

Castlevania certamente prova que é possível vencer a maldição das adaptações de games e certamente figura entre as melhores produções seriadas da Netflix.

confira o trailer

Crítica

Castlevania conseguiu superar a maldição das adaptações de jogos e se tornar uma das melhores séries da Netflix, com um enredo envolvente e personagens carismáticos e com excelente desenvolvimento.

escrito por
Luis Henrique Franco
14/5/2021
nascimento

Castlevania conseguiu superar a maldição das adaptações de jogos e se tornar uma das melhores séries da Netflix, com um enredo envolvente e personagens carismáticos e com excelente desenvolvimento.

escrito por
Luis Henrique Franco
14/5/2021

ALERTA DE SPOILERS!

Lançada em 2017, a série Castlevania é certamente uma das produções mais peculiares da Netflix. Apesar de não figurar sempre em suas produções mais populares, a animação conseguiu reunir um grande grupo de adoradores em razão de sua história marcante e estilo de desenho peculiar, muito semelhante ao de animes.

Baseada nos jogos de sucesso da Konami, a série acompanha os eventos da Wallachia dos anos 1400, quando Vlad Drácula (dublado por Graham McTavish) lança suas hordas de seres infernais na terra após um bispo da Igreja queimar sua esposa, Lisa (Emily Swallow), na fogueira como uma bruxa. Diante do caos e da destruição, Trevor Belmont (Richard Armitage), último filho da Casa Belmont, se une à Oradora Sypha Belnades (Alejandra Reynoso) e a Adrian Tepes (James Callis), filho de Drácula, para deter a destruição da humanidade.

Mergulhando em temáticas profundas enquanto explora o desenvolvimento de seus personagens, Castlevania alterna entre o horror, o gore, o drama e momentos cômicos que resultam das interações entre seus protagonistas. Com sua quarta e última temporada chegando à Netflix, analisamos a série como um todo e o seu desenvolvimento ao longo das temporadas.

PRIMEIRA TEMPORADA: ESTABELECENDO OS PERSONAGENS

Com apenas quatro episódios, a primeira temporada de Castlevania serviu principalmente para introduzir a trama principal que guiaria a série e estabelecer seus principais personagens. Dessa forma, cada um de seus episódios foca em um determinado aspecto importante da história e constrói os pontos a serem explorados. Contudo, ao contrário de outras produções, a temporada não deixa de ter uma trama própria, com um conflito que é apresentado, desenvolvido e resolvido ao longo dos quatro episódios.

O primeiro episódio foca principalmente em Drácula e sua relação com Lisa, uma estudiosa que sonha em descobrir mais sobre a ciência para ajudar seu povo. Por conta de seus estudos anormais para a época, ela é taxada de bruxa e queimada na fogueira. Isso leva Drácula a um processo de luto e fúria, que o faz lançar suas hordas de demônios na mesma cidade em que Lisa foi queimada, iniciando uma campanha para devastar o mundo.

Cena inicial de Castlevania, onde Drácula aparece no céu em chamas para aterrorizar a população de Targoviste

Estabelecido o conflito principal, o segundo episódio foca completamente no protagonista da série, Trevor Belmont, um homem bruto e sem modos, último sobrevivente de uma lendária família de caçadores de demônios que foi excomungada e destruída pela Igreja. Considerando-se um derrotado, Trevor viaja por Wallachia sem se importar com nada, apenas procurando por uma nova taverna onde pode beber. E é assim que ele chega à cidade de Gresit, palco do conflito principal da primeira temporada.

Trevor Belmont, personagem principal de Castlevania

Assim, em apenas dois episódios, a série conseguiu estabelecer um protagonista com um conflito próprio interessante e, ao mesmo tempo, criar uma trama externa envolvente com o cerco de Gresit. Conflito este que toma outras proporções pelo fato de a igreja local acusar os Oradores, um povo nômade que estuda magia, de serem os responsáveis por trazerem as criaturas das trevas para a cidade. Abordando a temática da intolerância, a animação faz seus personagens se encontrarem ao levar Trevor a intervir no conflito e defender os Oradores.

Os dois últimos episódios são centrados no clímax desse conflito, com Trevor precisando enfrentar sua decisão de ficar e lutar pelo povo justamente quando a Horda de Drácula retorna para destruir Gresit. Ao lado de Sypha, a neta do líder dos Oradores e uma praticante de magia, e de Alucard, o filho de Drácula que dormia sobre a cidade, ele lida com seus sentimentos a respeito de sua família e de seu dever enquanto combate as criaturas das trevas, em um final explosivo para a primeira temporada que mantém a trama central aberta para uma continuidade.

SEGUNDA TEMPORADA:O GRANDE CONFRONTO

Tendo estabelecido a sua trama central na primeira temporada, Castlevania chegou a seus novos episódios com um único propósito: trabalhar o conflito criado por Drácula e a resposta dos protagonistas a ele. sendo assim, toda a segunda temporada é focada no planejamento do Senhor das Trevas para exterminar a raça humana e nas ações de Trevor, Sypha e Alucard para detê-lo. Nesse contexto, é impressionante a forma como os personagens são desenvolvidos e trabalhados. Tendo sido o protagonista da primeira temporada, Trevor Belmont deixa o pedestal do protagonismo, não o suficiente para torná-lo irrelevante, mas o bastante para que seus dois companheiros consigam subir nele ao seu lado.

O trio de protagonistas de Castlevania: Alucard (centro), Trevor Belmont (esquerda) e Sypha Belnades (direita)

Tanto Sypha quanto Alucard recebem bastante atenção e construção. Sypha se consolida como uma personagem forte e completamente capaz de lutar sozinha, além de sagaz e divertida, com uma personalidade que ora entra em confronto com Trevor, ora se conecta com ele. Tendo sido introduzido apenas no último episódio da temporada anterior, Alucard, recebe todo um tratamento digno de um protagonista.  o filho de Drácula tem sua personalidade fortalecida e sua relação com Sypha e Trevor aprimorada, sempre mostrando-o como alguém mais afastado, frio e que pouco reage a provocações, mas que também é capaz de sentir tristeza, alegria e solidão. Tendo construído o último integrante de seu trio de protagonistas, a série também começa a desenvolver a conturbada relação entre eles, cheia de desconfiança e provocações a princípio, mas que logo começa a se desenvolver em amizade genuína conforme eles viajam para o Forte Belmont, onde esperam encontrar uma forma de encontrar o castelo de Drácula.

Por falar em Drácula, o trabalho feito com o personagem nessa temporada é incrível. Como o motor principal da trama, Drácula recebe um desenvolvimento muito grande e um forte aprofundamento de suas intenções. Tudo isso serve de maneira eficaz à sua humanização, através da qual compreendemos sua dor e seu luto pela perda de Lisa e entendemos a profundidade de seu pesar, a ponto de ele nem se importar mais com a guerra que começou, desde que provoque o fim da raça humana. Apesar da crueldade de seus atos, Drácula se torna o personagem mais interessante e marcante dessa série, e seu desenvolvimento ao lado do de Alucard resulta em uma explosiva batalha final entre pai e filho que faz com que o público não consiga permanecer sentado na cadeira.

Vlad Drácula, grande vilão da série, em chamas

Os novos personagens também interessantes, mas não em sua totalidade. Apesar de mostrar inúmeros generais vampiros na corte de Drácula, a série os trata como figurantes e não lhes dá nenhum papel realmente relevante, com exceção do vampiro nórdico Godbrand (Peter Stormare), que, no entanto, é irritante pelo tempo em que permanece em tela e contribui muito pouco para a história. A única vampira além de Drácula a ser relevante e interessante é Carmilla (Jaime Murray), que se consolida como uma segunda vilã bastante ameaçadora por seus planos ousados e sua tendência a ir contra Drácula e não permitir que ele a comande.

Carmilla e Hector discutindo no conselho de guerra de Drácula

Os outros dois personagens novos são os Mestres da Forja Hector (Theo James) e Isaac (Adetokumboh M'Cormack), que cativam com suas personalidades completamente diferentes. Hector é ingênuo e usa seus poderes para criar "pets" mortos-vivos, desejando que a guerra de Drácula resulte não em um completo genocídio, mas no controle da população humana. Já Isaac é mais disciplinado e leal a Drácula e acredita que a humanidade não traz nada de bom ao mundo. O conflito entre os dois ecoa em parte o conflito na corte dos vampiros e mostra os diferentes caminhos que ambos acabam por seguir no futuro.

Isaac, o mestre da forja, em cena no interior do estúdio de Drácula.

No geral, a segunda temporada de Castlevania é o ápice da série. Apresentando um grande desenvolvimento de sua trama e personagens, ela escala o conflito a um nível de fato alarmante, enquanto completa a jornada de seus protagonistas e produz um clímax bastante excitante e angustiante. Uma temporada extremamente bem construída e que consegue extrair o máximo de seus personagens.

TERCEIRA TEMPORADA: A VIDA DEPOIS DE DRÁCULA

Para todos os efeitos, a terceira temporada de Castlevania parecia um risco. Após a derrota de Drácula no final da segunda, uma nova aventura sem o vilão principal da série parecia uma péssima ideia. Por sorte, os produtores deixaram boas opções para continuar a saga, com a sobrevivência de Isaac e os planos de Carmilla ainda se desenvolvendo. Por isso, a terceira temporada, apesar de ter um ritmo mais lento e se dividir em tramas mais individuais, ainda é uma aventura bastante divertida e que explora lados de seus personagens que as temporadas anteriores não haviam tocado tanto.

Mostrando o mundo e os protagonistas após a derrota do grande rei dos vampiros, a temporada se divide em quatro histórias principais, cada uma focada em um personagem específico: a primeira foca em Trevor e Sypha e sua jornada pelo país, caçando os remanescentes das Hordas das Trevas até chegarem à cidade de Lindenfeld, onde uma trama oculta está em desenvolvimento; a segunda segue a jornada de Isaac para construir um exército próprio e obter vingança contra os traidores de Drácula; a terceira segue os planos de Carmilla e suas irmãs e suas tentativas de conseguir o apoio de Hector; e a quarta segue Alucard em sua vida solitária no castelo abandonado de Drácula.

As irmãs de Estrígia. Da direita para a esquerda: Carmilla, Stryga, Morana e Lenore

Apesar de serem tramas muito diferentes e que parecem não se conectar muito umas com as outras, essas histórias contam acontecimentos importantes e que acabam se conectando, seja pelo desenrolar dos acontecimentos, seja pelo desenvolvimento da personalidade de seus protagonistas. A jornada mais pessoal de Alucard, por exemplo, desenvolve dentro dele o sentimento de solidão que afetou seu pai anos antes, aproximando-o de seu velho pai. Mesmo que não seja uma história que pareça afetar muito o resto da série, sua jornada parece prepará-lo para se tornar tão desesperado quanto seu pai foi. Talvez não fosse necessário uma temporada inteira para isso, mas ainda assim é um desenvolvimento bastante promissor.

O mesmo pode ser dito sobre a trama de Carmilla. É interessante ver como é a organização em Estrígia e como ela e suas irmãs planejam sua própria cruzada contra a humanidade. Mas mesmo assim, ao longo da temporada, suas únicas ações são para tentar convencer Hector a ajudá-las, uma necessidade de seus planos, e nenhuma delas se move muito para de fato começar os ataques. É uma boa trama que explora as personalidades das novas personagens, em especial de Lenore (Jessica Brown-Findlay), a mais jovem das vampiras e a diplomata do quarteto, mas ainda assim poderiam ter feito mais com essa história.

Lenore, uma das irmãs de Carmilla

Se Alucard e Carmilla ficaram com as jornadas mais pessoais e com menos ação, essa falta é compensada pelas histórias de Sypha e Trevor e de Isaac, que trazem também desenvolvimentos internos e debates, mas também possuem momentos de mistério, investigação, ação e combate, criando um bom equilíbrio que mantém a temporada como uma jornada divertida para o público. Além disso, a promessa de vingança de Isaac e a descoberta feita por Trevor e Sypha sobre um grupo maligno, liderado por Sala (Navid Negahban), que deseja ressuscitar Drácula, são motores interessantes tanto para as tramas dessa temporada quanto para o futuro da série.

Sala, um dos vilões da terceira temporada, seguido por seus monges.

A terceira temporada também ganha muito de seus novos personagens. Sala é um vilão angustiante pelo seu fanatismo e insanidade, enquanto as irmãs de Carmilla trazem personalidades únicas e qualidades diferentes que as tornam mais fortes juntas.

Saint Germain, um dos novos personagens introduzidos na terceira temporada.

Sumi (Rila Fukushima) e Takka (Toru Uchikado), os companheiros de Alucard, não são particularmente interessantes para além daquilo que contribuem para o desenvolvimento do meio-vampiro, mas os habitantes de Lindenfeld trazem aspectos interessantes e bastante explorados ao longo da série, seja o caráter controlador e sombrio do Juiz (Jason Isaacs) ou o ar galante e misterioso de Saint Germain (Bill Nighy), sem dúvida um dos melhores personagens da série inteira.

Os irmãos Taka e Sumi, introduzidos na terceira temporada. t

Em geral, a terceira temporada de Castlevania surpreende as expectativas e, não apenas se sustenta muito bem após uma segunda temporada excelente e que poderia ter sido a última, mas abre boas expectativas para a quarta e última temporada. Além disso, conseguiu fechar os conflitos que iniciou e deixar suas tramas em um bom momento para continuarem no futuro. Um raro exemplo de uma série que se sustentou bem após o que o público afirma ser o seu ápice.

QUARTA TEMPORADA: O FINAL ÉPICO

Com toda a sua trama preparada na terceira temporada, chegou a hora de Castlevania ir para a sua última aventura. O que antes eram quatro histórias distintas se unem em duas tramas prioritárias: a luta de Trevor, Sypha e Alucard para impedir o renascimento de Drácula e o conflito entre Carmilla e Isaac. Nesse contexto, existe um foco muito grande na história de Trevor e Sypha, enquanto eles lutam para eliminar os grupos que tentam ressuscitar o rei dos vampiros. Foco esse que acaba tirando tempo das outras histórias, que certamente poderiam ter tido um pouco mais de desenvolvimento. Isso, porém, não as torna ruins.

Após a terceira temporada, certamente não havia muito mais a ser adicionado ao personagem de Isaac. Sua passagem pela quarta temporada é rápida, mas marcante, resultando em um confronto final extremamente excitante contra as forças de Carmilla. Infelizmente, é justamente Carmilla o ponto mais fraco dessa temporada. Com menos presença de na saga, ela e suas irmãs não recebem um trabalho maior e não são aproveitadas o máximo que podiam. Seus desfechos são interessantes, e a reviravolta da personagem certamente é surpreendente, mas ainda assim o público fica com um desejo de mais das personagens.

Isaac com seu exército diante do espelho transportador, pronto para atacar Estrígia.

Quanto à trama do trio de protagonistas, certamente o tempo nela investido é muito bem aproveitado. Narrando os acontecimentos em duas frentes, a história conta tanto a luta de Trevor e Sypha, que os leva de volta à cidade de Targoviste, onde tudo começou, quanto a saga de Alucard, que novamente ganha destaque e brilho após uma terceira temporada meio apagado. Atuando como o defensor de um grupo de refugiados, Alucard recebe um desenvolvimento extremamente humano e profundo, semelhante ao que obteve na segunda temporada, além de protagonizar algumas das melhores cenas de luta da temporada e mostrar todo o seu poder de forma espantosa.

Alucard com sua espada e escudo, prestando ajuda aos refugiados.s

Quanto a Trevor e Sypha, é satisfatório vê-los assumir novamente o papel de protagonistas ativos, guiando a luta por conta própria e exercendo um papel marcando no decorrer dos eventos. Mas para além de seu lado guerreiro, a temporada também explora suas relações com outras pessoas e a forma como ambos tentam ajudar o povo de Targoviste e Wallachia a se reestruturarem.

Trevor e Sypha exploram as ruínas de Targoviste.

Com seus protagonistas no ápice, a série os leva a um reencontro que proporciona um clímax espetacular e de proporções colossais. Tudo na batalha final é bem orquestrado e dirigido para proporcionar uma sensação de êxtase, tensão e fluidez da batalha, ao mesmo tempo em que permite ao espectador não se perder em meio ao show de poderes e duelos de espada por toda a parte. Mais do que isso, os três personagens demonstram uma sincronia imensa que mostra o melhor de cada um ao longo de toda a luta.

Sypha libera seu poder na batalha final.

De fato, o brilho dos personagens originais é tamanho a ponto de ofuscar as novas adições ao elenco. Esses novos integrantes, no entanto, possuem seus momentos de brilho. Malcolm McDowell e Titus Welliver demoram um pouco para realmente mostrarem seu potencial como os vampiros Varney e Ratko, que lutam para trazer Drácula de volta. Sua presença na batalha final, no entanto, é espetacular e guarda uma reviravolta extremamente poderosa para o confronto final. Já Marsha Thomason dá sagacidade e inteligência a Greta, a líder dos refugiados que busca o auxílio de Alucard, e complementa a atuação de James Callis, permitindo a ele se soltar um pouco mais e mostrar um lado mais humano de seu personagem. Já Toks Olagundoye não tem a mesma sorte com sua personagem Tamriq, a líder de uma resistência subterrânea em Targoviste, mas mesmo ela é interessante por conta de sua devoção alucinada e insana a uma corte real que não mais existe.

No geral, a quarta temporada comete alguns deslizes, tanto no não aprofundamento de algumas partes de sua trama quanto no uso de algumas saídas que poderiam ser qualificadas como "ex-machinas". No contexto geral, porém, esses problemas são pequenos demais para destruírem a narrativa construída e as proporções realmente épicas de seu final, cheio de surpresas e revelações e que certamente dão ao público a satisfação de uma história bem contada.

CONCLUSÃO: O GRANDE LEGADO DE BELMONT, BELNADES E TEPES

Castlevania conseguiu um feito impressionante para uma produção seriada: sendo uma produção baseada em jogos, algo que dificilmente tem grande sucesso, e tendo duas temporadas a mais depois que sua primeira trama principal foi finalizada, ainda assim conquistou sucesso estrondoso e uma produção excelente do começo ao fim. Tanto no desenvolvimento de personagens quando de seus caminhos, a série se manteve fiel ao que primeiro estabeleceu e, apesar de alguns tropeços, chegou a um final orgânico, estruturado e que faz sentido.

Seria a quarta temporada a melhor da série? Não, mas não precisava ser. Ela é extremamente bem produzida e bem pensada, e conta uma história interessante que se conecta com as tramas anteriores e não faz uso de atalhos ou soluções apressadas para chegar à sua conclusão. Seu propósito foi atingido com maestria, e a série termina de forma mais que satisfatória. Por todo o seu desenvolvimento, carisma e por seus arcos narrativos impressionantes e envolventes, Trevor, Sypha, Alucard e Drácula merecem entrar no hall dos grandes personagens da cultura pop e serem lembrados como grandes exemplos de construção de narrativas.

Castlevania certamente prova que é possível vencer a maldição das adaptações de games e certamente figura entre as melhores produções seriadas da Netflix.

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