Crítica

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Lightyear: a Pixar não quer mais chegar ao infinito e além

17/6/2022

Valendo-se da nostalgia, Lightyear consegue se safar com a repetição de uma fórmula e uma história pouco inspirada, e oferece diversão que, se não revoluciona, ao menos entretém.

escrito por
Luis Henrique Franco

Valendo-se da nostalgia, Lightyear consegue se safar com a repetição de uma fórmula e uma história pouco inspirada, e oferece diversão que, se não revoluciona, ao menos entretém.

escrito por
Luis Henrique Franco
17/6/2022

A ideia de um filme solo para o personagem Buzz Lightyear, que não se passa dentro do universo de Toy Story e que busca contar a origem do patrulheiro espacial que teria inspirado o brinquedo já soa como uma tentativa barata de obter lucro a partir do sentimento nostálgico por uma das franquias mais amadas na Pixar. Bom, pelo menos podemos falar uma coisa de positiva sobre Lightyear: trata-se de um filme que não tenta fingir que não é isso.

O pretexto para a história é que esse seria o filme que Andy, de Toy Story, teria assistido antes de ganhar o boneco do patrulheiro, e que teria se tornado seu filme favorito. Nesse cenário, somos introduzidos a uma produção de ficção científica que acompanha o patrulheiro Buzz (Chris Evans) que guiava uma enorme nave de pesquisa e colonização pelo espaço quando esta cai e acaba ficando presa em um planeta hostil. Sentindo-se culpado, ele se esforça, ao lado de sua amiga, comandante Hawthorne (Uzo Aduba), para encontrar uma maneira de recuperar o sistema de hiperespaço da nave e levar os colonos novamente para seu verdadeiro destino.

Buzz Lightyear observa o cristal que deve possibilitá-lo atingir a velocidade da luz.

A primeira coisa que notamos na história de Lightyear é a falta da enorme criatividade que marcou tantas produções anteriores da Pixar. Sua trama é básica e sólida, mas não inovadora, e segue diversos elementos já conhecidos e trazidos de produções anteriores do estúdio. Mesmo seus elementos de reflexão, que em várias produções era um dos aspectos mais fortes do filme, aqui é bastante óbvio e pouco aprofundado. O resultado é um filme seguro, que não se compromete ou se destrói, mas que também não se arrisca e não surpreende.

Isso não tira todo o proveito do filme. Existem vários momentos divertidos e algumas questões apresentadas fornecem bons pontos de tensão, como é o caso do fato de que, a cada vez que Buzz tenta atingir o hiperespaço em seus voos testes, ele some da colônia por cerca de quatro anos, o que significa que a cada retorno seus amigos se tornam mais e mais velhos, enquanto ele continua o mesmo. É um bom ponto sentimental, que mostra que, mesmo quando preso à fórmula, o estúdio ainda sabe como explorar seus temas com precisão. Os momentos de ação também são entusiasmantes e estabelecem riscos reais para os personagens e momentos claros de conflito e crescimento que são válidos e merecidos.

Buzz enfrenta seu arquiinimigo, o gigantesco robô Zurg

O roteiro e a história também são bastante completos e não deixam pontas soltas, levando seus personagens aonde eles precisam ir de maneira fluída e perceptivo, mesmo que por vezes se valham de alguns atalhos convenientes. Ainda assim, no sentido de criar e resolver seus conflitos, o filme não peca em sua constituição e estabelece começo, meio, fim e conflitos ao longo de todos os seus arcos, promovendo uma evolução satisfatória de seus personagens. Outro ponto extremamente positivo é a animação, extremamente fluida e criativa, portanto ao mesmo tempo traços de tamanho detalhe que tornam até mesmo os designs menos realistas dos personagens em algo completamente verossímil e cativante.

Ainda assim, é um filme do qual pouco se tira além de um momento de diversão que não fica na memória após os créditos começarem a subir. Os momentos de reflexão e de emoção não possuem o mesmo impacto de outros filmes, especialmente por copiarem muito do que já foi visto nesses outros filmes. E essa repetição tem um motivo claro: o estúdio sabe que eles funcionam e que vão continuar a funcionar, mesmo que não com o mesmo impacto. Então tais cenas provocam alegria, tristeza e melancolia, mas não ficam marcadas em nossa memória. O mesmo pode ser dito das cenas de ação que possuem reviravoltas interessantes, mas que se baseiam em elementos já vistos e cujas soluções já são conhecidas pelo público, de forma que só ficamos esperando pelo momento em que os personagens vão perceber o que devem fazer ou ganhar a coragem para enfrentar seus medos.

Buzz ao lado do grupo de patrulheiros novatos: Izzy, Moe e Steel.

Por causa disso, mesmo que não haja um sentimento de insatisfação ao final, Lightyear deixa seu público com uma clara sensação de frustração, por dar a entender que poderia ir mais além e se arriscar mais, e simplesmente optou por não fazer. Como filme Blockbuster, isso não é de se espantar. Como animação da Pixar, no entanto, é certamente uma decepção que coloca esse novo longa muito abaixo de todas as demais produções do estúdio e, mais do que isso, muito longe dos filmes da franquia Toy Story, de onde ele tira a sua inspiração.

Buzz viaja para o espaço ao lado de Sox, seu robô felino.

Não que houvesse muita expectativa para esse filme, para começo de conversa. Como falei no começo, a própria ideia do filme remete o público a uma sensação de exploração barata do sentimento nostálgico. E, ao menos, Lightyear não pretende ser nada além disso. Todos os elementos de nostalgia do personagem, todos os seus principais elementos, falas e utensílios estão presentes, e sua revelação causa o choque nostálgico que o filme pretende. E, ao final, é isso o que se tira do filme: exatamente o que ele pretendia. É apenas triste ver um estúdio que já encantou tantas pessoas com suas ideias inovadoras e estilo arrojado se reduzir a uma produtora que agora se contenta com o básico e com a exploração pífia de seu passado glorioso.

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Lightyear

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Direção: 
Criação:
Roteirista 1
Roteirista 2
Roteirista 3
Diretor 1
Diretor 2
Diretor 3
Elenco Principal:
Ator 1
Ator 2
Ator 3
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Valendo-se da nostalgia, Lightyear consegue se safar com a repetição de uma fórmula e uma história pouco inspirada, e oferece diversão que, se não revoluciona, ao menos entretém.

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Luis Henrique Franco
17/6/2022

A ideia de um filme solo para o personagem Buzz Lightyear, que não se passa dentro do universo de Toy Story e que busca contar a origem do patrulheiro espacial que teria inspirado o brinquedo já soa como uma tentativa barata de obter lucro a partir do sentimento nostálgico por uma das franquias mais amadas na Pixar. Bom, pelo menos podemos falar uma coisa de positiva sobre Lightyear: trata-se de um filme que não tenta fingir que não é isso.

O pretexto para a história é que esse seria o filme que Andy, de Toy Story, teria assistido antes de ganhar o boneco do patrulheiro, e que teria se tornado seu filme favorito. Nesse cenário, somos introduzidos a uma produção de ficção científica que acompanha o patrulheiro Buzz (Chris Evans) que guiava uma enorme nave de pesquisa e colonização pelo espaço quando esta cai e acaba ficando presa em um planeta hostil. Sentindo-se culpado, ele se esforça, ao lado de sua amiga, comandante Hawthorne (Uzo Aduba), para encontrar uma maneira de recuperar o sistema de hiperespaço da nave e levar os colonos novamente para seu verdadeiro destino.

Buzz Lightyear observa o cristal que deve possibilitá-lo atingir a velocidade da luz.

A primeira coisa que notamos na história de Lightyear é a falta da enorme criatividade que marcou tantas produções anteriores da Pixar. Sua trama é básica e sólida, mas não inovadora, e segue diversos elementos já conhecidos e trazidos de produções anteriores do estúdio. Mesmo seus elementos de reflexão, que em várias produções era um dos aspectos mais fortes do filme, aqui é bastante óbvio e pouco aprofundado. O resultado é um filme seguro, que não se compromete ou se destrói, mas que também não se arrisca e não surpreende.

Isso não tira todo o proveito do filme. Existem vários momentos divertidos e algumas questões apresentadas fornecem bons pontos de tensão, como é o caso do fato de que, a cada vez que Buzz tenta atingir o hiperespaço em seus voos testes, ele some da colônia por cerca de quatro anos, o que significa que a cada retorno seus amigos se tornam mais e mais velhos, enquanto ele continua o mesmo. É um bom ponto sentimental, que mostra que, mesmo quando preso à fórmula, o estúdio ainda sabe como explorar seus temas com precisão. Os momentos de ação também são entusiasmantes e estabelecem riscos reais para os personagens e momentos claros de conflito e crescimento que são válidos e merecidos.

Buzz enfrenta seu arquiinimigo, o gigantesco robô Zurg

O roteiro e a história também são bastante completos e não deixam pontas soltas, levando seus personagens aonde eles precisam ir de maneira fluída e perceptivo, mesmo que por vezes se valham de alguns atalhos convenientes. Ainda assim, no sentido de criar e resolver seus conflitos, o filme não peca em sua constituição e estabelece começo, meio, fim e conflitos ao longo de todos os seus arcos, promovendo uma evolução satisfatória de seus personagens. Outro ponto extremamente positivo é a animação, extremamente fluida e criativa, portanto ao mesmo tempo traços de tamanho detalhe que tornam até mesmo os designs menos realistas dos personagens em algo completamente verossímil e cativante.

Ainda assim, é um filme do qual pouco se tira além de um momento de diversão que não fica na memória após os créditos começarem a subir. Os momentos de reflexão e de emoção não possuem o mesmo impacto de outros filmes, especialmente por copiarem muito do que já foi visto nesses outros filmes. E essa repetição tem um motivo claro: o estúdio sabe que eles funcionam e que vão continuar a funcionar, mesmo que não com o mesmo impacto. Então tais cenas provocam alegria, tristeza e melancolia, mas não ficam marcadas em nossa memória. O mesmo pode ser dito das cenas de ação que possuem reviravoltas interessantes, mas que se baseiam em elementos já vistos e cujas soluções já são conhecidas pelo público, de forma que só ficamos esperando pelo momento em que os personagens vão perceber o que devem fazer ou ganhar a coragem para enfrentar seus medos.

Buzz ao lado do grupo de patrulheiros novatos: Izzy, Moe e Steel.

Por causa disso, mesmo que não haja um sentimento de insatisfação ao final, Lightyear deixa seu público com uma clara sensação de frustração, por dar a entender que poderia ir mais além e se arriscar mais, e simplesmente optou por não fazer. Como filme Blockbuster, isso não é de se espantar. Como animação da Pixar, no entanto, é certamente uma decepção que coloca esse novo longa muito abaixo de todas as demais produções do estúdio e, mais do que isso, muito longe dos filmes da franquia Toy Story, de onde ele tira a sua inspiração.

Buzz viaja para o espaço ao lado de Sox, seu robô felino.

Não que houvesse muita expectativa para esse filme, para começo de conversa. Como falei no começo, a própria ideia do filme remete o público a uma sensação de exploração barata do sentimento nostálgico. E, ao menos, Lightyear não pretende ser nada além disso. Todos os elementos de nostalgia do personagem, todos os seus principais elementos, falas e utensílios estão presentes, e sua revelação causa o choque nostálgico que o filme pretende. E, ao final, é isso o que se tira do filme: exatamente o que ele pretendia. É apenas triste ver um estúdio que já encantou tantas pessoas com suas ideias inovadoras e estilo arrojado se reduzir a uma produtora que agora se contenta com o básico e com a exploração pífia de seu passado glorioso.

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Valendo-se da nostalgia, Lightyear consegue se safar com a repetição de uma fórmula e uma história pouco inspirada, e oferece diversão que, se não revoluciona, ao menos entretém.

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Luis Henrique Franco
17/6/2022
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Valendo-se da nostalgia, Lightyear consegue se safar com a repetição de uma fórmula e uma história pouco inspirada, e oferece diversão que, se não revoluciona, ao menos entretém.

escrito por
Luis Henrique Franco
17/6/2022

A ideia de um filme solo para o personagem Buzz Lightyear, que não se passa dentro do universo de Toy Story e que busca contar a origem do patrulheiro espacial que teria inspirado o brinquedo já soa como uma tentativa barata de obter lucro a partir do sentimento nostálgico por uma das franquias mais amadas na Pixar. Bom, pelo menos podemos falar uma coisa de positiva sobre Lightyear: trata-se de um filme que não tenta fingir que não é isso.

O pretexto para a história é que esse seria o filme que Andy, de Toy Story, teria assistido antes de ganhar o boneco do patrulheiro, e que teria se tornado seu filme favorito. Nesse cenário, somos introduzidos a uma produção de ficção científica que acompanha o patrulheiro Buzz (Chris Evans) que guiava uma enorme nave de pesquisa e colonização pelo espaço quando esta cai e acaba ficando presa em um planeta hostil. Sentindo-se culpado, ele se esforça, ao lado de sua amiga, comandante Hawthorne (Uzo Aduba), para encontrar uma maneira de recuperar o sistema de hiperespaço da nave e levar os colonos novamente para seu verdadeiro destino.

Buzz Lightyear observa o cristal que deve possibilitá-lo atingir a velocidade da luz.

A primeira coisa que notamos na história de Lightyear é a falta da enorme criatividade que marcou tantas produções anteriores da Pixar. Sua trama é básica e sólida, mas não inovadora, e segue diversos elementos já conhecidos e trazidos de produções anteriores do estúdio. Mesmo seus elementos de reflexão, que em várias produções era um dos aspectos mais fortes do filme, aqui é bastante óbvio e pouco aprofundado. O resultado é um filme seguro, que não se compromete ou se destrói, mas que também não se arrisca e não surpreende.

Isso não tira todo o proveito do filme. Existem vários momentos divertidos e algumas questões apresentadas fornecem bons pontos de tensão, como é o caso do fato de que, a cada vez que Buzz tenta atingir o hiperespaço em seus voos testes, ele some da colônia por cerca de quatro anos, o que significa que a cada retorno seus amigos se tornam mais e mais velhos, enquanto ele continua o mesmo. É um bom ponto sentimental, que mostra que, mesmo quando preso à fórmula, o estúdio ainda sabe como explorar seus temas com precisão. Os momentos de ação também são entusiasmantes e estabelecem riscos reais para os personagens e momentos claros de conflito e crescimento que são válidos e merecidos.

Buzz enfrenta seu arquiinimigo, o gigantesco robô Zurg

O roteiro e a história também são bastante completos e não deixam pontas soltas, levando seus personagens aonde eles precisam ir de maneira fluída e perceptivo, mesmo que por vezes se valham de alguns atalhos convenientes. Ainda assim, no sentido de criar e resolver seus conflitos, o filme não peca em sua constituição e estabelece começo, meio, fim e conflitos ao longo de todos os seus arcos, promovendo uma evolução satisfatória de seus personagens. Outro ponto extremamente positivo é a animação, extremamente fluida e criativa, portanto ao mesmo tempo traços de tamanho detalhe que tornam até mesmo os designs menos realistas dos personagens em algo completamente verossímil e cativante.

Ainda assim, é um filme do qual pouco se tira além de um momento de diversão que não fica na memória após os créditos começarem a subir. Os momentos de reflexão e de emoção não possuem o mesmo impacto de outros filmes, especialmente por copiarem muito do que já foi visto nesses outros filmes. E essa repetição tem um motivo claro: o estúdio sabe que eles funcionam e que vão continuar a funcionar, mesmo que não com o mesmo impacto. Então tais cenas provocam alegria, tristeza e melancolia, mas não ficam marcadas em nossa memória. O mesmo pode ser dito das cenas de ação que possuem reviravoltas interessantes, mas que se baseiam em elementos já vistos e cujas soluções já são conhecidas pelo público, de forma que só ficamos esperando pelo momento em que os personagens vão perceber o que devem fazer ou ganhar a coragem para enfrentar seus medos.

Buzz ao lado do grupo de patrulheiros novatos: Izzy, Moe e Steel.

Por causa disso, mesmo que não haja um sentimento de insatisfação ao final, Lightyear deixa seu público com uma clara sensação de frustração, por dar a entender que poderia ir mais além e se arriscar mais, e simplesmente optou por não fazer. Como filme Blockbuster, isso não é de se espantar. Como animação da Pixar, no entanto, é certamente uma decepção que coloca esse novo longa muito abaixo de todas as demais produções do estúdio e, mais do que isso, muito longe dos filmes da franquia Toy Story, de onde ele tira a sua inspiração.

Buzz viaja para o espaço ao lado de Sox, seu robô felino.

Não que houvesse muita expectativa para esse filme, para começo de conversa. Como falei no começo, a própria ideia do filme remete o público a uma sensação de exploração barata do sentimento nostálgico. E, ao menos, Lightyear não pretende ser nada além disso. Todos os elementos de nostalgia do personagem, todos os seus principais elementos, falas e utensílios estão presentes, e sua revelação causa o choque nostálgico que o filme pretende. E, ao final, é isso o que se tira do filme: exatamente o que ele pretendia. É apenas triste ver um estúdio que já encantou tantas pessoas com suas ideias inovadoras e estilo arrojado se reduzir a uma produtora que agora se contenta com o básico e com a exploração pífia de seu passado glorioso.

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