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Análise & Opinião

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Robin Hood: A Lenda em Todas as Suas Formas

20/11/2018

“Tira dos ricos e dá para os pobres”. Essa é a ideia resumida da lenda de Robin Hood. Conheça um pouco mais sobre esse personagem tão famoso.

escrito por
Luis Henrique Franco

“Tira dos ricos e dá para os pobres”. Essa é a ideia resumida da lenda de Robin Hood. Conheça um pouco mais sobre esse personagem tão famoso.

escrito por
Luis Henrique Franco
20/11/2018

“Tira dos ricos e dá para os pobres”. Essa é a ideia resumida da lenda de Robin Hood, um arqueiro que retorna para a Inglaterra e, ao invés de assumir seu papel como nobre de um castelo, passa a ganhar a vida redistribuindo riquezas entre os pobres camponeses.

Nas principais versões dessa lenda, Robin fazia parte do exército das Cruzadas, era extremamente habilidoso com o arco e flecha e vivia na Floresta de Sherwood junto com um grande bando de foras-da-lei (entre os quais estavam João Pequeno, Will Scarlet, Alan Dale e Frei Tuck) que saqueavam cofres e roubavam caravanas para distribuir riquezas entre si e entre os mais necessitados. Conhecido como “O Príncipe dos Ladrões”, é até hoje um dos maiores heróis da mitologia inglesa, tendo ele existido ou não.

ORIGEM

Uma das primeiras histórias a fazer referência a tal personagem seria o poema épico Piers Plowman, de William Langand, de 1377. Contudo, as histórias que compõem a lenda do arqueiro parecem datar de muito antes, em 1310. Embora não se possa determinar de maneira certa sua origem, todas as histórias o colocam atuando durante o século XIII, provavelmente entre 1250 e 1300.

Suas origens variam conforme a lenda. Em algumas, ele é Robin de Loxley, o filho de um nobre que vai para as Cruzadas e que, ao retornar, encontra sua terra devastada pela tirania e por leis abusivas, como a proibição da caça para os camponeses. Ele logo se volta contra essas práticas, sendo por isso considerado como um fora-da-lei. Robin então se une com um bando para combater essas práticas cruéis, principalmente as praticadas pelo cruel Xerife de Nottingham. Na versão de Howard Pyle, porém, o garoto Robin passa a ser considerado um fora-da-lei após se envolver em uma confusão com guardas na região de Nottingham e acabar matando um deles. Assim sendo, ele reúne um grupo de “homens alegres”, festeiros que viviam de roubar de nobres arrogantes e clérigos abastados.

Em todos os casos, vários fatores se mantêm em comum: sua descendência nobre, seu desafio à autoridade, seu bando, além de outras características marcantes, como sua rivalidade com o Xerife de Nottingham e seu amor por Maid Marian. Com baladas de sucesso e livros sobre suas aventuras, Robin Hood é uma das histórias medievais mais recontadas, inclusive na atualidade, onde ganhou imenso espaço no cinema americano.

A LENDA EM SEU TEMPO

É natural que um personagem como Robin Hood tenha surgido entre as baladas da Inglaterra feudal. As leis que privilegiavam os nobres na época eram absurdas. Desde a divisão de terras, que sempre garantiam aos nobres os melhores locais para o plantio e jogavam os camponeses para os terrenos mais pobres, até a restrição da caça apenas à nobreza, privando a população de uma fonte importante de seu sustento, todas reforçavam um sistema de divisão de classes severo e praticamente inquebrável. A entrada da Europa no era das Cruzadas agravou essa desigualdade social, uma vez que boa parte dos recursos e soldados usados pela Igreja e pelos nobres nas suas tentativas de reconquistar a Terra Santa provinham principalmente dos mais pobres, o que significava impostos mais pesados, tomada de alimentos produzidos e convocação dos filhos para a guerra.

Em um cenário como esse, não seria incomum que, entre as diversas lendas e canções de cavalaria, surgisse a ideia de um herói voltado para o povo, que roubasse de volta o que foi “roubado” do povo pelos decretos de reis e bispos. Muito do material usado para criar Robin Hood surge, inclusive, de casos reais de crimes cometidos contra as classes mais altas. A ideia de alguém que desafiava a autoridade vigente e, inclusive, fazia soldados e padres de ridículos, era usada por bardos e cantores para atrair audiências e inspirar o povo a ver esse novo herói, um anti-herói para a os padrões estabelecidos e um vilão criminoso para a ordem vigente, como uma possível esperança.

De fato, embora alguns crimes cometidos na época tenham sido atribuídos a diferentes homens usando a identidade do personagem, não há relatos de que uma única figura original tenha existido fora das lendas. Ainda assim, a figura sempre presente de Robin Hood é uma grande inspiração, inclusive para a criação de outros heróis fora-da-lei que viriam com o passar dos anos.

TIRO CERTEIRO NAS TELONAS

Robin Hood apareceu pela primeira vez no cinema em 1922, interpretado por Douglas Fairbanks. Sua versão mais marcante no cinema, entretanto, aconteceria em 1938, com As Aventuras de Robin Hood, que contava com Erron Flynn no papel principal e Olivia de Havilland como Lady Marian. O filme, que conta como um lorde inglês se opôs à tirania e opressão do Rei João e seus Lordes Normandos durante a ausência do Rei Ricardo, recebeu três estatuetas do Oscar: Melhor Edição, Direção de Arte e Música Original.

Nos anos 50, Robin ainda aparecia como um personagem secundário no filme Ivanhoé, onde foi interpretado por Harold Warrender e recebeu apenas o nome de Locksley, que nas lendas é o sobrenome de nobre do fora-da-lei.

Em 1973, os Estúdios Disney lançaram sua própria versão da lenda de Robin Hood. No formato de desenho animado, todos os personagens foram substituídos por animais. Essa escolha se deu também pelo desejo do estúdio de fazer referência também ao conto folclórico Reynard, a Raposa. Assim, Robin e Marian viraram raposas, os reis João e Ricardo se tornaram leões, João Pequeno é um urso, Alan Dale é um galo e Frei Tuck é um texugo.

Existe também uma versão brasileira do príncipe dos ladrões, criada para uma sátira de comédia do grupo Os Trapalhões. Robin Hood, o Trapalhão da Floresta foi lançado em 1973, com atuações de Renato Aração, Dedé Santanna e Mário Cardoso como Robin Hood.

Em 1976, uma nova versão do conto apresenta Robin como um personagem mais velho ao regressar das Cruzadas. EM Robin e Marian, vinte anos se passaram desde os feitos do fora-da-lei contra o Xerife de Nottingham e o Príncipe João, e o herói (interpretado por Sean Connery), não envelheceu bem nos últimos tempos. Exausto e tendo perdido todas as suas conexões na Floresta de Sherwood com exceção de João Pequeno, ele retorna para casa com o intuito de conquistar novamente o coração de Marian (Audrey Hepburn). Obviamente, a vida calma que ele desejava para si não pode acontecer, visto que mais uma vez o Xerife (Robert Shaw) e o recém coroado Rei João (Ian Holm) planejam contra ele. Sean Connery ainda viveria outro papel em uma adaptação de Robin Hood ao interpretar Ricardo Coração de Leão em Robin Hood: Príncipe dos Ladrões, de 1991, que contou com Kevin Costner, Morgan Freeman e Alan Rickman no elenco, mas que não foi bem-sucedido nas críticas.

O personagem também teve participações especiais na série Once Upon A Time e na animação da Dreamworks Shrek, onde lhe é conferida uma personalidade mais cafajeste de um aproveitador que tenta “salvar” a princesa Fiona do ogro, mas acaba se dando muito mal em sua tentativa.

Em 2010, Ridley Scott dirigiu uma nova adaptação da história, mas dessa vez focada nas origens do herói e no seu caminho para se tornar um fora-da-lei. Com Russel Crowe, Cate Blanchett, Mark Strong, Oscar Isaac, Kevin Durand, William Hurt e Max von Sydow, o filme traça todo o caminho de um arqueiro das Cruzadas que se passa pelo filho morto de Lorde Locksley e que retorna à Inglaterra para ver o início da tirania do reinado de João. Por se opor a esse regime, o arqueiro transformado em lorde seria taxado como um bandido a ser caçado.


Em 2018, uma nova versão da história está prestes a ser lançada, com Taron Egerton no papel principal de um jovem nobre que se revolta contra a tirania e a corrupção do Xerife de Nottingham (Ben Mendelsohn) e tenta lhe prejudicar, roubando de seus cofres como forma de tirar o seu poder sobre o dinheiro. Mas para isso, ele precisará ser treinado por João Pequeno (Jamie Foxx), um comandante mouro que retorna com ele das Cruzadas.

A lenda de Robin Hood ganhou fama e notoriedade por ser o principal exemplo de um herói que se rebela diante da injustiça. Ainda que a sua condição de nobre o impeça de ser, por completo, um herói do povo, suas ações se aproximam bastante disso. Nesse ponto, não se trata de fornecer mais oportunidades iguais, tirar os camponeses de sua situação de camponeses, mas sim de garantir que estes tenham acesso às riquezas que os nobres tiram deles.

E aí, qual a sua versão favorita do Robin Hood? Deixe nos comentários!

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Direção: 
Criação:
Roteirista 1
Roteirista 2
Roteirista 3
Diretor 1
Diretor 2
Diretor 3
Elenco Principal:
Ator 1
Ator 2
Ator 3
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“Tira dos ricos e dá para os pobres”. Essa é a ideia resumida da lenda de Robin Hood. Conheça um pouco mais sobre esse personagem tão famoso.

crítica por
Luis Henrique Franco
20/11/2018

“Tira dos ricos e dá para os pobres”. Essa é a ideia resumida da lenda de Robin Hood, um arqueiro que retorna para a Inglaterra e, ao invés de assumir seu papel como nobre de um castelo, passa a ganhar a vida redistribuindo riquezas entre os pobres camponeses.

Nas principais versões dessa lenda, Robin fazia parte do exército das Cruzadas, era extremamente habilidoso com o arco e flecha e vivia na Floresta de Sherwood junto com um grande bando de foras-da-lei (entre os quais estavam João Pequeno, Will Scarlet, Alan Dale e Frei Tuck) que saqueavam cofres e roubavam caravanas para distribuir riquezas entre si e entre os mais necessitados. Conhecido como “O Príncipe dos Ladrões”, é até hoje um dos maiores heróis da mitologia inglesa, tendo ele existido ou não.

ORIGEM

Uma das primeiras histórias a fazer referência a tal personagem seria o poema épico Piers Plowman, de William Langand, de 1377. Contudo, as histórias que compõem a lenda do arqueiro parecem datar de muito antes, em 1310. Embora não se possa determinar de maneira certa sua origem, todas as histórias o colocam atuando durante o século XIII, provavelmente entre 1250 e 1300.

Suas origens variam conforme a lenda. Em algumas, ele é Robin de Loxley, o filho de um nobre que vai para as Cruzadas e que, ao retornar, encontra sua terra devastada pela tirania e por leis abusivas, como a proibição da caça para os camponeses. Ele logo se volta contra essas práticas, sendo por isso considerado como um fora-da-lei. Robin então se une com um bando para combater essas práticas cruéis, principalmente as praticadas pelo cruel Xerife de Nottingham. Na versão de Howard Pyle, porém, o garoto Robin passa a ser considerado um fora-da-lei após se envolver em uma confusão com guardas na região de Nottingham e acabar matando um deles. Assim sendo, ele reúne um grupo de “homens alegres”, festeiros que viviam de roubar de nobres arrogantes e clérigos abastados.

Em todos os casos, vários fatores se mantêm em comum: sua descendência nobre, seu desafio à autoridade, seu bando, além de outras características marcantes, como sua rivalidade com o Xerife de Nottingham e seu amor por Maid Marian. Com baladas de sucesso e livros sobre suas aventuras, Robin Hood é uma das histórias medievais mais recontadas, inclusive na atualidade, onde ganhou imenso espaço no cinema americano.

A LENDA EM SEU TEMPO

É natural que um personagem como Robin Hood tenha surgido entre as baladas da Inglaterra feudal. As leis que privilegiavam os nobres na época eram absurdas. Desde a divisão de terras, que sempre garantiam aos nobres os melhores locais para o plantio e jogavam os camponeses para os terrenos mais pobres, até a restrição da caça apenas à nobreza, privando a população de uma fonte importante de seu sustento, todas reforçavam um sistema de divisão de classes severo e praticamente inquebrável. A entrada da Europa no era das Cruzadas agravou essa desigualdade social, uma vez que boa parte dos recursos e soldados usados pela Igreja e pelos nobres nas suas tentativas de reconquistar a Terra Santa provinham principalmente dos mais pobres, o que significava impostos mais pesados, tomada de alimentos produzidos e convocação dos filhos para a guerra.

Em um cenário como esse, não seria incomum que, entre as diversas lendas e canções de cavalaria, surgisse a ideia de um herói voltado para o povo, que roubasse de volta o que foi “roubado” do povo pelos decretos de reis e bispos. Muito do material usado para criar Robin Hood surge, inclusive, de casos reais de crimes cometidos contra as classes mais altas. A ideia de alguém que desafiava a autoridade vigente e, inclusive, fazia soldados e padres de ridículos, era usada por bardos e cantores para atrair audiências e inspirar o povo a ver esse novo herói, um anti-herói para a os padrões estabelecidos e um vilão criminoso para a ordem vigente, como uma possível esperança.

De fato, embora alguns crimes cometidos na época tenham sido atribuídos a diferentes homens usando a identidade do personagem, não há relatos de que uma única figura original tenha existido fora das lendas. Ainda assim, a figura sempre presente de Robin Hood é uma grande inspiração, inclusive para a criação de outros heróis fora-da-lei que viriam com o passar dos anos.

TIRO CERTEIRO NAS TELONAS

Robin Hood apareceu pela primeira vez no cinema em 1922, interpretado por Douglas Fairbanks. Sua versão mais marcante no cinema, entretanto, aconteceria em 1938, com As Aventuras de Robin Hood, que contava com Erron Flynn no papel principal e Olivia de Havilland como Lady Marian. O filme, que conta como um lorde inglês se opôs à tirania e opressão do Rei João e seus Lordes Normandos durante a ausência do Rei Ricardo, recebeu três estatuetas do Oscar: Melhor Edição, Direção de Arte e Música Original.

Nos anos 50, Robin ainda aparecia como um personagem secundário no filme Ivanhoé, onde foi interpretado por Harold Warrender e recebeu apenas o nome de Locksley, que nas lendas é o sobrenome de nobre do fora-da-lei.

Em 1973, os Estúdios Disney lançaram sua própria versão da lenda de Robin Hood. No formato de desenho animado, todos os personagens foram substituídos por animais. Essa escolha se deu também pelo desejo do estúdio de fazer referência também ao conto folclórico Reynard, a Raposa. Assim, Robin e Marian viraram raposas, os reis João e Ricardo se tornaram leões, João Pequeno é um urso, Alan Dale é um galo e Frei Tuck é um texugo.

Existe também uma versão brasileira do príncipe dos ladrões, criada para uma sátira de comédia do grupo Os Trapalhões. Robin Hood, o Trapalhão da Floresta foi lançado em 1973, com atuações de Renato Aração, Dedé Santanna e Mário Cardoso como Robin Hood.

Em 1976, uma nova versão do conto apresenta Robin como um personagem mais velho ao regressar das Cruzadas. EM Robin e Marian, vinte anos se passaram desde os feitos do fora-da-lei contra o Xerife de Nottingham e o Príncipe João, e o herói (interpretado por Sean Connery), não envelheceu bem nos últimos tempos. Exausto e tendo perdido todas as suas conexões na Floresta de Sherwood com exceção de João Pequeno, ele retorna para casa com o intuito de conquistar novamente o coração de Marian (Audrey Hepburn). Obviamente, a vida calma que ele desejava para si não pode acontecer, visto que mais uma vez o Xerife (Robert Shaw) e o recém coroado Rei João (Ian Holm) planejam contra ele. Sean Connery ainda viveria outro papel em uma adaptação de Robin Hood ao interpretar Ricardo Coração de Leão em Robin Hood: Príncipe dos Ladrões, de 1991, que contou com Kevin Costner, Morgan Freeman e Alan Rickman no elenco, mas que não foi bem-sucedido nas críticas.

O personagem também teve participações especiais na série Once Upon A Time e na animação da Dreamworks Shrek, onde lhe é conferida uma personalidade mais cafajeste de um aproveitador que tenta “salvar” a princesa Fiona do ogro, mas acaba se dando muito mal em sua tentativa.

Em 2010, Ridley Scott dirigiu uma nova adaptação da história, mas dessa vez focada nas origens do herói e no seu caminho para se tornar um fora-da-lei. Com Russel Crowe, Cate Blanchett, Mark Strong, Oscar Isaac, Kevin Durand, William Hurt e Max von Sydow, o filme traça todo o caminho de um arqueiro das Cruzadas que se passa pelo filho morto de Lorde Locksley e que retorna à Inglaterra para ver o início da tirania do reinado de João. Por se opor a esse regime, o arqueiro transformado em lorde seria taxado como um bandido a ser caçado.


Em 2018, uma nova versão da história está prestes a ser lançada, com Taron Egerton no papel principal de um jovem nobre que se revolta contra a tirania e a corrupção do Xerife de Nottingham (Ben Mendelsohn) e tenta lhe prejudicar, roubando de seus cofres como forma de tirar o seu poder sobre o dinheiro. Mas para isso, ele precisará ser treinado por João Pequeno (Jamie Foxx), um comandante mouro que retorna com ele das Cruzadas.

A lenda de Robin Hood ganhou fama e notoriedade por ser o principal exemplo de um herói que se rebela diante da injustiça. Ainda que a sua condição de nobre o impeça de ser, por completo, um herói do povo, suas ações se aproximam bastante disso. Nesse ponto, não se trata de fornecer mais oportunidades iguais, tirar os camponeses de sua situação de camponeses, mas sim de garantir que estes tenham acesso às riquezas que os nobres tiram deles.

E aí, qual a sua versão favorita do Robin Hood? Deixe nos comentários!

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“Tira dos ricos e dá para os pobres”. Essa é a ideia resumida da lenda de Robin Hood. Conheça um pouco mais sobre esse personagem tão famoso.

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Luis Henrique Franco
20/11/2018
nascimento

“Tira dos ricos e dá para os pobres”. Essa é a ideia resumida da lenda de Robin Hood. Conheça um pouco mais sobre esse personagem tão famoso.

escrito por
Luis Henrique Franco
20/11/2018

“Tira dos ricos e dá para os pobres”. Essa é a ideia resumida da lenda de Robin Hood, um arqueiro que retorna para a Inglaterra e, ao invés de assumir seu papel como nobre de um castelo, passa a ganhar a vida redistribuindo riquezas entre os pobres camponeses.

Nas principais versões dessa lenda, Robin fazia parte do exército das Cruzadas, era extremamente habilidoso com o arco e flecha e vivia na Floresta de Sherwood junto com um grande bando de foras-da-lei (entre os quais estavam João Pequeno, Will Scarlet, Alan Dale e Frei Tuck) que saqueavam cofres e roubavam caravanas para distribuir riquezas entre si e entre os mais necessitados. Conhecido como “O Príncipe dos Ladrões”, é até hoje um dos maiores heróis da mitologia inglesa, tendo ele existido ou não.

ORIGEM

Uma das primeiras histórias a fazer referência a tal personagem seria o poema épico Piers Plowman, de William Langand, de 1377. Contudo, as histórias que compõem a lenda do arqueiro parecem datar de muito antes, em 1310. Embora não se possa determinar de maneira certa sua origem, todas as histórias o colocam atuando durante o século XIII, provavelmente entre 1250 e 1300.

Suas origens variam conforme a lenda. Em algumas, ele é Robin de Loxley, o filho de um nobre que vai para as Cruzadas e que, ao retornar, encontra sua terra devastada pela tirania e por leis abusivas, como a proibição da caça para os camponeses. Ele logo se volta contra essas práticas, sendo por isso considerado como um fora-da-lei. Robin então se une com um bando para combater essas práticas cruéis, principalmente as praticadas pelo cruel Xerife de Nottingham. Na versão de Howard Pyle, porém, o garoto Robin passa a ser considerado um fora-da-lei após se envolver em uma confusão com guardas na região de Nottingham e acabar matando um deles. Assim sendo, ele reúne um grupo de “homens alegres”, festeiros que viviam de roubar de nobres arrogantes e clérigos abastados.

Em todos os casos, vários fatores se mantêm em comum: sua descendência nobre, seu desafio à autoridade, seu bando, além de outras características marcantes, como sua rivalidade com o Xerife de Nottingham e seu amor por Maid Marian. Com baladas de sucesso e livros sobre suas aventuras, Robin Hood é uma das histórias medievais mais recontadas, inclusive na atualidade, onde ganhou imenso espaço no cinema americano.

A LENDA EM SEU TEMPO

É natural que um personagem como Robin Hood tenha surgido entre as baladas da Inglaterra feudal. As leis que privilegiavam os nobres na época eram absurdas. Desde a divisão de terras, que sempre garantiam aos nobres os melhores locais para o plantio e jogavam os camponeses para os terrenos mais pobres, até a restrição da caça apenas à nobreza, privando a população de uma fonte importante de seu sustento, todas reforçavam um sistema de divisão de classes severo e praticamente inquebrável. A entrada da Europa no era das Cruzadas agravou essa desigualdade social, uma vez que boa parte dos recursos e soldados usados pela Igreja e pelos nobres nas suas tentativas de reconquistar a Terra Santa provinham principalmente dos mais pobres, o que significava impostos mais pesados, tomada de alimentos produzidos e convocação dos filhos para a guerra.

Em um cenário como esse, não seria incomum que, entre as diversas lendas e canções de cavalaria, surgisse a ideia de um herói voltado para o povo, que roubasse de volta o que foi “roubado” do povo pelos decretos de reis e bispos. Muito do material usado para criar Robin Hood surge, inclusive, de casos reais de crimes cometidos contra as classes mais altas. A ideia de alguém que desafiava a autoridade vigente e, inclusive, fazia soldados e padres de ridículos, era usada por bardos e cantores para atrair audiências e inspirar o povo a ver esse novo herói, um anti-herói para a os padrões estabelecidos e um vilão criminoso para a ordem vigente, como uma possível esperança.

De fato, embora alguns crimes cometidos na época tenham sido atribuídos a diferentes homens usando a identidade do personagem, não há relatos de que uma única figura original tenha existido fora das lendas. Ainda assim, a figura sempre presente de Robin Hood é uma grande inspiração, inclusive para a criação de outros heróis fora-da-lei que viriam com o passar dos anos.

TIRO CERTEIRO NAS TELONAS

Robin Hood apareceu pela primeira vez no cinema em 1922, interpretado por Douglas Fairbanks. Sua versão mais marcante no cinema, entretanto, aconteceria em 1938, com As Aventuras de Robin Hood, que contava com Erron Flynn no papel principal e Olivia de Havilland como Lady Marian. O filme, que conta como um lorde inglês se opôs à tirania e opressão do Rei João e seus Lordes Normandos durante a ausência do Rei Ricardo, recebeu três estatuetas do Oscar: Melhor Edição, Direção de Arte e Música Original.

Nos anos 50, Robin ainda aparecia como um personagem secundário no filme Ivanhoé, onde foi interpretado por Harold Warrender e recebeu apenas o nome de Locksley, que nas lendas é o sobrenome de nobre do fora-da-lei.

Em 1973, os Estúdios Disney lançaram sua própria versão da lenda de Robin Hood. No formato de desenho animado, todos os personagens foram substituídos por animais. Essa escolha se deu também pelo desejo do estúdio de fazer referência também ao conto folclórico Reynard, a Raposa. Assim, Robin e Marian viraram raposas, os reis João e Ricardo se tornaram leões, João Pequeno é um urso, Alan Dale é um galo e Frei Tuck é um texugo.

Existe também uma versão brasileira do príncipe dos ladrões, criada para uma sátira de comédia do grupo Os Trapalhões. Robin Hood, o Trapalhão da Floresta foi lançado em 1973, com atuações de Renato Aração, Dedé Santanna e Mário Cardoso como Robin Hood.

Em 1976, uma nova versão do conto apresenta Robin como um personagem mais velho ao regressar das Cruzadas. EM Robin e Marian, vinte anos se passaram desde os feitos do fora-da-lei contra o Xerife de Nottingham e o Príncipe João, e o herói (interpretado por Sean Connery), não envelheceu bem nos últimos tempos. Exausto e tendo perdido todas as suas conexões na Floresta de Sherwood com exceção de João Pequeno, ele retorna para casa com o intuito de conquistar novamente o coração de Marian (Audrey Hepburn). Obviamente, a vida calma que ele desejava para si não pode acontecer, visto que mais uma vez o Xerife (Robert Shaw) e o recém coroado Rei João (Ian Holm) planejam contra ele. Sean Connery ainda viveria outro papel em uma adaptação de Robin Hood ao interpretar Ricardo Coração de Leão em Robin Hood: Príncipe dos Ladrões, de 1991, que contou com Kevin Costner, Morgan Freeman e Alan Rickman no elenco, mas que não foi bem-sucedido nas críticas.

O personagem também teve participações especiais na série Once Upon A Time e na animação da Dreamworks Shrek, onde lhe é conferida uma personalidade mais cafajeste de um aproveitador que tenta “salvar” a princesa Fiona do ogro, mas acaba se dando muito mal em sua tentativa.

Em 2010, Ridley Scott dirigiu uma nova adaptação da história, mas dessa vez focada nas origens do herói e no seu caminho para se tornar um fora-da-lei. Com Russel Crowe, Cate Blanchett, Mark Strong, Oscar Isaac, Kevin Durand, William Hurt e Max von Sydow, o filme traça todo o caminho de um arqueiro das Cruzadas que se passa pelo filho morto de Lorde Locksley e que retorna à Inglaterra para ver o início da tirania do reinado de João. Por se opor a esse regime, o arqueiro transformado em lorde seria taxado como um bandido a ser caçado.


Em 2018, uma nova versão da história está prestes a ser lançada, com Taron Egerton no papel principal de um jovem nobre que se revolta contra a tirania e a corrupção do Xerife de Nottingham (Ben Mendelsohn) e tenta lhe prejudicar, roubando de seus cofres como forma de tirar o seu poder sobre o dinheiro. Mas para isso, ele precisará ser treinado por João Pequeno (Jamie Foxx), um comandante mouro que retorna com ele das Cruzadas.

A lenda de Robin Hood ganhou fama e notoriedade por ser o principal exemplo de um herói que se rebela diante da injustiça. Ainda que a sua condição de nobre o impeça de ser, por completo, um herói do povo, suas ações se aproximam bastante disso. Nesse ponto, não se trata de fornecer mais oportunidades iguais, tirar os camponeses de sua situação de camponeses, mas sim de garantir que estes tenham acesso às riquezas que os nobres tiram deles.

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